Resistência à compressão simples e absorção de concretos produzidos com agregados reciclados oriundos de resíduos da indústria de pré-fabricados

Resumo

Com o crescimento da participação da indústria de pré-fabricados de concreto no setor da construção civil, surgiu a preocupação com a destinação dos resíduos gerados por estas empresas. Esta pesquisa tem o objetivo de realizar uma análise da resistência à compressão axial e da absorção de concretos produzidos com agregados reciclados de concreto de uma indústria de pré-fabricados, localizada no município do Cabo de Santo Agostinho-PE, no Complexo Portuário de Suape. De maneira geral, de acordo com a literatura, os agregados reciclados de resíduos de concreto apresentam valores maiores para os ensaios de absorção e material pulverulento, e valores menores de massa específica, em comparação com os agregados naturais (EVANGELISTA; BRITO, 2007; SILVA et al., 2016). Com relação aos concretos produzidos com agregados reciclados de concreto, ainda não existe um consenso se a substituição de agregados reciclados pelos naturais resulta diretamente num decréscimo da resistência à compressão dos mesmos (SOARES et al., 2014). Entretanto, pode-se afirmar que afeta outras propriedades, como o aumento da absorção de água (AMORIM et al., 2012). A pesquisa experimental foi feita em etapas: primeiramente, foi separada uma amostra de 5 m³ de resíduos no pátio da indústria, e em seguida os resíduos foram beneficiados em um britador misto de mandíbula e martelo. Após a caracterização física e mecânica, os agregados reciclados foram incorporados a dois tipos de concretos diferentes produzidos pela indústria, que foram separados em dois grupos: o grupo 1, um concreto com slump test de 23±2 cm, onde foram feitas substituições de 0% (C1-0), 30% (C1-30) e 50% (C1-50) de agregado reciclado; e o grupo 2, concreto seco, de slump test 0 cm, onde as substituições foram de 0% (C2-0)  e 100% (C2-100). Foram moldados corpos de prova para a realização de ensaios de resistência à compressão simples ao primeiro dia, e aos 7,28 e 105 dias, além do ensaio de absorção. Nos resultados de resistência à compressão, verificou-se que não houve uma tendência linear em aumento ou decréscimo das resistências com o aumento da quantidade de agregados reciclados incorporados. Ao primeiro dia, as resistências médias dos lotes dos concretos C1-0, C1-30, C1-50, C2-0 e C2-100 foram, em MPa, 61,89, 57,30,  60,32, 66,46 e 47,68, respectivamente. Aos 105 dias foram, em MPa, 84,69, 87,13, 84,81,73,58 e 53,86, respectivamente. No ensaio de absorção, após 72 h com os corpos de prova submersos, os resultados foram: 2,89%, 3,55%, 4,08%, 2,57% e 6,15%, respectivamente. Concluiu-se que, para os concretos do grupo 1, a incorporação de agregados reciclados não afetou a resistência à compressão, e, aos 105 dias, os maiores valores de resistência à compressão foram maiores nos concretos com agregado reciclado (C1-30 e C1-50). Para os concretos do grupo 2, entretanto, houve um decréscimo da resistência, também influenciada pelo aumento da relação a/c. Os resultados de absorção mostraram que a absorção cresceu à medida em que se aumentou a quantidade de agregado reciclado.