ESPAÇOS PÚBLICOS EM MANGUEIRA DA TORRE: UMA LINHA TÊNUE ENTRE O CONVÍVIO SOCIAL E A INSEGURANÇA URBANA.

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Maria Fernanda Gouveia Marinho
Rafaela Campos Cavalcanti

Resumo

 
Os espaços públicos costumam ser palco para movimentações políticas, culturais e sociais, ações coletivas que proporcionam o bom funcionamento da dinâmica comunitária. Segundo a Teoria da Sintaxe Espacial (Hillier e Hanson, 1984) existem importantes relações entre os arranjos do espaço construído e os padrões de relações sociais que nele ocorrem. A ideia de que o desenho do espaço urbano afeta o comportamento humano é amplamente suportada pela teoria. Para os autores, a estrutura espacial física pode até não determinar o que as pessoas farão, mas pode favorecer ou limitar oportunidades para que a ação aconteça (Hillier, 2007). No contexto das atividades desenvolvidas pelo Projeto de Extensão Habite Melhor - Assistência Técnica à Habitação, desenvolvido na Poli/UPE em parceria com o CREA-PE, o presente estudo se debruça sobre as relações estabelecidas entre os moradores e os espaços públicos em Mangueira da Torre, uma Zona de Interesse Social localizada no coração de um bairro nobre da Cidade do Recife. Percebeu-se, através de entrevistas e levantamentos em campo que, apesar de grande parte dos moradores vivenciarem os espaços públicos comunitários,  60% da população se sentia insegura em utilizar a Praça Paulo Freire, principal área de convivência local e 40% dos moradores costumavam utilizá-la preferencialmente durante o dia devido ao sentimento de insegurança no período noturno. Segundo os moradores, os espaços públicos comunitários são frequentemente utilizados para conversas, reuniões, confraternizações e festas com músicas e dança por boa parte da vizinhança e, embora exista um grande receio em usufruir desses espaços devido a ausência de segurança pública - especialmente à noite - as áreas livres públicas são também utilizadas para jogos e brincadeiras entre as crianças. Durante as plenárias realizadas pela equipe do Habite Melhor com os moradores, entre setembro de 2021 e janeiro de 2022, era nítido o desejo comum de zelar e buscar pela manutenção desses espaços e a necessidade de melhoria da segurança local. De acordo com Cavalcanti (2008), os espaços públicos devem ser acessíveis e seguros, especialmente para as populações mais vulneráveis e devem incorporar aspectos da identidade urbana local que permitam a população se sentir identificada com seu lugar de residência e usufruir dos espaços comunitários. Nesse sentido, em março de 2022, após uma longa negociação da Associação dos Moradores de Mangueira da Torre com a Prefeitura, a praça Paulo Freire, um dos principais pontos de comunhão dos moradores, foi finalmente revitalizada, trazendo novas cores e alegrias tão desejadas pela população. Após a reforma, a praça vem sendo bastante frequentada durante o dia e, principalmente, ao final da tarde, acolhendo grande parte dos jovens e crianças da comunidade que retornam da escola para suas casas.

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Seção
Engenharia Civil