Cidade Esponja e suas técnicas compensatórias: Uma revisão sistemática de literatura
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Resumo
Segundo Januszkiewicz e Golebiewski (2019), a ideia de “Cidades Sensíveis à Água” (Water Sensitive Cities – WSCs) surge na primeira década do século 21, no intuito de reunir, em um mesmo conceito, uma relação ideal entre pessoas, governança, ambiente construído, infraestrutura, ecossistemas vivos, uso de recursos e a água. Conforme Tang et al. (2018), mecanismos como os Sistemas de Drenagem Sustentáveis (Sustainable Drainage Systems - SuDS), Infraestrutura Azul-Verde (Blue-Green Infrastructure - BGI) e Projeto Urbano Sensível à Água (Water Sensitive Urban Design – WSUD) são reconhecidos por integrar o ciclo da água com o desenvolvimento urbano, contribuindo para ajudar no enfrentamento dos desafios contínuos das mudanças do clima e do rápido crescimento urbano. A Cidade Esponja (Sponge City - SC) é um exemplo de implementação da abordagem WSUD (WORLD ECONOMIC FORUM, 2019). Uma Cidade Esponja, ainda de acordo com Januskiewiez e Golebieski (2019), tem como um de seus objetivos principais o de “regular” o ciclo da água e chegar o mais próximo possível do ciclo hidrológico natural, através de medidas que consigam restaurar a capacidade da cidade de absorver, infiltrar, armazenar, purificar, drenar e gerenciar a água. Com isso, a Cidade Esponja tem a capacidade de integrar a gestão de risco de inundação urbana em suas políticas e projetos de planejamento urbano, assim como reaproveitar a água da chuva para ajudar a mitigar os impactos da escassez de água, além de capacitar melhor as comunidades visando a convivência com as águas. Este trabalho busca, por meio da elaboração de uma Revisão Sistemática de Literatura (RSL), analisar estudos publicados dentro da temática de manejo sustentável de águas, com foco nos conceitos recentemente criados de Cidade Esponja e Cidades Sensíveis à Água, reunindo informações sobre como esses conceitos contribuem de forma positiva para o desenvolvimento urbano sustentável das cidades. Além disso, foram pontuadas as vantagens e desafios observados durante o processo de planejamento e/ou implementação desses conceitos, destacando as medidas estruturais e não estruturais adotadas para a obtenção do resultado esperado. Para a elaboração e execução da RSL, este trabalho seguiu as etapas de Planejamento, Desenvolvimento e Documentação de Resultados. Na etapa de Planejamento foi definida a questão da pesquisa, apresentada da seguinte forma: Como a transição para Cidade Esponja contribui enquanto alternativa de planejamento urbano sustentável das cidades no contexto de manejo de águas pluviais urbanas? Também foram selecionadas as bases de dados para a realização das buscas (Science Direct, Scopus, Web of Science, Engineering Village e IEEE Xplore) visando uma grande abrangência dos estudos existentes acerca do tema definido e também elaborado o protocolo de busca. Na etapa de Desenvolvimento, após a classificação dos artigos a serem analisados, foram selecionados aqueles que tratavam dos conceitos de Cidades Sensíveis à Água e Cidades Esponja aplicados às cidades em diferentes contextos, no intuito de analisar os seus processos de transição, totalizando um grupo final de 25 artigos para a etapa de Documentação dos Resultados, onde por fim, os dados considerados relevantes para responder à questão definida no início da pesquisa foram sintetizados no intuito de trazer resultados significativos e comparativos entre si. Vale ressaltar que a RSL foi desenvolvida selecionando estudos nos idiomas português e inglês, publicados no intervalo dos últimos 5 anos (2017 até 2021). No critério de medidas compensatórias aplicadas, considerando que o conceito de Cidade Esponja é uma estratégia para gestão integrada das águas urbanas, segundo Wang et al. (2018), é necessário um conjunto de medidas, incluindo medidas estruturais de engenharia e medidas não estruturais de engenharia. Considerando as análises dos artigos, foi possível verificar que as medidas estruturais possuem mais enfoque que as não estruturais, destacando-se desta última as soluções de preservação de áreas verdes e controle ambiental. No que se refere às medidas estruturais, 08 grandes grupos foram abordados nos artigos, valendo destaque para os sistemas de biorretenção, pavimentos permeáveis, telhados verdes, reservatórios de águas pluviais e também os sistemas de detenção ou retenção, como reservatórios ou bacias para essa função. Com relação aos desafios encontrados para implantação do planejamento da Cidade Esponja, Zhou et al. (2021), resumem, explicando que estão principalmente ligados à falta de experiência humana para lidar com as mudanças no clima, em recursos humanos inadequados, baixo orçamento e menos autonomia na gestão do risco pela dependência das autoridades governamentais, sendo o maior desafio encontrado a falta de equipe com experiência multidisciplinar para o desenvolvimento do planejamento urbano. Analisando as vantagens da implementação dos conceitos de Cidade Esponja e Cidades Sensíveis à Água, como era esperado, devido ao que está intrínseco aos conceitos, a resiliência às inundações, apareceu como a principal vantagem. Em sequência, destacaram-se a redução da poluição e melhoria na qualidade da água, as melhorias nos sistemas de infiltração nos solos, a redução do escoamento superficial com retardo e diminuição do pico de cheia e a mitigação das inundações. Concluiu-se que existe viabilidade prática para a aplicação dos conceitos de SC e WSC em diferentes regiões, valendo ressaltar a importância de um planejamento compatível com a realidade da cidade e da existência de incentivos e políticas públicas voltadas para este fim.
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Edição
Seção
Engenharia Civil