Avaliação das propriedades físicas e de durabilidade do bloco de piso intertravado com substituição parcial do agregado miúdo por concha de sururu

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João Guilherme de Sá Florentino
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani

Resumo

A pesca do marisco, devido ao seu beneficiamento, que consiste em aquecer o produto em um recipiente e em seguida bater em uma peneira para facilitar o descasque, produz resíduos que causam grandes impactos ambientais, tais como: poluição visual, assoreamento de rios e mangues, odores desagradáveis e problemas de higiene e saúde pela falta de controle sanitário (ELDEIR, 2009). A comunidade pesqueira Ilha Deus localizada em Recife no estado de Pernambuco, cuja principal atividade econômica é a maricultura, vem sofrendo as consequências do acúmulo excessivo de resíduos. Todo o resíduo oriundo da coleta de moluscos, principalmente as conchas de Sururu, são descartados de forma inadequada às margens de áreas de mangue e vias públicas (CARDOSO, 2019). Tendo em vista a necessidade de realizar-se uma destinação apropriada para esses resíduos, objetiva-se avaliar a viabilidade técnica do uso da concha do sururu em substituição parcial ao agregado miúdo em blocos de piso intertravado produzidos com teores de 5%, 10%, e 12% de concha de sururu com a intenção de criar um produto comercial que também sirva como medida de mitigação dos impactos provenientes do acúmulo de conchas na comunidade. A verificação das propriedades físicas e mecânicas do bloco se deu através da realização de ensaios de granulometria, inspeção visual, avaliação dimensional, absorção de água e resistência à compressão. As conchas de sururu foram provenientes da comunidade pesqueira Ilha de Deus, e levadas para o laboratório de materiais de construção da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco, onde foram beneficiadas para atender a uma granulometria equivalente à da areia natural utilizada. O material foi lavado com água corrente com o auxílio de uma peneira com abertura de 4,75mm e posto para secar ao sol, em seguida foi levado para o Laboratório de Materiais de Construção da Escola Politécnica de Pernambuco – LMC, onde foi colocado para secar em estufa a 100°C por 24 horas e peneirado em peneira com abertura de 4,75mm para que as conchas pudessem ficar livres de qualquer resíduo orgânico. As conchas limpas e livres de resíduos foram trituradas em liquidificador doméstico até que atingisse a granulometria necessária para ser classificado como agregado miúdo. Os resultados para o ensaio de absorção se mostraram satisfatórios com os três traços com substituição obtendo resultados abaixo do obtido pelo traço de referência. No ensaio de resistência a compressão obteve-se uma resistência de 13 Mpa para a família com 5% de substituição, 26 Mpa para a com 10% e 22,4 Mpa para a com 12%, dessa forma, nenhuma família atingiu o valor mínimo exigido pela NBR 9781 (35 Mpa). Entretanto, de acordo com Bittencourt (2012), seguindo a experiência e normas internacionais de países como Austrália e África do Sul, que se encontram em regiões de condições climáticas semelhantes ao Brasil se comparado aos países de clima temperado, seria suficiente a exigência de 25 Mpa de resistência a compressão para trafego leve e de 15 Mpa para calçadas, praças e ciclovias. Dessa forma, os resultados mostraram-se promissores indicando a viabilidade do uso de blocos com 12% de substituição para usos em calçadas, praças e ciclovias e de blocos de 10% de substituição para tráfego leve.

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Seção
Engenharia Civil
Biografia do Autor

Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani, Escola Politécnica de Pernambuco/Docente

Possui pós-doutorado em Engenharia Civil pela Universidade do Minho em cooperação com Israel Institute of Technology - TECHNION (2012), doutorado em Engenharia Civil pela University of Pittsburgh, Pittsburgh, PA - USA (2000), mestrado em Engenharia Civil e Ambiental pela University of Pittsburgh - USA (1998), graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Paraíba - UFPB (1996) e graduação em Engenharia Civil e Ambiental pela University of Pittsburgh - USA (1995). Trabalhou como engenheira de tráfego na companhia Midwest Research Institute (MRI) fazendo parte da equipe de pesquisadores da área de segurança de trânsito na cidade de Kansas City nos Estados Unidos (2000-2002). Foi professora do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Sergipe (2003-2005) e ingressou na UPE em 2006 como professora adjunta Nível III, e foi promovida a professora associada em 2011 e livre docente em 2013. Atuou como coordenadora setorial de Pós-graduação da Escola Politécnica de Pernambuco (POLI) na gestão 2009-2010, como coordenadora do Mestrado em Engenharia Civil (PEC) da POLI/UPE na gestão 2010-2011; vice-líder do grupo de pesquisa Ergonomia, Higiene e Segurança do Trabalho (2008-2011); e Gerente da Seção de Cultura da Escola Politécnica de Pernambuco (2014-2019). Atuou como professora visitante do Technion - Israel Institute of Technology (2011-2012) no departamento de gestão da construção e como pesquisadora visitante no Colorado State University - EUA no departamento de Gestão da Construção (2013-2018). Atualmente é professora permanente do Mestrado em Engenharia Civil da UPE (desde 2007), lidera o grupo de pesquisa Desenvolvimento Seguro e Sustentável - DESS cadastrado no CNPq (desde 2013), atua como representante dos professores Associados no Conselho de Gestão Acadêmica da POLI (CGA, desde 2013) e atua como Assessora de Relações Internacionais da POLI. Tem experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em segurança em transportes e sustentabilidade aplicada às construções.