UTILIZAÇÃO DE GEOTECNOLOGIAS NO MAPEAMENTO DE PONTOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO PERÍMETRO URBANO DA ILHA DE ITAMARACÁ/PE

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Pedro Henrique Dantas
Jonas da Silva Bezerra
Kalinny Patrícia Vaz Lafayette
Amaury Gouveia Pessoa Neto

Resumo

O aumento expressivo da geração de resíduos sólidos urbanos (RSU) é uma das consequências mais visíveis da expansão urbana desordenada, impactando diretamente a qualidade ambiental e a saúde pública, especialmente em regiões litorâneas e turísticas. Globalmente, cerca de 2 bilhões de toneladas de RSU são produzidas anualmente, sendo pelo menos 33% descartadas de forma inadequada, o que contribui significativamente para a degradação dos recursos naturais e contaminação do solo, da água e do ar (DEVENDRAN et al., 2023; SANTOS, SILVA, VITAL, 2022). No Brasil, a produção de resíduos atingiu cerca de 81,8 milhões de toneladas em 2022, equivalente a 1,043 kg/hab/dia, com destaque para a persistência de práticas inadequadas de descarte, como a destinação a lixões, que ainda aumentaram em 0,2% no mesmo período (ABRELPE, 2022; MMA, 2022). Este estudo tem como objetivo principal identificar e mapear as áreas mais vulneráveis aos impactos ambientais decorrentes do descarte irregular de resíduos sólidos urbanos no município da Ilha de Itamaracá (PE), com ênfase nos riscos associados à degradação ambiental, contaminação hídrica e ausência de planejamento urbano. Além disso, busca-se fornecer subsídios técnicos ao poder público local para a elaboração de políticas públicas voltadas à gestão adequada dos resíduos sólidos, especialmente em áreas de maior circulação turística e populacional. O presente estudo teve como área de análise o município da Ilha de Itamaracá, localizado na Região Metropolitana de Pernambuco, com área de 66,146 km², 24.540 habitantes e uma densidade demográfica de 371 hab/km² (IBGE, 2022). A pesquisa concentrou-se nos bairros de maior vulnerabilidade, como São Paulo, Forno da Cal, Rio Âmbar e Forte Orange, onde foram identificados 387 pontos de descarte irregular de resíduos sólidos urbanos em uma área aproximada de 5 km², com maior incidência nas zonas de praia e áreas de veraneio, intensificadas pela atividade turística sazonal. Para realização da pesquisa, foi realizado o procedimento de levantamento de dados em campo com georreferenciamento, utilizando GPS e o software QGIS 3.28.1, aliado a análises multicritério baseadas em parâmetros como declividade, pedologia, recursos hídricos, equipamentos públicos e comerciais e hidrogeologia. A avaliação espacial foi conduzida por meio de álgebra de mapas, a partir da soma de scores atribuídos a cada parâmetro, com base em estudos de referência (BIJU, 2015; BOHNENBERGER et al., 2018; PAZ et al., 2018). As informações vetoriais e matriciais foram obtidas por meio de fontes como IBGE, CPRM e Google Earth Pro. Os resultados revelaram que a maioria dos descartes se concentra em áreas próximas a equipamentos públicos e zonas de maior circulação populacional, gerando riscos sanitários e ambientais consideráveis. Destaca-se a ausência de planejamento urbano e de gestão adequada dos resíduos, o que agrava a contaminação de corpos hídricos e do lençol freático, devido à vulnerabilidade hidrogeológica da região. A análise espacial indicou que 49,32% da área apresenta risco médio, 48,88% risco alto e 1,80% risco muito alto de impacto ambiental, não havendo áreas classificadas como de risco baixo. Dessa forma, a utilização de ferramentas de geotecnologia, como o geoprocessamento, mostrou-se essencial na identificação das áreas mais vulneráveis, proporcionando subsídios técnicos relevantes para o planejamento ambiental e urbano do município. A criação de políticas públicas direcionadas à gestão de resíduos, especialmente em áreas turísticas, é imprescindível para mitigar os danos ambientais e melhorar a qualidade de vida da população residente e flutuante.

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Seção
Engenharia Civil