Evidências estatísticas da correlação entre idade e manifestações patológicas em edifícios públicos
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Resumo
A durabilidade e desempenho das edificações públicas está relacionada com a eficiência das estratégias de manutenção aplicadas ao longo da sua vida útil (Piaia, Costa e Quinello, 2022; Silva; Lordsleem Júnior; Cabral, 2025). Baseado nas normas NBR 5.674 (ABNT, 2012) e NBR 17.170 (ABNT, 2022), a eficiência da gestão predial, dentre outras coisas, deve ser apta a controlar a ocorrência de falhas recorrentes dos sistemas construtivos em função de ações programadas. No entanto, esta prática não é amplamente observada no trato dos edifícios públicos, sendo comum observar que, mesmo em face de um enquadramento legal adequado, no ambiente das instituições públicas brasileiras, as manutenções preventiva e preditiva são desprezadas em função da prática de ações corretivas (Viana et al., 2022). Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo analisar estatisticamente a relação entre a idade das edificações públicas e a incidência de manifestações patológicas. Para isso, a pesquisa foi efetuada com base na quantificação de representações de manutenções corretivas abertas no ano de 2022 relativas a 134 edificações, majoritariamente térreas, de uma instituição federal, divididas em 5 faixas etárias: 0-5, 6-10, 11-20, 21-49 e superior a 50 anos. O tratamento desses dados foi efetuado através de planilhas eletrônicas e organização destas por sistemas e subsistemas construtivos, segundo preceitos da NBR 15.575, NBR 16.858, NBR 16.401 e NBR 15.848. A metodologia adotou abordagem quantitativa, aplicada e experimental, com análise estatística descritiva e inferencial, especialmente por meio do Teste dos Sinais Relativos à Mediana Populacional. Desta forma, foi testada a Hipótese Nula (H0) de que a idade das edificações influencia diretamente a quantidade de manifestações patológicas apresentadas pelas edificações. Como procedimentos, foram adotados Hipótese Nula igual à Mediana Populacional (H0 = µ0) e Hipótese Alternativa maior que a Mediana Populacional (Ha > µ0). Após, determinou-se o valor ‘p’. Se o valor de ‘p’ encontrado for inferior ao α, rejeita-se H0. Os resultados revelaram que os sistemas e subsistemas com maior incidência de manifestações patológicas foram: a cobertura (com danos em calhas e rufos), os sistemas estruturais e de vedação vertical (através de infiltrações), piso (desplacamentos) e o sistema de climatização (por meio de vazamentos de gás). No que tange às faixas etárias, as edificações entre 6 e 10 anos obtiveram um aumento considerável de ocorrências em relação as que se encontram na faixa de 0 a 5 anos, onde a garantia concedida ao adquirente pelo Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990), Código Civil Brasileiro (BRASIL, 2002) e NBR 17.170 (ABNT, 2022) ainda vigora. Contudo, após os 11 anos a tendência é que a quantidade de manifestações patológicas estabilize, como também indicado por Novaes e Poznyakov (2021) e Pinheiro Jr. e Oliveira (2020). A análise estatística confirmou a hipótese de que a idade das edificações influencia diretamente na quantidade de manifestações patológicas, pois o valor-p calculado foi superior ao nível de significância adotado (α = 0,5), o que impediu a rejeição da hipótese nula. O comportamento observado enfatiza que a sistematização de práticas de manutenção em sistemas prediais com base em indicadores técnicos é um fator importante, uma vez que é possível realizar ações preventivas mais eficientes, conforme observado por Gressler et al. (2020). Além disso, a pesquisa também revelou que, apesar de sistemas informatizados de controle de manutenção e a existência de regulamentação por normas técnicas, o desempenho da manutenção em Natureza corretiva enquanto alcança a eficiência da gestão gera uma redução da vida útil de projeto (VUP), maior custo de operação e repetição de falhas passíveis de serem evitadas por planejamento e qualificação técnica, conforme também observado por Silva et al. (2022) e Amorim (2023). Conclui-se, portanto, que o estudo da relação entre a idade e a incidência de manifestações patológicas em edificações públicas fornece subsídios importantes para a tomada de decisões técnicas e estratégicas para a gestão desses ativos públicos, contribuindo para a melhoria da destinação dos recursos e conservações desses edifícios.
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Seção
Engenharia Civil