Fatores organizacionais para controle de riscos Análise de método de capacitação presencial e uso de ambiente virtual para percepção de riscos de trabalhadores da construção de redes elétricas

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Nailson Diniz Dos Santos
Felipe Mendes da Cruz
Eliane Maria Gorga Lago

Resumo

A cada 48 segundos acontece um acidente de trabalho e a cada 3h38min um trabalhador perde a vida pela falta de uma cultura de prevenção à saúde e à segurança do trabalho (MPT, 2020). De acordo com trabalhos identificados na revisão da literatura, estudos apontados pela ACGIH (2020); Aragão, Pereira-guizzo e Figueiredo (2016); Dalmau et al (2004); Tachizawa e Andrade (2003) mostram que os treinamentos são uma importante ferramenta para reduzir o número de desvios e consequentemente de acidente e doenças do trabalho. Segundo Rocha (2020); Santos Junior & Monteiro (2020); Ministério da Educação (2020) o ensino por meio remoto pode ser aplicado na capacitação. O trabalho tem como objetivo demostrar se a transição para o método remoto de treinamentos de segurança mudou ou alterou a forma do trabalhador agir com segurança no processo de construção de redes elétricas.  Para alcançar o objetivo a estratégia de desenvolvimento foi dividida em 4 partes. A pesquisa bibliográfica e documental serviu de base para dar sequência ao estudo, sendo utilizada para definição do método aplicado (tipo de pesquisa, definição de ferramentas e parâmetros para percepção de risco). A revisão da literatura buscou indicativos ligados a “eventos acidentais no setor da construção”, “Percepção de risco” e “Ferramenta de treinamento”, sendo essas buscas realizadas nas bases de dados CAPES, SCOPUS, Web of Science e SAGE. O estudo de campo / coleta de dados foi realizado em uma empresa de engenharia, a qual presta serviços de construção de rede elétrica para construtoras do estado de Pernambuco e distribuidoras de energia no Nordeste e Centro-oeste. Inicialmente foi realizado o estudo de campo e coleta de dados com os trabalhadores que participaram do treinamento presencial, na sequência foi aplicado aos trabalhadores que participaram do treinamento remoto. O estudo foi realizado no período de 14 meses (junho de 2020 a agosto de 2021). Os dados foram organizados em uma planilha eletrônica do software Microsoft Excel ao longo do período da pesquisa e tratados posteriormente. Quanto ao ambiente de trabalho, as atividades são realizadas nos canteiros de obras das construtoras, onde os trabalhadores participantes do estudo se deslocam para realizar a construção da rede elétrica. Analisou-se um grupo de 130 trabalhadores, sendo 96 capacitados por meio do ensino presencial e 34 capacitados pelo ensino a distância (remoto). Foi aplicado o critério de exclusão da amostra de trabalhadores que não realizaram o simulado e/ou análise de desempenho teórico e/ou análise de desempenho presencial. Dessa forma, foi utilizado como amostra 32 trabalhadores que receberam o treinamento teórico e 33 trabalhadores que receberam o treinamento prático. A capacitação do trabalhador consistiu em duas modalidades (remota e presencial) onde foi utilizado o mesmo conteúdo programático, com carga horária de 64h. Após o treinamento, os participantes foram avaliados para validar o conhecimento repassado no treinamento. A avaliação foi dividida em duas partes, inicialmente uma prova para validar o conhecimento teórico foi aplicada. Se aprovados, os mesmos eram considerados aptos para realizarem atividade prática. A avaliação consistiu em uma prova com 40 questões, sendo elas com 4 alternativas, tendo apenas uma correta. A avaliação presencial foi por meio impresso, enquanto a remota utilizou o Google Forms. Foram utilizadas as mesmas questões nos dois métodos aplicados. Para fins de análise, a nota teórica considerada consistiu na média entre a avaliação aplicada pelo instrutor no término do curso e avaliação aplicada por instituição de ensino reconhecida pelo MEC. A nota da avaliação prática foi obtida por meio de avaliação com perdas de pontuação pré-definidas pelo avaliador, onde conforme o colaborador cometia um desvio, era penalizado com a perda de pontos. Ao analisar a avaliação teórica, observa-se que a nota média dos trabalhadores que realizaram o treinamento remoto foi de 8,5 pontos com desvio padrão de 0,8 e intervalo de confiança de 0,7. Os trabalhadores que realizaram o treinamento presencial tiveram uma média de 7,7 pontos com desvio padrão de 1,0, e intervalo de confiança de 0,8. Os trabalhadores treinados presencialmente tiveram média maior de 0,8 pontos. Na avaliação prática os trabalhadores que receberam treinamento remoto tiveram média de 8,9 pontos, sendo 1,0 ponto maior do que os trabalhadores treinados presencialmente, que tiveram média de 7,9 pontos. Dessa forma, conclui-se que o treinamento é um importante método para redução de eventos acidentais, e conforme observado no presente trabalho, esse treinamento pode ser remoto ou presencial, tendo em vista que ambos os métodos de capacitação tiveram pontuações acima da nota mínima para ser considerado apto (6 pontos), sendo eficaz o método remoto, que permite uma capacitação com menor investimento, alcançando pessoas de diversas localidades.  A transição para o método remoto de treinamentos de segurança não mudou ou alterou a forma do trabalhador agir com segurança no processo de construção de redes elétricas. O trabalhador que foi treinado com método remoto obteve maior média de pontos em avaliações teóricas e práticas, ao comprarmos com os trabalhadores treinados presencialmente.

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Seção
Engenharia Civil
Biografia do Autor

Nailson Diniz Dos Santos, Universidade de Pernambuco

Possui graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária e pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho. Atualmente é Engenheiro de Segurança do Trabalho na FK Engenharia, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PEC/UPE) e Pesquisador da Universidade de Pernambuco. Professor da disciplina Proteção ao Meio Ambiente do curso de pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco.

Felipe Mendes da Cruz, Universidade de Pernambuco - Núcleo de Segurança e Higiene do Trabalho (NSHT/POLI)

Atualmente é professor adjunto da UPE ministrando a disciplina de engenharia de segurança do trabalho na graduação. Bem como, professor de vibrações ocupacionais e proteção a meio ambiente no curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e Higiene Ocupacional. É pesquisador do Núcleo de Segurança e Higiene do Trabalho - NSHT e membro do corpo editorial da Revista de Engenharia e Pesquisa Aplicada - REPA. É graduado em Engenharia Agrícola e Ambiental pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), pós graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Escola Politécnica de Pernambuco (POLI - UPE), Mestre em Engenharia Civil na linha de pesquisa de segurança na construção civil pela Escola Politécnica de Pernambuco (POLI-UPE). Doutor em Engenharia Industrial e de Sistemas pela Universidade do Minho (UMINHO - PT).

Eliane Maria Gorga Lago, Universidade de Pernambuco - Núcleo de Segurança e Higiene do Trabalho (NSHT/POLI)

Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Católica de Pernambuco (1982), mestrado em Engenharia Civil pela Universidade Católica de Pernambuco (2006) e doutorado em Programa Doutoral em Engenharia Industrial e de Sistemas pela Universidade do Minho, UMinho, Portugal (2017). Atualmente é pesquisadora da Universidade de Pernambuco e professora adjunto da Universidade de Pernambuco. Tem experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em Segurança e Higiene do Trabalho, atuando principalmente nos seguintes temas: acidentes do trabalho, segurança do trabalho, gestão de segurança e higiene do trabalho, práticas prevencionistas e construção civil.