Indicadores de consumo de água em prédios administrativos: uma revisão de literatura

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Karolina Ribeiro Soares Dos Reis
Simone Rosa da Silva
Alison Lopes da Silva
Maria Eduarda Santos Magalhães

Resumo

O aumento dos efeitos ambientais relacionados à falta de água e às alterações climáticas tem incentivado a implementação de métodos sustentáveis em construções administrativas. Em relação ao consumo de água, têm-se dado ênfase na utilização de indicadores para diagnóstico, supervisão e administração do consumo consciente desse recurso. De acordo com Silva et al. (2019), os indicadores de consumo de água constituem instrumentos fundamentais para a avaliação da eficiência hídrica em edificações. Esses indicadores, como o consumo específico por área construída (L/m²/dia) e por usuário (L/pessoa/dia), permitem a quantificação precisa do uso da água, viabilizando diagnósticos operacionais e subsidiando a formulação de estratégias de racionalização. O objetivo deste estudo foi investigar, com base na literatura, as abordagens empregadas para estabelecer indicadores de consumo de água em prédios administrativos e analisar como esses indicadores foram utilizados para verificar a influência da pandemia de COVID-19 no consumo de água, além de apresentar inovações tecnológicas aplicadas às métricas. A pesquisa foi desenvolvida por meio de uma revisão de literatura, onde os estudos foram pesquisados em três bases de dados de publicações científicas: Google Acadêmico, ResearchGate e ScienceDirect. Para orientar a busca, foram utilizadas palavras-chave em português e inglês, como “consumo de água”, “indicadores de consumo”, “gestão de recursos hídricos” e “edifícios administrativos”. Foram priorizados trabalhos publicados nos últimos dez anos, tanto no Brasil como em outros países, com foco em edificações administrativas. Em relação aos indicadores que foram identificados na literatura, comumente adota-se a relação do consumo de água por agente consumidor, considerado como a população fixa do prédio que é geralmente representada pelo número de funcionários (Silva et al., 2019). Silva (2018) utilizou o indicador de consumo per capita por dia (litros/pessoa/dia) para comparar o uso de água em 32 edifícios públicos administrativos na Região Metropolitana do Recife, durante o ano de 2016. O estudo identificou indicadores de consumo variando entre 4,10 e 110,16 L/funcionário/dia, sendo a média de 33,45 L/funcionário/dia. A maioria dos prédios com indicadores de consumo acima da média não usavam equipamentos hidrossanitários economizadores e apresentaram condições ruins ou regulares destes, enquanto os prédios com os indicadores abaixo da média geralmente possuíam esses equipamentos, que estavam em bom ou excelente estado. Além disso, os indicadores de consumo dos prédios analisados foram comparados com outros encontrados na literatura, os quais não se mostraram muito discrepantes. Ações como programas de conscientização, modernização das instalações e combate a vazamentos tiveram um efeito benéfico na utilização eficiente da água alguns edifícios. O estudo mostra que, quando há variações na população fixa e as instalações hidrossanitárias das edificações apresentam vazamentos e jardins extensos, o consumo hídrico é impactado significativamente. Colaborando com essa perspectiva, Hackbarth et al. (2023) modelaram o uso de água em 53 escritórios comerciais no sul do Brasil e evidenciaram também a influência de fatores como a idade do edifício, o número de funcionários e a posse do imóvel sobre os indicadores de consumo per capita e por área construída. Além disso, a pesquisa avaliou os efeitos da pandemia, observando a diminuição no consumo em grande parte das atividades empresariais, com exceção dos escritórios de engenharia, onde houve um aumento de 15% e 12%, respectivamente, durante a primeira e segunda onda da COVID-19. Os testes estatísticos aplicados, como o Wilcoxon e a regressão Prais-Winsten, confirmaram alterações significativas nos padrões de consumo de água durante este período. Entretanto, o estudo enfrentou limitações relacionadas à caracterização da amostra, uma vez que a ausência de medição individualizada do consumo de água em muitos edifícios impossibilitou o uso de dados de 112 empresas de um total de 165 que foram entrevistadas. Essa limitação evidencia a necessidade de regulamentações que obriguem a instalação de medidores individuais de consumo de água em edificações administrativas no Brasil, o que já é realidade para prédios residenciais. Do ponto de vista de inovações tecnológicas adotadas para medições do consumo de água, Batista et al. (2022) propôs uma metodologia para automatizar o gerenciamento do consumo de água em edificações comerciais. O chamado sistema AquaBIM combina o Building Information Modeling (BIM), a Internet das Coisas (IoT) e o Facility Management (FM) em uma plataforma automatizada que gerencia o uso de água em tempo real, utilizando gráficos de controle de Shewhart para detectar consumos anormais e vazamentos. Os resultados da simulação demonstraram um potencial de redução de até 15% no consumo total de água dos edifícios analisados. Nesta pesquisa, foram utilizados quatro estudos relevantes para extrair informações e fazer análises acerca dos diferentes indicadores de consumo de água aplicados a prédios administrativos. Esses estudos permitiram compreender tanto os métodos de mensuração do consumo quanto as variáveis que influenciam o uso hídrico. Além disso, dos trabalhos selecionados, um trouxe contribuições sobre o impacto de eventos recentes, como a pandemia de COVID-19, no comportamento do consumo, e destacaram inovações tecnológicas voltadas para a automação e o monitoramento em tempo real.
 
