Avaliação de projeto de acessibilidade arquitetônica e informacional por meio da realidade virtual

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Rayssa Valéria Silva
Thomás Martins Leal
Bianca Maria Vasconcelos

Resumo

O presente trabalho documenta os resultados de um projeto de pesquisa realizado na Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (POLI/UPE), com o objetivo de avaliar e validar projetos de acessibilidade arquitetônica e informacional por meio da Realidade Virtual (RV). A pesquisa integrou tecnologias imersivas ao processo de projeto e planejamento urbano com foco na inclusão de pessoas com deficiência (PcD), físicas, auditivas, visuais e idosos. Ao longo de 36 meses de atividades, o projeto foi dividido em seis etapas principais: (1) revisão sistemática da literatura, (2) desenvolvimento de modelagens tridimensionais em BIM, (3) conversão dos modelos para ambientes de RV utilizando o Unreal Engine® e o dispositivo Meta Quest 2®, (4) validação técnica das soluções de projeto, (5) aplicação das simulações com PcDs e idosos e (6) análise dos dados e feedbacks coletados. A revisão sistemática utilizou o protocolo PRISMA, com buscas em bases como Scopus, Web of Science, Science Direct, Engineering Village e Taylor & Francis, adotando a string: ("accessibility" OR "architectural accessibility" OR "accessibility project") AND ("assistive technologies" OR "virtual reality" OR "inclusive immersion") AND ("disability" OR "people with disabilities"). Os estudos selecionados demonstraram o crescimento do uso de RV como ferramenta de apoio à acessibilidade nos últimos dez anos, com ênfase em simulação de ambientes acessíveis, personalização, usabilidade e inclusão sensorial (Fayyaz; Khusro; Imranuddin, 2023; Yildirim, 2024). Com base em projeto arquitetônico prévio de requalificação da POLI, a equipe modelou em Revit® 2023 os principais edifícios do campus (Blocos A, I, K, guarita e áreas externas), replicando com fidelidade pisos táteis, rampas, sinalizações, guarda-corpos, mobiliário urbano e demais elementos essenciais à mobilidade. A modelagem foi convertida para Unreal Engine®, permitindo experiências imersivas em primeira pessoa. Durante a validação, participantes com deficiências físicas, visuais e auditivas, além de idosos, exploraram as rotas virtuais propostas e relataram suas percepções sobre barreiras, desconfortos e sugestões de melhoria. Dentre os apontamentos mais recorrentes, destacam-se: a baixa visibilidade de placas informativas, a má localização de mapas táteis e obstáculos no mobiliário urbano. Além disso, foram observadas dificuldades no uso dos equipamentos de RV, especialmente quanto à adaptação dos controles manuais para alguns tipos de deficiência. A pesquisa evidenciou que a RV oferece subsídios reais e efetivos à concepção de espaços acessíveis, ao permitir ajustes ainda na fase de projeto e integrar diretamente os usuários finais no processo. A vivência virtual revelou aspectos que frequentemente passam despercebidos por projetistas e técnicos sem deficiência, destacando a importância da participação ativa dos PcDs como agentes validadores. Entre os principais benefícios identificados, estão a antecipação de problemas de acessibilidade, a redução de custos com retrabalho, o engajamento de usuários reais e a disseminação da cultura do design inclusivo na formação acadêmica e profissional. Em síntese, o estudo reforça a importância da realidade virtual como aliada na promoção da acessibilidade, e sugere sua adoção institucional como prática contínua de planejamento urbano e arquitetônico, ampliando a inclusão e a equidade nos espaços públicos e educacionais.

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Seção
Engenharia Civil