Geotecnia e Preservação do Patrimônio: Análise Comparativa das Condições do Sítio Histórico de Olinda entre os Anos 1980 e a Atualidade
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Resumo
O sítio histórico de Olinda, inscrito na lista do Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO (UNESCO, 2012), constitui um dos mais relevantes acervos urbanos e arquitetônicos do Brasil. No entanto, a sua localização em terreno colinoso, associado à proximidade do litoral, impõe desafios geotécnicos significativos que afetam diretamente a preservação do patrimônio edificado (Lacerda, 2019). A área é caracterizada por solos de elevada plasticidade, presença de argilas moles, formação barreiras e encostas suscetíveis a processos erosivos e movimentos de massa (Almeida e Silva, 2018). Tais condições naturais, quando somadas às pressões exercidas pela ocupação urbana desordenada e por intervenções antrópicas ao longo dos séculos, têm resultado em manifestações patológicas recorrentes nas edificações, como recalques diferenciais, fissuração de elementos estruturais e instabilidade de fundações (Fernandes e Amaral, 2002; Correia e Lucena, 2016). A pesquisa, em desenvolvimento, parte da premissa de que o conhecimento da evolução das condições geotécnicas ao longo do tempo é essencial para subsidiar estratégias eficazes de conservação. Nesse sentido, busca-se comparar dados geotécnicos levantados na década de 1980 com informações obtidas em estudos e mapeamentos recentes, a fim de identificar transformações significativas ocorridas nas últimas quatro décadas. Essa análise permitirá compreender de que forma o crescimento urbano acelerado, a supressão da vegetação nativa e a realização de cortes, aterros e obras de infraestrutura impactaram a estabilidade do sítio histórico. A investigação se apoiará em levantamento bibliográfico e documental, georreferenciamento de áreas críticas, análise de imagens aéreas e de sensoriamento remoto, além da realização de visitas técnicas para reconhecimento em campo. Do ponto de vista crítico, é importante salientar que, desde os anos 1980, observa-se a ausência de políticas públicas consistentes de controle urbano e de monitoramento geotécnico sistemático. A fiscalização ineficaz, somada a intervenções pontuais e muitas vezes emergenciais, contribuiu para a ampliação das vulnerabilidades, permitindo a expansão de ocupações em áreas sensíveis e a degradação progressiva das encostas (Vargas e Pereira, 2018; Lacerda, 2019). A falta de integração entre órgãos de preservação, gestão municipal e planejamento urbano resultou em soluções fragmentadas e de curto prazo, que pouco dialogam com as demandas de conservação do patrimônio cultural (FUNDAJ, 2010). Espera-se, como resultados, construir um panorama comparativo capaz de evidenciar as alterações geotécnicas e ambientais mais expressivas no período considerado, apontando os fatores de maior vulnerabilidade para o patrimônio edificado. A pesquisa pretende, ainda, contribuir para a identificação de áreas de risco iminente, subsidiando medidas de monitoramento contínuo das encostas e de controle das águas pluviais. Recomenda-se, nesse contexto, a adoção de soluções de drenagem compatíveis com a morfologia local, a recomposição da vegetação em trechos degradados e a aplicação de técnicas de contenção de baixo impacto visual, respeitando a ambiência histórica. Dessa forma, o estudo não se limita à análise técnica, mas busca articular a geotecnia com as políticas de conservação e planejamento urbano sustentável, oferecendo subsídios para gestores públicos, órgãos de preservação e a comunidade científica. Pretende-se, ao final, que os resultados possam orientar ações preventivas, evitando que a degradação progressiva comprometa a integridade e a perenidade do sítio histórico de Olinda. Assim, a pesquisa reforça a importância da interdisciplinaridade na preservação do patrimônio cultural, destacando que a salvaguarda de bens edificados depende, em grande medida, da compreensão e da gestão adequada das condições geotécnicas que os sustentam.
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Seção
Engenharia Civil