Avaliação de técnicas de caracterização aplicados em alvenarias históricas com umidade ascensional: uma revisão sistemática da literatura

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Maria Eduarda Santana de Melo
Eudes de Arimatéa Rocha
Victor Marcelo Estolano Lima

Resumo

A umidade ascensional é reconhecida como uma das principais causas de degradação em alvenarias históricas, promovendo manifestações patológicas como eflorescências, desagregações e fissuras, que comprometem tanto o desempenho funcional quanto o valor patrimonial dos edifícios. Frente a esse desafio, torna-se essencial adotar diagnósticos mais precisos e compatíveis com a complexidade construtiva dessas edificações, preservando a sua integridade durante todo o processo (Alexakis et al., 2018). Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo identificar e analisar, por meio de uma revisão sistemática da literatura, as principais técnicas de caracterização avançada de materiais aplicadas ao diagnóstico da umidade ascensional em alvenarias históricas, bem como avaliar as contribuições dessas técnicas para a conservação do patrimônio edificado. A metodologia da revisão foi conduzida com base no protocolo PRISMA, utilizando oito bases de dados científicas e strings de busca específicos. Foram identificados 351 registros, dos quais 44 artigos foram incluídos na análise final após triagens por duplicidade, leitura de resumos e leitura integral com critérios de inclusão e exclusão previamente definidos. A análise dos estudos revelou o uso recorrente de técnicas como termografia infravermelha (IRT), cromatografia iônica (IC), difração de raios X (DRX), microscopia eletrônica de varredura (MEV), porosimetria por intrusão de mercúrio (MIP) e ensaios físico-hídricos, como absorção capilar. Verificou-se que muitas dessas técnicas são aplicadas de forma combinada nos estudos, visando diagnósticos mais abrangentes e precisos. Enquanto a IRT se destaca pelo mapeamento não invasivo da umidade superficial (Litti et al., 2015) técnicas como IC e DRX permitem a identificação e quantificação dos sais solúveis presentes nas alvenarias, fornecendo subsídios importantes sobre os mecanismos de degradação (Lopez-arce et al., 2009). A MEV, por sua vez, contribui com a visualização detalhada da microestrutura dos materiais, revelando fissuras e cristais de sais, enquanto a MIP quantifica a distribuição e o volume de poros, auxiliando na compreensão do comportamento higroscópico (Fragata e Velosa, 2021; Pavlík et al., 2022). A revisão também identificou técnicas emergentes, como tomografia de resistividade elétrica (ERT), espectroscopia de emissão ótica induzida por laser (LIBS) e sensores baseados em micro-ondas, que têm se mostrado promissoras no monitoramento não destrutivo e contínuo da umidade em profundidade. Apesar das contribuições relevantes, foram observadas limitações operacionais em várias técnicas, como necessidade de extração de amostras, sensibilidade a variáveis ambientais e necessidade de operadores especializados, o que reforça a importância de uma escolha criteriosa conforme o contexto da edificação. Os resultados apontam ainda para a carência de estudos em países da América Latina e África, bem como para a necessidade de integração entre técnicas laboratoriais e simulações computacionais. Conclui-se que a utilização integrada de técnicas de caracterização avançada amplia significativamente a capacidade diagnóstica e contribui para intervenções mais eficazes e compatíveis com os princípios da conservação preventiva. A principal contribuição deste estudo está na sistematização crítica das técnicas utilizadas, no esclarecimento de suas finalidades, limitações e aplicações, e na proposição de caminhos para futuras pesquisas voltadas ao aprimoramento das metodologias empregadas no diagnóstico da umidade ascensional em alvenarias históricas.

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Seção
Engenharia Civil