Percepções de risco de trabalhadores às cenas de perigo no canteiro de obra uma pesquisa de Segurança do Trabalho

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Lays Guimarães Espindola
Felipe Mendes da Cruz
Helio Cavalcanti Neto

Resumo

A construção de edifícios é o segmento industrial que possui os maiores índices de acidentes e incidentes em ambiente laboral. Segundo dados disponibilizados no Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS), do triênio 2017-2019, as Classificações Nacionais de Atividades Econômicas que mais apresentaram acidentes no ramo em âmbito nacional foram: construção de edifícios em 1º lugar, com o total de 28.389 acidentes, seguido por obras para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações em 2º lugar, com 11.736 acidentes, e incorporação de empreendimentos imobiliários em 3º lugar, com o total de 9.252 acidentes. No Estado de Pernambuco, a construção de edifícios lidera também em 1º lugar, com o total de 1.302 acidentes, seguido dessa vez por incorporação de empreendimentos imobiliários em 2º lugar, com o total de 290 acidentes e em 3º lugar as obras para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações, com 287 acidentes. No biênio de 2018-2019, a capital de Pernambuco, Recife, confirmou os maiores registros de acidentes do trabalho, foram 10.623 acidentes de trabalho segundo a AEPS, número quatro vezes maior que o segundo lugar - ocupado pelo município de Caruaru com 2281 acidentes – e seis vezes maior que o terceiro lugar – ocupado pelo município de Jaboatão dos Guararapes com 1699 acidentes. Já a ocupação com mais taxas de morte na cidade do Recife foi o de Servente de obras com 33% das notificações de mortes relacionadas a construção civil no último ano na cidade do Recife, seguido por Motociclistas no transporte de pessoas e Vigilante, empatados com 17% das notificações da plataforma do Observatório de Segurança do Trabalho. Diante desse panorama, questões individuais de comportamento e a percepção de segurança em obras não podem ser subestimadas e se relacionam diretamente com os riscos que permeiam as atividades dos trabalhadores. Considerando que o componente cognitivo dos trabalhadores se relaciona a dois aspectos do julgamento humano: a "probabilidade" de experimentar um acidente ou uma lesão e sua "gravidade" devido à exposição a uma fonte de risco (KOUABENAN et al., 2015) uma entrevista semiestruturada foi realizada com 30 trabalhadores de uma obra da cidade do Recife-PE, para investigar como esses funcionários lidam com cenas de perigo que antecedem uma possibilidade de acidente. A pesquisa foi realizada com trabalhadores voluntários do setor de Carpintaria, como Carpinteiros e Ajudantes de Carpintaria, que compõem o grupo de maior exposição da obra na fase de estrutura. Após os voluntários serem entrevistados tiveram que avaliar 11 cenas de perigo associados à atividade desempenhadas em obras. Foi solicitado que identificassem os riscos para cada cena, sendo a primeira cena não indutiva, ou seja, sem a revelação de que houvessem riscos envolvidos, enquanto o restante foi declarado que se tratavam de cenas com caráter de exposição à riscos diversos. Explorou-se a partir daí os fatores humanos como parâmetro significativo para o clima de segurança e a percepção de riscos envolvidos no dia a dia do trabalhador. Foi levado em consideração durante a análise dos dados obtidos todos os subgrupos envolvidos no questionário, tanto dados demográficos como dados de rotina e treinamento de segurança, tanto no local de trabalho atual como nos locais de trabalho anteriores de cada entrevistado. O estudo encontra-se em desenvolvimento, e no seu estado atual consegue identificar que mesmo a cena de perigo inicial sendo avaliada como arriscada por todos os trabalhadores, as cenas seguintes tiveram alta variabilidade de entendimento e percepção. Uma cena de perigo de maior ocorrência de acidentes entre as experiências dos próprios trabalhadores revelou-se mais facilmente identificada, enquanto cenas de riscos com menos elementos que tenham promovido risco aos colegas de trabalho, ou ao próprio trabalhador, apresentaram menos dedução de riscos no experimento. Observou-se que os funcionários que tiveram maior contato com os programas de Segurança do Trabalho na obra, como os Carpinteiros de Segurança, apresentaram elevado desempenho em diagnóstico dos riscos quando comparado aos trabalhadores que desempenham outras atividades que não estejam relacionadas ao setor. Estudos semelhantes com foco em diferentes tamanhos de amostra devem ser incentivados, para o futuro. É importante que haja uma correlação com a perspectiva administrativa da obra em conjunto com os relatos dos trabalhadores, para que o clima e a percepção de segurança sejam estudados de forma mais aprofundada. A perspectiva de treinamento, tanto com base na experiência do treinador quanto do treinado, deve ser avaliada como fator determinante ao sucesso das práticas de segurança em local de trabalho, ou ao seu fracasso.

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Seção
Engenharia Civil