Avaliação do solo natural presente no IFPB - Campus Monteiro para a produção de adobe
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Resumo
A construção com terra, especialmente por meio do uso do adobe, representa uma das práticas mais antigas da arquitetura vernácula mundial. Ao longo da história, essa técnica tem sido reconhecida por seu baixo impacto ambiental, eficiência térmica e viabilidade econômica, características que a tornam particularmente atrativa em contextos de sustentabilidade e autoconstrução (Santos; Bessa, 2020; Brito del Pino et al., 2021; Minke, 2022). No Brasil, o adobe teve presença marcante na formação dos assentamentos coloniais e ainda hoje é encontrado em construções rurais, apesar do seu uso ter sido gradualmente substituído por materiais industrializados (Santos, 2008). O adobe é obtido a partir da mistura de solo, água e, em alguns casos, fibras vegetais ou sintéticas, cimento, cal e entre outras para estabilização e melhoria de desempenho mecânico (ABNT, 2020; Bertelsen et al., 2021). A escolha adequada do solo é um dos fatores críticos para garantir a qualidade e durabilidade do bloco. Estudos demonstram que solos com composição equilibrada de areia, silte e argila, além de testes empíricos de coesão e resistência, são fundamentais para o sucesso da técnica (Carazas; Rivero, 2002; Brito del Pino et al., 2021). A NBR 16814 destaca que solos orgânicos (ou contendo matéria orgânica em decomposição) ou com comportamento expansivo não podem ser utilizados. Nesse contexto, a avaliação do solo local se torna essencial para a aplicação bem-sucedida do adobe. A literatura atual propõe metodologias que combinam testes laboratoriais e ensaios de campo simples para determinar a aptidão de um solo à produção de adobe sustentável. Com relação aos ensaios de campo, é possível avaliar empiricamente indicativos de plasticidade, coesão, capacidade aglutinante e resistência do solo (Brito del Pino et al., 2021). Diante desse panorama, este artigo tem como objetivo analisar a viabilidade do solo presente no Instituto Federal da Paraíba – Campus Monteiro para a fabricação de blocos de adobe, por meio de ensaios de campo baseados em metodologias simples. O estudo contribui não apenas para a compreensão técnica da aptidão do solo local, mas também para a valorização de práticas construtivas sustentáveis, alinhadas aos princípios de inovação social e preservação do conhecimento ancestral. A metodologia adotada segue os procedimentos descritos por Brito del Pino et al. (2021) e Minke (2020), consistindo inicialmente na coleta e preparação (peneiramento com malha de 4,76 mm e secagem em estufa) de amostras de solo representativas do campus do IFPB – Monteiro. Em seguida, foram realizados os seguintes ensaios manuais de campo: teste de sedimentação (granulometria): para estimar a proporção de areia, silte e argila; teste de coesão (teste da tira): para observar a plasticidade e resistência coesiva; teste da queda de bola: para avaliar a consistência da mistura e a capacidade de aglutinação; e teste de resistência manual: através da confecção e compressão manual de discos secos. Os resultados obtidos permitiram identificar se o solo disponível pode ser adequado para a produção de adobe, além de gerar dados úteis para futuras propostas de uso em obras experimentais e educativas. Com base na aplicação dos ensaios de campo, observou-se que o solo do Instituto Federal da Paraíba – Campus Monteiro possui características compatíveis com as exigências previstas nos testes de campo para a fabricação de adobe. O teste de sedimentação indicou uma proporção adequada entre areia, silte e argila, ficando a quantidade de areia entre 1,5 e 3 vezes a quantidade de silte e argila, com teores de argila entre 15% e 25%, favorecendo a plasticidade e a capacidade de moldagem do material (Morales et al., 1993). No teste de coesão (teste da tira), obteve-se um comprimento de ruptura igual a 14 cm, ficando no intervalo ideal que é entre 7 e 15 cm, demonstrando boa aglutinação e comportamento plástico do solo (Carazas; Rivero, 2002). No teste da queda de bola, foi observado uma deformação sem ausência de separação do material, indicando uma excelente capacidade aglutinante do solo (Brito del Pino et al., 2021). O teste de resistência manual evidenciou que os discos de solo seco resistem moderadamente à compressão entre os dedos e, quando quebrou, apresentou apenas dois pedaços, sinalizando um solo com boa resistência. Dessa forma, conclui-se que o solo em questão tem potencial para ser explorado em projetos pedagógicos, pesquisas experimentais e iniciativas de extensão voltadas à bioconstrução. A avaliação do solo do IFPB – Campus Monteiro, por meio de ensaios simples de campo, demonstrou resultados positivos quanto à sua viabilidade para a produção de blocos de adobe. Os testes realizados permitiram verificar empiricamente que o solo apresenta proporções adequadas entre areia, silte e argila, boa plasticidade, coesão, capacidade aglutinante e resistência. Os achados reforçam a importância de revalorizar técnicas construtivas tradicionais como o adobe, que aliam sustentabilidade, baixo custo e eficiência térmica. Futuras etapas poderão incluir ensaios laboratoriais normatizados para aprofundar a caracterização físico-mecânica do material, bem como investigações com aditivos naturais ou recicláveis, visando à melhoria do desempenho dos blocos de adobe.
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Seção
Engenharia Civil