Telhado Verde com Reutilização de Resíduos da Construção e Demolição e de Estação de Tratamento de Efluentes

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Carolina de Vasconcelos Peixoto
Stela Fucale

Resumo

A deposição irregular de Resíduos da Construção e Demolição (RCD) é uma prática frequente nos países em desenvolvimento. Isso ocorre apesar da legislação vigente em vários desses países e provoca custos ambientais, além dos relativos ao gerenciamento dos depósitos clandestinos e à falta de reaproveitamento de resíduos (CORRÊA et al., 2009). Outro setor que produz um resíduo de difícil destinação é o de tratamento de efluentes, já que o lodo resultante do processo pode ser enquadrado como resíduo sólido perigoso (ABNT, 2004). Sua disposição é dispendiosa e pode afetar as características ambientais da região caso seja disposto indevidamente (FERNANDES, 2003). O Edifício Charles Darwin, localizado na cidade de Recife, viabilizou a instalação de um telhado verde com reutilização destes dois resíduos, sendo o objetivo deste estudo verificar a eficácia das soluções adotadas para tal fim. O telhado verde estudado conta com 2.800 m2 de área e capacidade de armazenar 95 mil litros de água. A camada drenante será composta de RCD reciclado e o lodo de uma estação de tratamento de efluentes irá compor a camada de substrato em conjunto com solo vegetal numa proporção de 2/3 de lodo para 1/3 de solo. Visando verificar a interferência do lodo no desenvolvimento da vegetação, seis protótipos foram construídos, comprovando que aqueles contendo 50% e 100% de lodo obtiveram melhores resultados.  O laudo físico-químico do lodo foi analisado, mostrando que o mesmo possui potencial fertilizante e atende as exigências da Resolução Nº 375 do CONAMA (2006) com relação à presença de elementos potencialmente tóxicos. Os teores de fósforo e nitrogênio do material são adequados para o crescimento de espécies vegetais, e a dose máxima recomendada de lodo para este fim é de 6 kg/m2. Em relação ao uso do RCD reciclado, o ensaio de permeabilidade de carga constante foi realizado constatando que o coeficiente de permeabilidade obtido, de 0,482 cm/s, é adequado para o objetivo pretendido. A curva granulométrica mostra ainda que 50% do material possui grãos entre 9,5mm e 19mm de diâmetro, estando dentro do que foi proposto pela empresa fornecedora do material. Diante dos resultados obtidos, observa-se a eficácia da substituição destes elementos, tornando o projeto ainda mais sustentável, e trazendo benefícios econômicos para a empresa, e ambientais para toda a sociedade. Palavras-chave: Telhados Verdes; RCD Reciclado; Lodo Reciclado; Construção Sustentável   

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Seção
Engenharia Civil
Biografia do Autor

Stela Fucale, Universidade de Pernambuco

Professora Associada - Curso em Engenharia CivilMembro do Corpo Docente Permanente do Mestrado em Engenharia CivilMembro do Grupo de Pesquisa AMBITEC

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004. Resíduos sólidos: classificação. Rio de Janeiro, 2004.



CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução n.º 375, de 29 de agosto de 2006: define critérios e procedimentos, para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em estações de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 2006.



CORRÊA, M. R. S.; BUTTLER, A. M.; RAMALHO, M. A. Reciclagem de materiais de construção. São Paulo, Téchne, n. 152, 2009.



FERNANDES, P. F.; OLIVEIRA, A. P.N.; HOTZA, D. Reciclagem do Lodo da Estação de Tratamento de Efluentes de uma Indústria de Revestimentos Cerâmicos: Parte 1: Ensaios Laboratoriais. Florianópolis. Cerâmica Industrial, p. 26-34, 2003.