Análise da viabilidade técnica da incorporação de cascas de Sururu (Mytella falcata) em uma argamassa de cimento Portland

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Renatta Siqueira Silva
Emilia Rahnemay Rabbani
Ariane Silva Cardoso
Thayse Dayse Delmiro
Alessandra Fernanda Ribas

Resumo

A ilha de Deus, localizada em Pernambuco, produz anualmente cerca de 400 toneladas de resíduos de conchas de sururu (RCS) e mariscos que são depositados de forma incorreta junto aos resíduos urbanos ou retornam aos manguezais de origem, afetando assim o aspecto socioambiental da ilha (RECIFE, 2017). Alguns trabalhos vêm sendo desenvolvidos sobre a incorporação de resíduos da malacocultura em matrizes cimentícias no intuito de dar uma destinação adequada a esses mesmos resíduos. Percebe-se que a metodologia utilizada no preparo das conchas influencia nos resultados, uma vez que a mesma porcentagem de resíduos incorporados apresenta resultados divergentes na literatura. Sendo assim, a pesquisa em questão visa, a partir de estudos e experimentos realizados no Laboratório de Materiais de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco, analisar a resistência mecânica de uma argamassa cimentícia que possui em sua composição a incorporação de 20% (em peso) de RCS em substituição parcial do agregado miúdo convencional. O experimento teve sua eficiência comprovada através da comparação da resistência à compressão conforme as normas brasileiras, da argamassa de traço convencional com a argamassa desenvolvida com a adição dos RCS. Para tal, as conchas foram lavadas, secas em estufa a 100°C por 24h, trituradas e peneiradas. Utilizou-se o material passante na peneira de nº 16 (1,2mm) e retido na peneira de nº 200 (0,075mm). Com a intenção de se obter um agregado bem graduado, substituiu-se 20% da areia desta mesma faixa granulométrica pelo agregado de sururu, garantindo que a mistura mantivesse uma distribuição granulométrica semelhante ao agregado convencional utilizado. Seis corpos de provas de cada traço (1:3) foram moldados com relação a/c 0,5, e permaneceram em cura submersa em água saturada de cal até o momento do ensaio. Foi evidenciada uma resistência média aos 28 dias, de 23,37 MPa, apresentando uma redução de 18,37% da resistência, quando comparado à amostra de referência (sem RCS), podendo assim ser utilizada para diversos fins técnicos. Conclui-se que o uso proposto promove benefícios ambientais e tecnológicos, uma vez que pode proporcionar uma redução nos impactos ambientais, oferecendo uma destinação correta a esses resíduos além de minimizar o consumo dos recursos naturais utilizados na construção civil. No entanto, se faz necessário um maior aprofundamento do estudo para avaliar a influência da incorporação de RCS em outras propriedades, bem como na durabilidade das matrizes cimentícias ao longo do tempo, para que esta prática possa ser executada com responsabilidade, gerando assim benefícios para a sociedade e para a tecnologia sustentável.

Downloads

Não há dados estatísticos.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Seção
Engenharia Civil

Referências

RECIFE. Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente. Relatório Ilha de Deus: 02/2017. Recife, 2017. 12 p.