Avaliação de blocos de piso intertravados com resíduo de concha de sururu em substituição parcial de agregado miúdo natural sob a ótica da segurança do trabalho

Resumo

Com a finalidade de reduzir os impactos acarretados pelos rejeitos de sururu na Ilha de Deus onde segundo a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (SDSMA) 408 toneladas de    resíduo de casca de sururu e marisco são gerados anualmente (RECIFE, 2017) acarretando um problema socioambiental. Este estudo busca analisar o desempenho de blocos de pisos intertravados de concreto com substituição parcial de agregado miúdo por resíduos de conchas de sururu (RCS) em comparativo aos blocos sem a substituição. Esta pesquisa foi realizada em 4 etapas. Na primeira delas realizou-se uma busca exploratória na literatura a fim de verificar os ensaios laboratoriais voltados para fabricação e análise de pisos intertravados com adição de resíduo. Logo em seguida, na segunda etapa do projeto, foi feito o beneficiamento do RCS constituído pelas etapas de coleta das conchas, lavagem em peneira 4.76, trituração, secagem em estufa durante 24h, peneiramento e em seguida trituração final para a granulometria do resíduo se assemelhar ao do agregado miúdo. Na terceira etapa foi realizada a fabricação dos pisos utilizando porcentagens de 0% (dosagem referência), 5%, 10% e 12,5% em substituição parcial do agregado miúdo pelo RCS. Os pisos foram feitos manualmente em moldes de plástico com dimensões 20x10x6cm, que passaram por um processo de secagem à temperatura higroscópica seguida da cura. Com os blocos prontos, na quarta etapa, foram realizados os ensaios de absorção de água e resistência à compressão, vide a norma brasileira NBR 9781 (ABNT, 2013). Para os ensaios se utilizou 6 pisos aleatórios de cada dosagem, no ensaio de absorção de água as amostras foram pesadas antes e depois de um período de 24h na estufa com temperatura de 110ºC, já no ensaio de resistência à compressão os blocos foram colocados na máquina de ensaio eletrônica e submetidos a cargas até sua ruptura. A partir dos resultados obtidos observou-se que apenas a média das amostras de referência atenderam os 35 MPa de resistência à compressão exigidos pela norma, já no ensaio de absorção de água todas as médias ultrapassaram a média máxima de absorção de 6%. Na análise estatística utilizou-se o teste de Mann-Whitney também conhecido como teste não paramétrico do teste t de Student (MOTTA, 2006), neste teste a amostra de referência foi comparada com as amostras C5, C10 e C12,5. Assim, observou-se que no ensaio de resistência à compressão as amostras C5 e C10 são estatisticamente semelhantes com a amostra de referência, no ensaio de absorção de água todas as amostras apresentaram semelhança com a amostra de referência. Como a amostra de referência apresentou resultados condizentes com a norma NBR 9781 (ABNT, 2013) no ensaio de resistência à compressão e que as amostras C5 e C10 se apresentaram semelhantes à amostra referência, então exceto a amostra C12,5 todas as amostras trouxeram resultados satisfatórios dentro do ensaio de resistência à compressão que permite sua aplicação para tráfego de pedestres, veículos leves e veículos comerciais de linha. Em relação ao ensaio de absorção de água as amostras C5, C10 e C12,5 apresentaram semelhança estatística com a amostra CR, como essa não se encontra no padrão exigido pela norma consequentemente as amostras C5, C10 e C12,5 não são condizem também com a norma. Desse modo, serão necessários reajustes que possam reduzir a absorção de água nos pisos para que se adequem a média máxima de 6% de absorção de água. Para futuros estudos e análise físico-química dos pisos intertravados cabe realizar ensaios como resistência ao impacto, resistência à tração por compressão diametral, bem como a realização de ensaios de microscopia eletrônica de varredura.