Palavras-chave: Indicadores; Consumo de água; AquaBIM; COVID-19.
 
Referências
 
BATISTA, L. T.; FRANCO, J. R. Q.; FAKURY, R. H.; PORTO, M. F.; BRAGA, C. M. P. Metodologia para determinação de indicadores sustentáveis de consumo de água em edificações. Sustainability, v. 14, n. 9, p. 5695, 2022.
 
HACKBARTH, F. B.; KALBUSCH, A.; HENNING, E.; NASCIMENTO, M. I.; BRUHN, A. L. Modelagem do consumo de água em edifícios de escritórios: um estudo de caso no sul do Brasil. Revista de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos, v. 149, n. 9, p. 05023009, 2023.
 
SILVA, A. F. A. da. Análise de viabilidade técnica e econômica de medidas de conservação da água em prédios públicos administrativos do Estado de Pernambuco. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Pernambuco, Escola Politécnica de Pernambuco, Recife, 2018, 146p.
 
SILVA, S. R.; SILVA, A. F. A.; NUNES, L. G. C. F.; SOARES, A. E. P.  Conservação de água em prédios públicos no município do Recife - Volume 2: prédios públicos administrativos.  Recife: EDUPE, 2019. 132p.

Downloads

Não há dados estatísticos.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Seção
Engenharia Civil
Biografia do Autor

Karolina Ribeiro Soares Dos Reis, UPE

Estudante de Engenharia Civil pela Escola Politécnica de Pernambuco - UPE/POLI. Integrante do Grupo de Estudos de Recursos Hídricos - AQUAPOLI.

Simone Rosa da Silva, UPE

Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1989), mestrado em Engenharia Civil pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS (1993) e doutorado em Engenharia Civil com ênfase em Recursos Hídricos e Tecnologia Ambiental pela Universidade Federal de Pernambuco (2006). Atualmente é Professora Associada da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco, docente permanente do Mestrado em Engenharia Civil. As principais áreas de atuação são hidrologia, gestão de recursos hídricos e segurança de barragens.

Alison Lopes da Silva, UPE

Mestre em Engenharia Civil pela Escola Politécnica de Pernambuco da Universidade de Pernambuco (POLI/UPE). Graduado em Engenharia Civil pela mesma instituição (2022). Faz parte do grupo de extensão, ensino e pesquisa Desenvolvimento Seguro e Sustentável DESS, do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil PEC da Escola Politécnica de Pernambuco POLI/UPE, em Recife/PE. Representante discente no Colegiado da Pós-Graduação em Engenharia Civil CPEC entre 2024 e 2025.

Maria Eduarda Santos Magalhães, UPE

Estudante de Engenharia Civil pela Escola Politécnica de Pernambuco - UPE/POLI. Integrante do Grupo de Estudos de Recursos Hídricos - AQUAPOLI.