Diagnóstico de vazamentos visíveis e estimativa de perdas em edifícios do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco uma análise preliminar
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Resumo
O consumo excessivo de água potável em edificações públicas está frequentemente associado à ocorrência de vazamentos e ao uso inadequado dos aparelhos hidrossanitários. A ausência de práticas sistemáticas de inspeção e manutenção preventiva nesses sistemas pode gerar perdas consideráveis, tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico. Considerando o perfil de uso contínuo das edificações administrativas, como é o caso dos prédios pertencentes ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), se faz necessária a adoção de estratégias eficazes de monitoramento e controle para garantir o uso eficiente da água. Nesse contexto, o uso de indicadores de perdas devido a manifestações patológicas, como os índices de perda e de vazamento, tem se mostrado uma ferramenta útil para quantificar o desperdício e apoiar ações corretivas e preventivas (Silva et al., 2018). O objetivo deste trabalho foi apresentar uma análise preliminar dos indicadores de perdas e vazamentos nos prédios da sede do TCE-PE e da Escola de Contas Públicas, com base em três meses iniciais de monitoramento, realizados por meio de vistorias em campo e inspeções nos aparelhos e instalações hidrossanitárias. A metodologia adotada neste estudo consistiu em três etapas principais: o cadastro dos equipamentos hidrossanitários existentes, a vistoria in loco da ocorrência de vazamentos visíveis e o cálculo dos indicadores de perdas de água. Inicialmente, foi realizado o levantamento cadastral em quatro edificações pertencentes ao TCE-PE, sendo três prédios da sede (Edifício Nilo Coelho, Edifício Dom Hélder e Edifício Rui Lins) e um da Escola de Contas Públicas Professor Barreto Guimarães, todos localizados no Recife. O cadastro contou com a identificação e quantificação dos pontos de consumo de água presentes em cada edificação, tais como torneiras, bacias sanitárias, chuveiros, mictórios e duchas. Em seguida, foram conduzidas vistorias mensais em cada edifício entre os meses de abril e junho de 2025, visando registrar, por meio de observação direta, as manifestações patológicas visíveis nos aparelhos hidrossanitários previamente cadastrados. As ocorrências foram registradas em fichas específicas desenvolvidas com base em Araújo (2004), ANA, FIESP e SINDUSCON (2005) e Gonçalves et al. (2005), com detalhamento do tipo e da intensidade do vazamento observado. A classificação do gotejamento em torneiras e chuveiros seguiu o método proposto por Oliveira (2002), por meio da contagem da frequência de gotas por minuto. A partir dessas informações, foram calculados dois indicadores: o Índice de Vazamento (IV), definido como a razão percentual entre o número de equipamentos com vazamento visível e o número total de equipamentos existentes, também separado por tipo de equipamento; e o Índice de Perdas Estimadas (IP), definido como o volume estimado de perda de água por dia associados a cada tipo de vazamento identificados nos edifícios analisados. As perdas estimadas de água foram obtidas com base em valores nominais diários atribuídos a cada tipo de vazamento, conforme literatura técnica especializada (Oliveira, 2002; Gonçalves et al., 2005; ANA; FIESP; SINDUSCON, 2005). O presente resumo apresenta os resultados parciais do estudo, que seguirá em andamento até dezembro de 2025, com previsão de novas vistorias e atualização dos indicadores ao longo do segundo semestre. Após a etapa de cadastro, com o levantamento das instalações hidrossanitárias dos prédios em estudo, constatou-se que a sede do TCE-PE possui um total de 381 equipamentos distribuídos em seus três prédios e áreas de jardim (122 no Nilo Coelho, 211 no Dom Hélder e 48 no Rui Lins e áreas externas), enquanto a Escola de Contas Públicas conta com apenas 42 equipamentos dessa natureza. Durante as vistorias realizadas entre abril e junho, os índices de vazamento apresentaram tendência de aumento na sede do TCE-PE, correspondendo a 2,4% em abril, 3,9% em maio e 5,0% em junho dos aparelhos com vazamentos. Esses índices variaram entre os prédios da sede ao longo do período. No Nilo Coelho, o IV reduziu de 4,9% em abril para 4,1% em maio e 0,8% em junho. Enquanto isso, o prédio Dom Hélder apresentou aumento progressivo, passando de 0,9% em abril para 4,7% em maio e 6,2% em junho. No prédio Rui Lins e nas áreas externas, o IV variou de 2,4% em abril para 0% em maio, voltando a subir em junho, quando atingiu 10,4%, valor que corresponde ao dobro do índice geral da sede nesse mês (IV = 5,0%). Na Escola de Contas Públicas, não foram detectados vazamentos em abril, e em maio e junho foram registradas apenas uma ocorrência em cada mês, resultando em IV de 2,4% em cada. Para todos os prédios analisados, esses valores podem ser considerados baixos, o que é reflexo da manutenção preventiva realizada pela equipe do TCE-PE e da agilidade nas correções, viabilizadas por um sistema interno de comunicação de anomalias. Em relação aos índices por tipo de equipamento, os vazamentos ocorreram com maior frequência nas bacias sanitárias da sede do TCE-PE em abril (IV = 4,5%), geralmente do tipo filete visível, e nas duchas, nos meses de maio (IV = 6,6%) e junho (IV = 16,4%), com ocorrências variando de gotejamento a vazamentos na mangueira flexível e na alimentação de água. Na Escola de Contas, as manifestações patológicas pontuais foram vistas em uma ducha higiênica com vazamento no flexível em maio (IV = 8,3%) e uma bacia sanitária com filete visível em junho (IV = 8,3%). As perdas estimadas foram calculadas com base nos métodos da literatura para cada tipo de vazamento identificado. Em abril, as manifestações patológicas identificadas nos prédios da sede do TCE-PE representaram uma perda estimada de 644,72 L/dia, valor bastante considerável. Em maio, esse volume aumentou para cerca de 720 L/dia, em função da maior ocorrência e dos tipos de vazamento identificados. Apesar do crescimento no número de vazamentos em junho, a perda de água estimada para o mês foi de 209,32 L/dia, o que se justifica pelos tipos de anomalias identificadas nos aparelhos. Entre os tipos de vazamento observados, destacam-se os filetes em torneiras (144 a 333 L/dia) e os filetes visíveis em bacias e mictórios (144 L/dia), segundo estimativas usadas por Silva et al. (2018). Essa diferença torna-se ainda mais evidente na análise da Escola de Contas Públicas. Embora tenha sido identificado um vazamento em maio e outro em junho nas instalações da escola, o primeiro correspondeu a uma perda de apenas 0,86 L/dia (vazamento no flexível da ducha), enquanto o segundo gerou uma perda estimada de 144 L/dia devido ao filete visível na bacia sanitária. Em conclusão, os resultados até o momento apontam para um crescimento progressivo dos vazamentos nos prédios analisados, com variações nas perdas estimadas associadas ao tipo de ocorrência observada. A análise de padrões, como a maior incidência em duchas higiênicas, contribuirá para o direcionamento de estratégias de manutenção preventiva e para o planejamento de campanhas de conscientização junto aos usuários.
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Seção
Engenharia Civil