Análise do sistema de gerenciamento integrado de resíduos de construção e demolição na região metropolitana do Recife

Resumo

Objetivo do trabalho: Esta pesquisa tem como principal objetivo o estudo da situação do sistema de gerenciamento de RCC na construção e demolição na Região Metropolitana do Recife, tendo como base a Resolução CONAMA nº 307/2002.Metodologia utilizada: Foi realizado um trabalho de campo que envolveu a identificação dos pontos de deposição clandestina de resíduos, por meio de observação direta e do mapeamento destes, nos bairros da cidade de Olinda e de Jaboatão. A partir do reconhecimento desses pontos, identificaram-se as coordenadas geográficas com um aparelho GPS, plotando os pontos através da utilização do Google Earth, e foi realizada uma classificação das áreas de acordo com os tipos de resíduos (A,B,C ou D), sua localização em cada bairro, número de habitantes, tipo de pavimento existente, vegetação.Além disso, foi feita uma avaliação individual de cada ponto crítico a fim de verificar o impacto total causado por cada bairro desses municípios. Também foram realizadas: estimativa da geração de RCD, caracterização qualitativa dos RCDs gerados, criação de um banco de dados em ambiente de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) acerca dos pontos de descarte irregular de RCD na região; avaliação da efetividade da implantação de um sistema de gerenciamento integrado de RCD e fornecimento de subsídios à tomada de decisões adequadas para um modelo eficaz de gestão dos RCDs na RMR.Principais resultados: A coleta de dados registrou um total de 109 pontos de deposição irregular em Olinda e 99 pontos em Jaboatão. Verificou-se, tanto em Olinda quanto em Jaboatão, que mais de 90% dos pontos de deposição irregular de resíduos possuem resíduos Classe A, como: concreto, argamassa, tijolos, cerâmica, etc., o que se relaciona ao fato de que cerca de 87% do volume de RCD gerado nas obras são Classe A (PAZ, 2014). Estes resíduos podem ser reciclados como agregados para serem reutilizados na construção civil.Em relação aos resíduos Classe B, observou-se que 56% (em Olinda) e 77% (em Jaboatão) dos pontos possuíam resíduos como madeira, metal, papel, papelão ou sacos de cimento, considerados resíduos recicláveis para outras destinações.Além disso, foi encontrado em 10% e 20% dos pontos, resíduos considerados como não recicláveis, em Olinda e Jaboatão, respectivamente. Neste caso, os materiais que estavam contaminados com outros tipos de resíduos, como os orgânicos, que inviabilizasse a reciclagem, foram considerados como Classe C. E em apenas 2 e 19 dos pontos foram encontrados resíduos classe D, como as tintas e solventes, em Olinda e Jaboatão, respectivamente.Conclusões: Através da observação da localização dos pontos em cada bairro, pôde-se concluir que as RPAs que possuem maior população, maior número de domicílios e maior renda familiar são justamente as que possuem maior quantidade de deposição de RCD, uma vez que há uma maior dificuldade no gerenciamento de resíduos. Fora isso, notou-se que a maioria dos resíduos observados era composta de concreto, tijolos e telhas, elementos que podem ser reutilizados no próprio processo construtivo das obras, pois são materiais nobres e de alta representatividade no custo final das mesmas. Isto justifica a necessidade de desenvolvimento de tecnologias que promovam a redução de suas perdas, além da reutilização e da reciclagem, como medida de redução de custos e de impactos ambientais gerados com a produção desses RCCs.Os impactos ambientais não só afetam as condições bióticas e físicas, mas também o âmbito socioeconômico. Isto gera custos altos nas despesas municipais, que podem ser minimizados pela existência de novos e eficientes procedimentos de gestão, tais como a criação de áreas para recolha de pequenos volumes.