Parceria Indústria–Academia no Desenvolvimento de Soluções de Software Acessível

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Denis Gois Marques
Wylliams Santos
Richard Rocha
Rui Nobrega Filho

Resumo

A lacuna entre o aprendizado acadêmico e o desenvolvimento de software no mundo real continua sendo um desafio fundamental no ensino de Engenharia de Software. Essa desconexão entre o que é ensinado em instituições acadêmicas e as necessidades reais da indústria de software é um tema amplamente debatido na literatura acadêmica, com estudos explorando soluções relacionadas à adoção de métodos ágeis em diferentes contextos educacionais em todo o mundo. A indústria de software, caracterizada por sua rápida evolução com novas metodologias de produtos, frequentemente diverge dos currículos acadêmicos, resultando em graduados com experiência prática insuficiente para as demandas do mercado. Essa desconexão entre o que é ensinado em instituições acadêmicas e as necessidades reais da indústria de software é um tema amplamente debatido na literatura acadêmica. Para superar essa disparidade, a colaboração entre Indústria, Academia e Governo (IAC/IAG) surge como um mecanismo vital e altamente impactante no avanço da Engenharia de Software (Marques et al., 2023; Dallegrave et al., 2023). Nesse cenário, a Pesquisa-Ação (PA) se estabelece como uma metodologia eficaz para fomentar essa colaboração (Petersen et al., 2014; Dallegrave et al., 2023). Guiada por problemas práticos, ela enfatiza a pesquisa participativa e o desenvolvimento iterativo de soluções úteis, envolvendo um ciclo contínuo de observação, reflexão, planejamento, ação e avaliação (Petersen et al., 2014). Essa abordagem combina o conhecimento teórico da academia com os desafios práticos da indústria, resultando em soluções mais relevantes e eficazes. A PA é considerada uma boa prática para colaborações entre indústria, academia e governo, com estudos indicando que essa metodologia fortalece os laços entre as instituições (Marques et al., 2024; Garousi et al., 2020). Este resumo apresenta uma iniciativa curricular inovadora que integra discentes de graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado) em equipes multidisciplinares. O objetivo principal é desenvolver soluções de software acessíveis e socialmente orientadas, em colaboração com stakeholders da indústria, academia e governo. Embora a inclusão de indivíduos de diversas áreas do conhecimento enriqueça o intercâmbio e a disseminação de novas perspectivas, também pode apresentar desafios relacionados à integração e ao nivelamento do conhecimento técnico. Utilizando a Pesquisa-Ação como metodologia norteadora, o projeto levou ao desenvolvimento de cinco protótipos funcionais (MVPs), abrangendo áreas como saúde e educação. Foi dada ênfase particular à incorporação de princípios de desenvolvimento de software, como acessibilidade, desde o planejamento até a implantação. A pesquisa atual foi realizada na disciplina de Engenharia de Software, que faz parte do programa de mestrado e doutorado acadêmico em Engenharia da Computação e do curso de graduação em Engenharia da Computação da Universidade de Pernambuco, no Brasil. As turmas contaram com o apoio de três alunos do Estágio de Docência que auxiliaram as equipes ao longo do curso. A turma era composta por 20 discentes de graduação em Engenharia da Computação e 13 discentes de Pós-Graduação (Mestrado/Doutorado). O principal objetivo do curso era permitir que os discentes tivessem contato direto com problemas reais enfrentados pela indústria de software e, ao mesmo tempo, conceber e executar ações que efetivamente resolvam esses problemas reais. Essa abordagem foi implementada por meio da pesquisa-ação como método norteador. Para desenvolver os projetos, utilizamos práticas ágeis como o Scrum. Foram desenvolvidos cinco projetos (MVPs) por estudantes que abordaram desafios acadêmicos, empresariais e de saúde. Autbot e ChatEdu são chatbots educacionais, utilizando grandes modelos de linguagem para apoiar usuários com TEA e estudantes de Engenharia de Software, respectivamente. O Project Observatory 2.0 promove transparência acadêmica por meio do acompanhamento centralizado de projetos. Copilot Médico utiliza IA para auxiliar profissionais de saúde na interpretação de prontuários eletrônicos, enquanto o MyFetus gamifica o cuidado pré-natal para populações em vulnerabilidade social. Juntas, essas soluções integram IA, acessibilidade e design centrado no usuário em áreas de grande impacto. Para validar a metodologia de ensino e o método aplicado, foi utilizado um questionário respondido por todos os discentes participantes. As questões seguiram o padrão estabelecido pela literatura referencial, abordando o perfil dos participantes, o tamanho da equipe e a duração do projeto, os desafios e benefícios da pesquisa-ação para a indústria e a academia, bem como as percepções de satisfação e aprendizagem. O questionário conclui com uma seção que estimula a reflexão sobre acessibilidade nos projetos desenvolvidos. O roteiro completo do instrumento está disponível em: <https://doi.org/10.5281/zenodo.16635288 >. A utilização da Pesquisa-Ação facilitou a transferência do conhecimento teórico para aplicações práticas em saúde, educação e serviço público, proporcionando aos estudantes experiência em desafios reais de engenharia de software. O método permitiu ciclos iterativos de observação, planejamento, ação e avaliação, com feedback contínuo dos stakeholders. Reuniões semanais, planejamentos e retrospectivas garantiram comunicação eficaz e alinhamento com os objetivos do projeto. A colaboração entre indústria e academia foi fortalecida, integrando estudantes de graduação e pós-graduação em equipes mistas, com stakeholders externos atuando como Product Owners. O método mostrou-se eficaz para conectar teoria e prática, aumentar o engajamento estudantil e a conscientização sobre acessibilidade. No entanto, desafios como o planejamento complexo, falta de conhecimento prévio sobre acessibilidade e dificuldades na gestão de tempo foram apontados pelos participantes

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Seção
Engenharia da Computação e Sistemas