Métodos de Reforço para Prédios tipo “Caixão” na RMR: Abordagem Integrada

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Isaac Sérgio Brito
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani

Resumo

Os últimos anos, a Região Metropolitana do Recife tem vivenciado episódios trágicos que evidenciam a fragilidade estrutural das alvenarias resistentes do tipo "caixão": no Edifício Leme, em Olinda (2023), onde 27 pessoas perderam a vida (Diário de Pernambuco, 2025); no desabamento parcial do bloco D7 do Conjunto Beira Mar, em Paulista (2023) (G1, 2025); e, mais recentemente, em Jaboatão dos Guararapes (2025) (Folha de Pernambuco, 2025), restando clara a necessidade urgente de diagnósticos preventivos e intervenções de reforço adequadas a essas edificações, popularmente conhecidas como "prédios caixão", executadas foram executadas sem fundamentação tecnológica e sem observância da NBR 10837/89 (Oliveira et al., 2012) e se caracterizam pelo uso de blocos cerâmicos vazados, sem travamento eficaz, resultando em baixa resistência ao cisalhamento e insuficiente ductilidade. Esta pesquisa foi estruturada em duas etapas complementares: a primeira consistiu em uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL), conduzida segundo o protocolo PRISMA com seleção de publicações de 2014 a 2024 que apresentavam dados quantitativos sobre o desempenho mecânico dos reforços; a segunda envolveu ensaios laboratoriais realizados no Laboratório de Estruturas da UFPE. Nesses ensaios, painéis simulando alvenarias dos prédios do tipo caixão foram moldados in loco com blocos cerâmicos e argamassa industrializada, permitindo validar experimentalmente as técnicas identificadas na RSL aplicadas e adaptadas ao contexto da atual problemática. A análise bibliométrica revelou um interesse crescente no tema, com 97 artigos publicados entre 2014 e 2024 dedicados ao estudo de reforços em alvenarias não armadas. Esses trabalhos investigaram reforços utilizando principalmente compósitos cimentícios, como sistemas FRCM e FRM, e reforços poliméricos, em especial FRP e NSM, demonstrando ainda variedade nos protocolos de ensaio e nos tipos de reforço aplicados, bem como nos traços de argamassa e condições de cura. Autores como Hernoune et al. (2020) e Soleymani et al (2023) detalharam o uso de barras de GFRP via NSM, Aiello et al (2007) Menna et al (2015) analisaram telas de fibra de vidro incorporadas em argamassa. Motivados pela heterogeneidade metodológica identificada na RSL, realizaram-se ensaios padronizados em painéis de alvenaria de 600×1000×150 mm, incluindo um painel de referência sem reforço e quatro configurações distintas: revestimento argamassado de 20 mm (AR), aplicado com argamassa industrializada de alto desempenho; barras de GFRP de 8 mm instaladas via técnica NSM (AG), mediante sulcos fresados preenchidos com adesivo epóxi; barras de aço CA‑50 de 8 mm (AS), inseridas pelo mesmo método NSM; e telas de GFRP (AT), incorporadas em camada de argamassa para reforço distribuído. Os resultados experimentais demonstraram ganhos médios de resistência máxima à compressão de 74,7 % (AR), 113 % (AG), 130 % (AS) e 110 % (AT), bem como incrementos de resistência pós-fissuração de 5,8 % (AR), 128,1 % (AG), 150,9 % (AS) e 135 % (AT), indicando que os sistemas ancorados mecanicamente restauram considerável reserva de ductilidade, retardando o colapso abrupto sob solicitações extraordinárias. Em termos práticos, as técnicas NSM com barras de GFRP e de aço CA‑50 demonstraram elevada eficiência ao elevar simultaneamente a resistência e a ductilidade, sendo recomendadas para reforços discretos; já as telas de fibra de vidro se destacaram pela facilidade de execução, rigidez inicial expressiva e peso reduzido, constituindo solução atraente para obras sujeitas a carregamentos estáticos. Em conclusão, os resultados quantitativos reforçam a recomendação de adoção das técnicas NSM com GFRP (ganho médio de 113 % na resistência e 128,1 % no ganho de resistência após a 1° fissura) e com aço CA‑50 (130 % e 150,9 %, respectivamente), bem como de reforços com telas de fibra de vidro (110 % e 135 %), em projetos de reabilitação de prédios caixão, visando garantir maior rigidez inicial, ampla reserva pós-crítica e, consequentemente, segurança e durabilidade superior.

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Seção
Engenharia Civil