Painel interativo de óbitos fetais em Pernambuco: Análise sociodemográfica para o monitoramento da saúde materno-infantil

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Maria Eduarda Ferro de Mello
Patricia Takako Endo

Resumo

A morte fetal é um importante problema de saúde pública que afeta milhões de mulheres e famílias em todo o mundo. O cuidado primário para a saúde pré-natal e neonatal tem um impacto significativo na vida e saúde das mães e dos bebês em desenvolvimento (UNICEF, 2022). Em 2010, o Ministério da Saúde (MS) determinou a obrigatoriedade do monitoramento e investigação de óbitos fetais e infantis como parte do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Os dados gerados por essa estratégia permitem que pesquisadores e formuladores de políticas avaliem com precisão a escala das fatalidades e categorizem suas causas principais e circunstâncias contextuais. Isso, por sua vez, facilita o desenvolvimento de recomendações eficazes para intervenções direcionadas visando a prevenção de mortes evitáveis (Marques et al., 2021; Oliveira et al., 2016). Em 2023, a região Nordeste apresentou a segunda maior Taxa de Mortalidade Fetal (TMF) do país, sendo em Pernambuco o segundo maior número de casos na região (DATASUS, 2024). O estudo tem como objetivo o desenvolvimento de um painel interativo de dados voltado ao monitoramento dos casos de morte fetal no estado de Pernambuco, com ênfase nas características sociodemográficas das gestantes. Para isso, foram utilizados dados fornecidos em parceria com o antigo projeto social Programa Mãe Coruja Pernambucana (PMCP) dos anos de 2008 a 2022. A base de dados continha 231.505 registros de gestantes e 74 colunas.  Os dados incluem informações sobre vários aspectos da gestante, incluindo histórico de saúde e familiar, comorbidades, fatores sociodemográficos, dados do pré-natal e antecedentes obstétricos, dados residenciais e de unidades de saúde e datas informativas pessoais. Foram retirados todos os registros classificados como ‘Nascidos vivos’ para análise apenas as gestantes acometidas pelo óbito fetal. Para lidar com os dados vazios, foi feito o preenchimento com o valor ‘Não informado’ para melhor análise visual. Por se tratar de uma análise sociodemográfica dos dados, os registros de pessoas "pardas" e "pretas" foram agrupados na categoria "Preta/Parda". Essa metodologia baseia-se no "dilema do pardo" proposto por Lopes, 2017, no qual a interseccionalidade racial contribui para a compreensão dos marcadores sociais. Além disso, utilizamos o estudo de Lago et al., 2023  que define os pardos como uma população negra de pele clara para embasar a metodologia. O painel interativo desenvolvido com esses dados fornece informações valiosas sobre gestantes pernambucanas e pode ser acessado via: http://dashangels.dotlabbrazil.com.br/. No estudo foi possível analisar ocorrências dos óbitos ao decorrer dos anos e analisar informações sobre a gestante como raça, idade, escolaridade, estado civil, planejamento familiar e dados socioeconômicos, incluindo renda familiar, carteira de trabalho e moradia ligada a rede de esgoto. Essas informações ajudam a entender o impacto das desigualdades sociais na saúde materna e nos desfechos das gestações. É relevante destacar que cada registro apresentado no trabalho é uma vida perdida, um sofrimento de uma mãe e uma família em luto. Desse modo, o painel interativo fornece informações valiosas que podem estimular a formação de políticas públicas assertivas na prevenção e assistência à saúde. Destaca-se a importância de melhorias no pré-natal, voltada a atenção em grupos vulneráveis aspirando um SUS universal, descentralizado e acolhedor.

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Seção
Engenharia da Computação e Sistemas