Guia para a resolução de conflitos durante a elaboração de modelos BIM de projetos de instalações prediais

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Sabrina Rayane Silva Lucena
Bianca Maria Vasconcelos

Resumo

Diante do crescente nível de complexidade dos layouts dos projetos, o Building Information Modeling (BIM) vem se destacando como uma abordagem eficiente para a gestão e coordenação de instalações prediais, conhecidas como sistemas Mecânicos, Elétricos e Hidráulicos (MEP) (Park et al., 2024). Ao modelar esses sistemas, vários elementos devem colaborar entre si, evitando que conflitos construtivos passem despercebidos e que acarretem em aumentos de custo e atrasos na entrega (Liu et al., 2024). Porém, apesar dos avanços nas ferramentas de detecção automática de conflitos MEP, a resolução desses conflitos continua a ser demorada e desafiadora, visto que demanda processos iterativos, reuniões de coordenação e tomadas de decisão influenciadas pelos conhecimentos e experiências dos profissionais envolvidos (Pestana; Paice; West, 2024). A literatura aponta que, embora o BIM permita identificar conflitos em modelos MEP, a ausência de diretrizes padronizadas e bancos de dados estruturados limita a eficiência da resolução, especialmente em termos de automação. Ainda se faz necessário o desenvolvimento de guias e regras a serem seguidos durante a modelagem, de forma a proporcionar uma base técnica para a plataforma BIM e aprimoração do processo de resolução automática de conflitos MEP (Ji; Li, 2023). Diante desse cenário, esta pesquisa tem como objetivo principal propor um guia para a resolução de conflitos detectados no processo de modelagem BIM de projetos de instalações prediais. Para isso, inicialmente foi realizada uma ampla revisão da literatura acerca das principais práticas utilizadas para otimização da detecção e resolução de conflitos em modelos BIM. Em seguida, uma pesquisa exploratória é desenvolvida, constituída de: uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL) visando investigar os principais componentes MEP envolvidos em conflitos, e as diretrizes e procedimentos existentes para a resolução e prevenção de conflitos de projetos de instalações prediais; e um levantamento documental de normas, manuais e demais arquivos técnicos que forneçam instruções e soluções para os conflitos encontrados durante sua compatibilização com demais disciplinas. Por fim, um guia é estruturado, reunindo os procedimentos normativos e direcionamentos para auxiliar na coordenação de conflitos em projetos de instalações prediais. Como resultado da revisão bibliográfica, foi possível identificar na literatura o uso de ferramentas/tecnologias de: modelagem 3D e coordenação de projeto; detecção e gerenciamento de conflitos; planejamento e simulações 4D e 5D; colaboração em nuvem; algoritmos e inteligência artificial; sistemas de informações geográficas; realidade virtual e aumentada; automação e programação visual; e gerenciamento de dados. A RSL evidenciou a ocorrência mais frequente de conflitos envolvendo elementos hidráulicos-estruturais, especialmente tubulações e vigas, e mecânicos-hidráulicos, como dutos e tubulações de encanamento. Como exemplo de diretrizes, identificou-se orientações como categorização e filtragem de conflitos irrelevantes, priorização de sistemas, avaliação do custo, tempo e consumo de material para cada solução, consideração da distância mínima entre componentes. O guia é direcionado a projetistas MEP, apresentando um fluxo de trabalho sistematizado para conduzir cada passo da resolução de conflitos e assegurar a escolha de soluções adequadas tecnicamente. São apresentadas as normas e regulamentações para projetos de instalações prediais e instruções que orientam o processo. Dessa forma, o trabalho contribui com a proposição de uma base técnica aplicável para resolver diferentes tipos de conflitos MEP, incentivando a padronização de práticas na modelagem BIM, de forma a contribuir para a redução de retrabalho e melhoria da qualidade dos projetos. O guia poderá ser utilizado em pesquisas futuras como suporte para o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas e automações, aprimorando a coordenação entre os sistemas MEP as demais disciplinas, de forma a garantir o desempenho de projetos complexos.

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Seção
Engenharia Civil
Biografia do Autor

Sabrina Rayane Silva Lucena, Universidade de Pernambuco

Formada em Engenharia Civil pela Escola Politécnica de Pernambuco (POLI), mesmo local onde está cursando o Mestrado em BIM. Na área acadêmica, foi monitora da disciplina de programação no semestre 2019.1, período no qual ganhou prêmio de Destaque Acadêmico, e monitora de Arquitetura no período 2021.2. Participou de projetos de iniciação científica na área de fontes renováveis de energia e sustentabilidade com o apoio do CNPq. Fez parte da Empresa Júnior associada à POLI onde ganhou experiência em projetos de construção civil, e desenvolveu técnicas comerciais e estratégicas. Logo após atuou no desenvolvimento de projetos de modelagem, dimensionamento, documentação de instalações prediais. Atualmente é membro do Grupo de Pesquisa Ergonomia, Higiene e Segurança do Trabalho da Universidade de Pernambuco - POLI/UPE, onde desenvolve pesquisas com foco em BIM. Na área profissional, trabalha na área de gerenciamento da construção civil.

Bianca Maria Vasconcelos, Universidade de Pernambuco

É Professora Adjunta do quadro efetivo da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (UPE), docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PEC) e líder do grupo de pesquisa cadastrado no CNPq "Ergonomia, Higiene e Segurança do Trabalho". Também desempenha a função de coordenadora adjunta do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/Reitoria) e é coordenadora de área do Núcleo Docente Estruturante (NDE) do curso de Engenharia Civil. É editora da REPA (Revista de Engenharia e Pesquisa Aplicada), membro do comitê científico do SHO (SPOSHO/PT), membro do GT Formación e do GT Diseño y estética de las infraestructuras da RUITEM (Red Universitaria Iberoamericana de Territorio y Movilidad) e membro do GT Acessibilidade e Ambiente Construído da ABERGO (Associação Brasileira de Ergonomia). Coordenou/coordena projetos de pesquisa com financiamento de órgãos de fomento público (CAPES, CNPq, FACEPE) e de parcerias com a indústria. Tem atuação em Acessibilidade e tecnologias assistivas; BIM; Construção 4.0; Macroergonomia; Segurança do Trabalho na Construção.