A descarbonização da Universidade de Pernambuco como parte do Plano de Logística Sustentável: Etapa 1 - Escola Politécnica de Pernambuco
##plugins.themes.bootstrap3.article.main##
Resumo
A frequência cada vez maior de atividades relacionadas ao clima exigiu um chamado à ação. De acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21), a temperatura média global subiu acima dos níveis pré-industriais de 2 °C, enquanto esforços estão sendo feitos para restringir o aumento da temperatura a 1,5 oC acima dos níveis pré-industriais (UNFCCC, 2015). Tornou-se crucial adaptar-se e trabalhar para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas naturais e humanos aos efeitos atuais e previstos das mudanças climáticas (PNMC, 2009). Entretanto, apesar do consenso sobre a meta a ser alcançada em termos de temperatura global, cabe a todos os envolvidos superar as limitações existentes para sua implementação. Diante desse cenário, a crise climática global impõe à sociedade moderna a necessidade urgente de ações concretas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE). Assim, um importante processo chamado descarbonização surgiu como uma estratégia essencial para mitigar os impactos das mudanças climáticas e promover um futuro mais sustentável. As instituições de ensino superior estão sendo consideradas como uma "pequena sociedade" (Li; Jia, 2022) e, como tal, desempenham um papel fundamental no enfrentamento das mudanças climáticas, na promoção do conhecimento científico, no incentivo aos avanços tecnológicos e na preparação de futuros profissionais para uma participação social ativa. Para avançar em direção a um futuro de economia de baixo carbono, é essencial entender as emissões de gases de efeito estufa e questionar criticamente os dados disponíveis (Stridsland et al., 2024). Por esta razão, são necessários fazer questionamentos essenciais como: Qual é a extensão da nossa contribuição para as emissões GEE resultantes do consumo de energia ou água? De que forma nossas atividades de aquisição influenciam essas emissões? Que medidas podem ser tomadas para reduzir o impacto das emissões GEE em nossos campi universitários? A Universidade de Pernambuco (UPE) é uma instituição que reconhece os impactos das mudanças climáticas, conforme descrito em seu Plano de Logística Sustentável (PLS) que tem o objetivo de apoiar o Estado de Pernambuco a alcançar a neutralidade climática até 2050 (UPE, 2024). A contribuição para a campanha mundial Race to Zero (Da Silva et al., 2022) enfatiza a necessidade de realizar inventários de emissões de GEE em seus campi e compartilhá-los de forma transparente para promoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) e o desenvolvimento sustentável do campus. Este estudo teve como objetivo apresentar os resultados alcançados de um inventário detalhado das emissões GEE da Escola Politécnica de Pernambuco (POLI), campus Benfica, para os anos de 2022 e 2023, e sugerir medidas de mitigação a unidade capazes de reduzir seu impacto ambiental, fornecendo uma referência para alcançar a neutralidade dos níveis de carbono com foco no consumo de eletricidade, água, produção de resíduos sólidos e em alguns aspectos do transporte. O método utilizado para o cálculo das emissões foram o Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG) e as Diretrizes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Na classificação das emissões GEE da POLI foram realizados os cálculos atendendo os escopos 1, 2 e 3 do Protocolo GHG. O total de emissões calculado em 2022 e 2023 foi de 23,1 tCO₂e e 24,57 tCO₂e, respectivamente. Desse total, o consumo de eletricidade foi responsável por 73,6% e 76,5% das emissões, os resíduos sólidos foram responsáveis por 15,9% e 14,9%, e o consumo de água foi responsável por 6,7% e 4,5% das emissões, respectivamente. Em relação ao contexto de transporte, o estudo considerou o único veículo de propriedade da POLI que é classificado no Escopo 1, que contribuiu com 3,8% e 4%, respectivamente, do total de emissões. Assim, este estudo estabeleceu uma referência fundamental para a instituição, que pode ser utilizada para avaliar as ações de mitigação a serem desenvolvidas nos próximos anos, não apenas para a POLI, mas também para outras instituições de ensino e unidades de saúde. Nesse contexto, são propostas as seguintes recomendações: Implementar uma política de eficiência energética no campus para troca e aquisição de equipamentos elétricos que tenham o selo PROCEL (energeticamente eficientes); Promover campanhas de conscientização sobre consumo eficiente para toda comunidade acadêmica; Instalar medidores inteligentes de energia e de água para monitoramento contínuo do consumo; Implementar a coleta seletiva de resíduos na POLI - requalificar os coletores de resíduos e treinar a equipe de serviços gerais para a coleta e o armazenamento adequados de resíduos recicláveis, de forma a aderir à rota de coleta seletiva de resíduos da EMLURB e realizar uma campanha de conscientização com toda a comunidade para garantir a sua adesão à causa. Também, deve ser realizada uma análise gravimétrica na cafeteria instalada na POLI, para determinar as emissões correspondentes aos vários produtos alimentícios consumidos e aos resíduos gerados. Por fim, sugere-se aplicar um questionário a ser enviado a toda comunidade da Escola Politécnica, incluindo professores, funcionários e alunos sobre o meio de transporte utilizado, quais são os percursos e as distâncias percorridas semanalmente para ir à POLI e voltar para casa. Além disso, enfatiza-se que a UPE estimule as outras unidades que a constituem, a realizarem seus respectivos inventários de emissões, criar uma plataforma que integre todas as informações obtidas em todos os campi de modo que se consiga rastrear e gerenciar as emissões de carbono total e por unidade. Por fim, enfatiza-se que a iniciativa de obtenção do inventário das emissões da POLI visou incentivar uma mudança comportamental em todos os agentes da instituição para uma consciência mais sustentável, promovendo uma ação capaz de sensibilizar docentes, discentes e técnicos administrativos sobre os impactos causados pelas as emissões da instituição e mostrar ações que devem ser realizadas para mitigar as emissões de GEE e contribuir para que Pernambuco alcance a meta climática da COP 26, a COP de Paris que é a neutralidade das emissões de CO2e em 2050.
Palavras-chave: Sustentabilidade; instituição de ensino superior; emissão de gases de efeito estufa; descarbonização.
Palavras-chave: Sustentabilidade; instituição de ensino superior; emissão de gases de efeito estufa; descarbonização.
Downloads
Não há dados estatísticos.
##plugins.themes.bootstrap3.article.details##
Seção
Engenharia Civil