Diagnóstico da Gestão de Projetos considerando o uso da modelagem da Informação da Construção (BIM) no setor público em Pernambuco

Resumo

A modelagem da informação da Construção, ou Building Information Modeling (BIM), tem ganhado cada vez mais importância no setor da construção no Brasil. O país tem adotado essa metodologia de modelagem e gestão de informações de projetos de forma crescente nos últimos anos, ainda mais a partir do ano de 2020, quando novos paradigmas surgiram ou foram incrementados em função da digitalização forçada pela COVID-19, demonstrando que a esta modernização junto com os processos colaborativos serão os diferenciais competitivos fundamentais para tempos de grandes mudanças (ABDI, 2020). No setor público, Alvarenga et al. (2021) indicam como principais causas de desvios de custo em obras públicas os acréscimos de serviço (31%) e as modificações de projeto (29%), ou ainda, serviços não previstos no orçamento (14%), o que delimita um cenário de baixa qualidade do projeto e planejamento ineficiente, uma vez que estas causas juntam representam cerca de 74% dos desvios de custo, o que também reflete em problemas de cumprimento de prazos e paralisações. Neste contexto, o BIM surge como uma ferramenta promissora para mitigação destes entraves nas obras, uma vez que promete ser uma metodologia que confere acurácia, celeridade, transparência e rastreabilidade de seus processos de análise, planejamento e controle das obras e ainda pode fornecer acervo para acompanhamento da operação e manutenção do empreendimento, através da gestão da informação que os modelos BIM carregam desde a sua concepção (AMUDA-YUSUF, 2018). A presente pesquisa tem como objetivo realizar um estudo exploratório por meio de uma pesquisa de opinião e analisar o processo de introdução e uso da modelagem da informação da Construção (BIM) nos órgãos da administração pública brasileira. Este objetivo está em consonância com a legislação brasileira voltada ao desenvolvimento de projetos para obras públicas, a chamada “Estratégia BIM-BR” (BRASIL, 2018; 2019; 2020), com a nova lei de licitações (BRASIL, 2021) e outros normativos correlacionados. Dando continuidade a estudos anteriores que exploraram o nível de maturidade BIM na indústria da Construção Civil brasileira (ABDI, 2020;2022) ou ainda em empresas públicas de fomento a projetos, a exemplo da Caixa Econômica  Federal (FERRARI, 2016), o presente estudo pretende avançar neste conhecimento, abordando agora os agentes executores e analistas de projeto, na ponta executiva da cadeia do setor público, isto é, nos órgãos executivos estaduais e municipais, com suas secretarias de projetos, planejamento e obras, assim como os projetistas para este setor. Para tanto, será aplicado um formulário baseado nos moldes das pesquisas anteriomente citadas, que exploram aspectos qualitativos para entender os fatores que impactam no desenvolvimento da tecnologia, assim como descobrir boas práticas e iniciativas que proporcionam inovação na gestão e uso do BIM nos projetos para obras públicas. O questionário será enviado aos representantes das secretarias de obras e/ou de projetos de prefeituras e governo. Em virtude da imensidão territorial do Brasil e sua diversidade regional, a amostra está limitada aos entes públicos do estado de Pernambuco. Os dados qualitativos serão tratados conforme o método de Bardin (1977) e os quantitativos utilizando-se estatística clássica,  de maneira que os resultados permitam inferir e interpretar quais as motivações para o desenvolvimento da tecnologia, se há ações pontuais ou sistematizadas pelos órgãos governamentais e ainda quais as necessidades destes entes para a implementação ou uso desta inovação. Espera-se que o resultado da pesquisa forneça uma visão abrangente do estágio atual de maturidade do BIM no setor público nacional, de forma semelhante a outras pesquisas anteriores, focadas exclusivamente no setor privado, de modo que seja possível fornecer recomendações para fortalecimento da implementação e efetividade de uso da tecnologia no setor e desenvolvimento de políticas públicas relacionadas, promovendo melhores práticas e resultados mais eficientes na gestão de projetos públicos.