Estratégias de Inclusão em Plataformas LMS e LXP para Estudantes Neurodivergentes na Graduação em Ciência da Computação

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Cristiane Domingos de Aquino Teixeira
Ivaldir Honório de Farias Júnior
Sidney Marlon Lopes de Lima

Resumo

Atualmente, observa-se um crescimento significativo na identificação de estudantes neurodivergentes no ensino superior, incluindo aqueles com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), dislexia e outras condições que envolvem variações cognitivas e neurológicas. No Brasil, segundo o Censo da Educação Superior (INEP, 2022), aproximadamente 52 mil estudantes com algum tipo de deficiência, transtorno global do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação estavam matriculadas em cursos de graduação, sendo que muitos deles se enquadram no espectro da neurodivergência. Esse número representa um aumento de mais de 45% em relação a 2018, refletindo tanto o avanço nas políticas de inclusão quanto a ampliação dos critérios diagnósticos e do reconhecimento institucional dessas condições. Nesse contexto, torna-se importante que as instituições de ensino superior (presencial ou online), adotem práticas pedagógicas e tecnológicas que considerem as necessidades específicas desse público. As plataformas digitais de aprendizagem, como os sistemas LMS (Learning Management System) e LXP (Learning Experience Platform), passaram a ocupar papel central nesse processo, especialmente em cursos de áreas técnicas, tais como a Ciência da Computação, onde a complexidade dos conteúdos pode acentuar as barreiras para estudantes neurodivergentes. No entanto, apesar do marco legal garantido pela Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015), ainda são frequentes os relatos de exclusão, evasão e dificuldades de adaptação a esses ambientes digitais. Diante desse cenário, o objetivo deste trabalho foi identificar e analisar, por meio de uma revisão sistemática da literatura, as principais estratégias de inclusão aplicadas em plataformas LMS e LXP que impactam diretamente o engajamento, o desempenho acadêmico e a permanência de estudantes neurodivergentes matriculados em cursos superiores de Ciência da Computação. A metodologia adotada foi uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL), de natureza qualitativa, desenvolvida a partir do protocolo PRISMA e executada com auxílio da ferramenta Parsifal. Foram analisadas publicações indexadas em inglês nas bases IEEE Xplore, Scopus e Google Scholar, com delimitação temporal de 2010 a 2024. O processo envolveu cinco etapas principais: definição do protocolo (usando a estratégia PICO), busca nas bases, triagem por critérios de inclusão/exclusão, extração dos dados relevantes e síntese dos resultados. Foram inicialmente identificados 171 estudos primários, sendo 26 selecionados para leitura aprofundada e 15 utilizados na análise final. Os resultados revelaram que plataformas LMS e LXP vêm incorporando estratégias como personalização adaptativa, fragmentação de conteúdo, uso de inteligência artificial, design universal para aprendizagem (UDL), análise de engajamento e recursos de acessibilidade (GARCÍA et al., 2016; MITTAL et al., 2024). Tais abordagens resultaram em ganhos concretos: aumento de até 20% na precisão de resolução de problemas em estudantes autistas, melhora no desempenho acadêmico de alunos com TDAH e redução de 30% nas taxas de evasão em cursos de Ciência da Computação (SHARABI; SHELACH INBAR, 2024; LEVENBERG; REESH, 2023). No entanto, ainda persistem barreiras que limitam a efetividade dessas soluções, como a falta de interoperabilidade entre plataformas, a ausência de formação docente específica e o receio de estigmatização, que dificulta a autorrevelação dos estudantes (LIPMAN, 2022; PIERRES et al., 2025). Também foram identificadas lacunas na literatura, como a escassez de pesquisas quantitativas robustas, baixa representatividade de cursos técnicos como Ciência da Computação e ausência de diretrizes integradas de acessibilidade digital. A conclusão aponta que, embora haja avanços importantes, a construção de AVAs verdadeiramente inclusivos requer ações intersetoriais, que unam inovação tecnológica, formação pedagógica, políticas públicas e participação ativa dos sujeitos neurodivergentes. As contribuições do presente estudo fornecem subsídios para o desenvolvimento de ecossistemas educacionais mais equitativos, promovendo a valorização da diversidade neurocognitiva e a democratização do ensino superior no contexto da transformação digital da educação.
 
 

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Seção
Engenharia da Computação e Sistemas