Dinâmica espacial do descarte irregular de RCC em contexto urbano: O caso de Recife-PE

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Queren-Hapuque Oliveira Aquino
Luciana Cássia Lima da Silva
Kalinny Patrícia Vaz Lafayette

Resumo

A expansão urbana favorece o setor da construção civil por mobilizar serviços de infraestrutura, habitação, mobilidade e segurança urbana (Neto; Dantas, 2025; Braga; Santos, 2024). Essas intervenções, mesmo que necessárias, podem gerar impactos negativos ambientais, sociais e econômicos, principalmente, em relação ao quantitativo da geração e descarte de resíduos da construção civil (RCC), que representa até 70% dos resíduos sólidos urbanos no Brasil (Ferreira et al., 2025; Lima et al., 2024). Diante disso, estima-se uma geração de resíduos de 500 kg/hab.ano, contribuindo para problemas ambientais e de saúde pública, como a proliferação do mosquito Aedes aegypti (Galdino; Paiva; Santos, 2023). Assim, para mapear e analisar a distribuição espacial desses resíduos em relação aos recursos hídricos, unidades de saúde e educação é essencial o uso de geotecnologias (Prestes; Nascimento; Graciano, 2024; Pessoa Neto et al., 2023). Portanto, o objetivo deste estudo foi mapear os pontos de deposição irregular de RCC no Recife. Como metodologia foram cadastrados 1.308 pontos de descarte irregular de resíduos, sendo obtidos registros fotográficos e coordenadas geográficas. Em seguida, foram mapeadas as unidades de equipamentos públicos (saúde e ensino), disponíveis no site oficial da Prefeitura do Recife. Em relação aos recursos hídricos, utilizou-se o Modelo Digital de Elevação (MDE) e os dados do programa Pernambuco Tridimensional (PE3D), delimitando assim, as bacias hidrográficas locais (Capibaribe, Tejipió, Beberibe, Jiquiá e Jordão). Com os dados geográficos dos pontos de descarte, dos equipamentos públicos e dos recursos hídricos foram elaborados os mapas temáticos no software QGIS (versão 3.40.7). A classificação dos riscos seguiu critérios em que os pontos de saúde e educação distantes até 20m do descarte irregular tem maior impacto, e com distâncias superiores a 160m tem um impacto reduzido. Como resultado dentre os 1.308 pontos de descarte irregular distribuídos nas 6 Regiões Políticas Administrativas (RPAs); a maior quantidade, foi localizado na RPA 4, 398 pontos, enquanto a menor quantidade foi mapeada na RPA 2, 113 pontos de deposição de resíduos . Em relação a distância dos recursos hídricos, constatou-se que apenas 4,9% dos pontos estão  até 20 metros dos cursos d’água, com área de risco elevado, enquanto a maioria (77,3%), encontram-se a mais de 120 metros, contribuindo para um cenário positivo. Por fim, verificou-se que em relação as escolas apenas um ponto foi classificado como impacto expressivo, enquanto 1.225 foram considerados insignificante. No que diz respeito às unidades de saúde 1.241 pontos foram classificados como de baixo risco, resultando em uma situação de exposição reduzida aos impactos ambientais. Assim, pode-se concluir que embora o descarte irregular de resíduos da construção civil seja expressivo na cidade do Recife, sua distribuição apresenta relação mais direta com fatores como densidade populacional e infraestrutura, do que com a quantidade de bairros da região. Em relação a análise espacial demonstrou que a maioria dos pontos de descarte, encontra-se distante de áreas sensíveis, como cursos d’água e equipamentos públicos, o que configura um cenário de risco ambiental reduzido. No entanto, a presença de pontos, ainda que em menor quantidade, próximos a recursos hídricos reforça a necessidade de ações preventivas e estratégicas de educação ambiental.

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Seção
Engenharia Civil