Análise de correlação das manifestações patológicas em fachadas de prédio caixão Um estudo de caso em Jaboatão dos Guararapes-PE

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Mariana Lissa Saruhashi
Bianca Maria Vasconcelos
Rayssa Valéria da Silva
Eliana Cristina Barreto Monteiro
Willames de Albuquerque Soares

Resumo

A Região Metropolitana do Recife (RMR) possui, desde o período colonial, a tradição do modelo construtivo baseado em alvenaria de vedação com função estrutural, conhecida como alvenaria resistente (Mota, 2015). Os prédios caixão, construídos com esta técnica, caracterizam-se por blocos de até quatro pavimentos - número máximo sem elevadores - os quais se assemelham a uma caixa sobre o terreno (Branco, 2015). No entanto, a falta de normatização ocasionou o surgimento de diversas manifestações patológicas e, em alguns casos, o colapso dessas edificações (Figueiredo et al., 2017). Nas fachadas, é utilizado argamassa com acabamento em pintura, como uma opção de baixo custo, rápida execução e fácil manutenção (Breitbach et al., 2016). O estudo do mapa de danos em edifícios caixão é de fundamental importância devido à sua relevância na identificação e compreensão detalhada das principais irregularidades, além de evidenciar a urgência necessária para a intervenção (Bersch et al., 2021). Desse modo, o presente estudo visa realizar uma avaliação das condições das fachadas de um prédio caixão, estabelecendo dois objetivos principais: a identificação das suas manifestações patológicas através da execução de um mapa de danos e a análise de correlação entre as manifestações com a aplicação dos testes de Spearman e de Pearson. Como estudo de caso, o prédio caixão foi escolhido devido à urgência detectada em sua estrutura, uma vez que foi recebido um aviso da Defesa Civil solicitando reparos imediatos. Conhecido como Bloco 89, está situado no bairro Curado 4, em Jaboatão dos Guararapes e foi construído em 1978 pela Companhia de Habitação Popular do Estado de Pernambuco (COHAB-PE) (Davidson, 2018). A metodologia adotada iniciou-se com inspeções visuais detalhadas, durante as quais foram registradas diversas manifestações patológicas e então documentado incluindo informações sobre o tipo de manifestação, localização, área afetada e data da observação. Dado que não existe uma regulamentação específica que defina os critérios para a criação de mapas de danos no país, optou-se por utilizar uma legenda de cores nos desenhos para representar as manifestações patológicas identificadas. Para a realização dos testes estatísticos, uma malha de 0,25x0,25m foi sobreposta aos mapas de danos elaborados, cuja densidade foi determinada a partir da escala dos danos, visando obter uma precisão adequada na coleta de dados. Com isso, a razão entre os quadrantes contendo uma manifestação e a malha total, resultou no percentual da manifestação por fachada. Os valores encontrados foram submetidos a um teste qui-quadrado de aderência utilizando o software estatístico RStudio, para confirmar a distribuição normal dos dados. Em seguida, a aplicação conjunta dos testes de Pearson e Spearman oferece uma análise mais robusta e detalhada das interações entre as diferentes manifestações patológicas. Enquanto o primeiro é amplamente utilizado para medir a força e a direção da relação linear entre duas variáveis contínuas; o segundo o complementa ao identificar correlações que podem não ser detectadas pela correlação linear, especialmente em casos em que as relações entre variáveis são não lineares ou os dados apresentam outliers. Para analisar os resultados, foi utilizado a interpretação proposta por Hinkle et al. (2003), na qual a correlação varia de -1 a 1, e valores próximos a esses limites indicam uma correlação forte, positiva ou negativa. Valores positivos indicam que são diretamente proporcionais, e negativos, inversamente proporcionais. Uma correlação próxima de 0 indica ausência de correlação. As manifestações identificadas no mapa de danos consistem em vegetação, fissura, sujidade e desplacamento. No teste de aderência, todos os conjuntos de dados possuem valores-p significativamente maiores que 0,05 e, portanto, não se rejeita a hipótese nula de que seguem uma distribuição normal. No teste de Pearson, destacam-se uma correlação forte negativa (-0,8287) entre vegetação e desplacamento, e moderada positiva (0,4088) entre sujidade e desplacamento. No teste de Spearman, destacam-se uma correlação forte negativa (-0,8857) entre vegetação e desplacamento, e moderada negativa (-0,4857) entre sujidade e vegetação. O restante das manifestações apresentou uma correlação fraca ou muito fraca. Os resultados indicam que a presença de vegetação está fortemente associada a uma menor incidência de desplacamento. Logo, a vegetação pode atuar como uma barreira protetora, reduzindo o impacto de agentes climáticos que contribuem para o desplacamento. Ademais, a correlação moderada negativa entre sujidade e vegetação implica que áreas com mais vegetação impedem o acúmulo de sujeira nas superfícies. Por outro lado, a correlação moderada positiva entre sujidade e desplacamento indica que superfícies mais sujas tendem a apresentar maiores níveis de desplacamento. Isso pode ser explicado pelo fato de que a sujidade, muitas vezes, retém umidade, o que pode acelerar os processos de degradação e desplacamento da pintura e do reboco. Essas informações são de suma importância para orientar intervenções de manutenção e conservação mais eficazes e direcionadas, promovendo assim, uma preservação mais sustentável das edificações. Ao compreender a extensão e a gravidade dos danos, é possível mitigar riscos potenciais, protegendo não apenas o patrimônio arquitetônico, mas também a segurança e o bem-estar dos ocupantes e da comunidade em geral. Portanto, o estudo do mapa de danos utilizando correlação consiste em uma etapa crucial no processo de preservação e manutenção adequada de prédios caixão.

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Seção
Engenharia Civil