Caracterização de materiais e sistemas construtivos em edificações históricas
##plugins.themes.bootstrap3.article.main##
Resumo
A conservação e preservação do patrimônio histórico edificado é um tema que vem se ampliando e se complexificando desde o século XIX e que, na atualidade, ganha contornos cada vez mais amplos. Os estudos acerca da salvaguarda do acervo patrimonial das cidades brasileiras são realizados por diversas áreas de atuação acadêmica e profissional, sempre visando a preservação da memória arquitetônica da sociedade e de sua cultura construtiva. Os diversos órgãos de preservação, que tem como representação máxima o Instituto do Patrimônio Histórico de Artístico Nacional (Iphan), estabelecem diretrizes, parâmetros e recomendações normativas e legais para orientar proprietários, arquitetos, engenheiros e demais profissionais da área a lidar adequadamente com os edifícios históricos. Tais órgãos, assim como estudiosos da área, como Choay (2017), Lemos (1981) e Vieira-de-Araújo (2025) salientam o caráter científico da preservação do patrimônio material, justificando que, ao longo de toda a história, os avanços e as inovações, inclusive na construção civil, se deram não apenas pelos auspícios dos desenvolvedores, pesquisadores e profissionais, mas também pela observação empírica, criteriosa, das edificações existentes, de suas técnicas, materiais, compartimentação, funcionalidade e estética. Benevolo (2019) comenta que, no século XV, uma das maiores cúpulas do mundo só foi viabilizada graças ao estudo minucioso das propriedades estruturais da forma arqueada, utilizada desde séculos antes de Cristo, mas em menores dimensões e para outras finalidades. Desta forma, é consenso no campo do patrimônio que preservar o acervo edificado vai além da perpetuação da memória, coletiva ou individual, mas adquire também um caráter pedagógico, no sentido de que os desenvolvimentos do presente podem ocorrer com o entendimento do passado. Diante disso, entre os avanços normativos e legais empreendidos pelos órgãos de preservação está a exigência da elaboração de estudos pormenorizados dos edifícios que serão objeto de restauro. Entre esses estudos, o Iphan (2005) estabelece que, dentre as etapas para a elaboração de um projeto de intervenção, cabe ao profissional realização da identificação dos materiais e dos sistemas construtivos empregados nas edificações, que contribui para a formulação de medidas de proteção e enfrentamento de manifestações patológicas, permitindo a leitura de sua evolução histórica e a inserção no espaço urbano. Diante disso, a presente pesquisa visa caracterizar a diversidade e a ocorrência de materiais de revestimento das fachadas dos edifícios históricos do bairro do Recife, mais especificamente na área delimitada pelo polígono de tombamento federal, estabelecido pelo Iphan-PE. O objetivo geral da pesquisa é identificar e quantificar a ocorrência de materiais de revestimento existentes nestas fachadas. Os objetivos específicos são identificar, também, elementos de composição de fachada, período de construção, estilo arquitetônico, entre outros aspectos. A pesquisa visa contribuir para o mapeamento técnico do patrimônio edificado local, fornecendo subsídios para futuras intervenções de preservação, em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em especial o item 11.4 da ODS 11, que enfatiza a necessidade de intensificar esforços voltados à proteção e valorização dos patrimônios culturais e naturais, além de constituir um documento de referência para órgãos responsáveis pela salvaguarda do patrimônio histórico. Metodologicamente, a pesquisa se classifica como uma pesquisa de campo, com abordagem quali – quantitativa. Durante a etapa de campo, foi aplicado um roteiro de análise padronizado, que permitiu o registro sistemático das características arquitetônicas e construtivas por meio de inspeção visual e registro fotográfico. As informações coletadas foram organizadas em fichas individuais para cada edificação analisada, com o intuito de compor um banco de dados que possibilite análises comparativas entre os imóveis. Atualmente, a pesquisa ainda está em andamento e, como resultado preliminar, foram escolhidas as edificações localizadas na Rua do Bom Jesus como recorte específico para análise, considerando sua relevância histórica, estado de preservação e representatividade dentro do conjunto arquitetônico do Bairro do Recife. Com isso, constatou-se a predominância de revestimentos em argamassa nas fachadas, presentes em 55 das 25 edificações analisadas. Um dado que chama atenção recorrência do granilite, presente em 11 fachadas, sendo o segundo revestimento mais comum, que é pouco citado nos manuais técnicos e normativos. Esse estudo consolida a compreensão de que este revestimento não só era o mais utilizado na época de construção desses edifícios, como contribui para as análises de projetos de restauro por parte dos órgãos de preservação, no sentido de elaborar diretrizes acerca de restauro dos revestimentos e da adoção de novo revestimentos em edifícios passíveis de alteração de fachada.
Downloads
Não há dados estatísticos.
##plugins.themes.bootstrap3.article.details##
Seção
Engenharia Civil