Manifestações patológicas em fachadas de edificações religiosas do séc. XVI e XVII: um estudo na região do sítio histórico de Olinda –PE

Resumo

O estudo da conservação de prédios com interesse histórico é bastante discutido e vem ganhando espaço em diálogos nas esferas artísticas, políticas e técnicas (VICENTE; FERREIRA; SILVA, 2015). E seu interesse se dá por duas vertentes, a primeira centra-se na importância social cujo desenvolvimento socioeconômico e cultural de uma comunidade se dá a partir da valorização de sua história, da divulgação dos seus costumes e da preservação de sua identidade cultural. A outra recai na importância dos estudos desenvolvidos sobre a conservação e restauração dos monumentos antigos, uma vez que este ato conduz à visão da durabilidade dos diversos materiais usados na atualidade (OLIVEIRA, 1985). Neste contexto, o Sítio Histórico da cidade de Olinda (cidade Patrimônio Cultural da Humanidade), apresenta uma diversidade de construções com inestimável valor histórico e que exibem uma série de manifestações patológicas responsáveis pela degradação da estrutura e redução da sua vida útil, pondo em risco a estabilidade do Patrimônio Ambiental Urbano. É este o campo empírico em que surge o presente estudo, com o objetivo de avaliar o estado de conservação das fachadas de três Igrejas olindenses tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e erigidas entre os Séculos XVI e XVII, visando contribuir para a restauração e/ou conservação das construções em estudo colaborando com a valorização das estruturas históricas, na perspectiva da necessidade de preservação do patrimônio histórico-cultural, como condição constitutiva da identidade nacional. Para isto o método da pesquisa, configurou-se como um estudo de caso aplicado, de caráter exploratório e abordagem quali-quantitativa (GERHART; SILVEIRA, 2009) de forma que a seleção das Igrejas ainda em estudo adotou critérios não aleatórios, configurando uma amostragem não probabilística para o estudo em tela. No que concerne aos métodos utilizados para inspeção das edificações selecionadas, estes seguiram as indicações de Castro (1994) juntamente com as recomendações de Tavares (2011) que propõe não apenas o estudo dos materiais e técnicas que permeiam a edificação sob análise, mas também sugere uma anamnese que investigue os acontecimentos históricos possibilitando um diagnóstico mais preciso dos problemas apresentados. Durante as vistorias são aplicados check-list que permitem a elaboração da Ficha de Identificação de Danos (FID), ferramenta esta, essencial para a composição do Mapa de Danos das fachadas estudadas (TINOCO, 2009). A pesquisa, em desenvolvimento, salienta a importância da utilização correta dos materiais, adequando-os aos ambientes nos quais estão inseridos. Nos estudos realizados, especificamente na Igreja do Carmo, percebe-se que a maioria das manifestações patológicas identificadas poderia ter sido evitada com a adoção de materiais com baixa porosidade e menor permeabilidade. Outro dado observado consiste na dificuldade de se tratar com imóveis tombados, tendo em vista que as leis e regulamentos necessários à preservação do bem podem impactar significativamente na manutenção da edificação, quando associados a uma gestão ineficiente das ferramentas de preservação do patrimônio e das técnicas de restauração inapropriadas para conservação do bem tombado. Assim, defende-se que o estudo da patologia das construções é uma ferramenta indispensável na preservação das edificações históricas, no tratamento e na compreensão das manifestações patológicas.