Aplicação de biodigestores em áreas carentes para tratamento de esgoto: uma análise do processo construtivo e operacional

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Ataline Luis Lopes da Silva
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani
Robeclea Cândido da Silva
Lizelda Maria de Mendonça Souto

Resumo

Recife é uma cidade litorânea cercada por rios e manguezais, sua ocupação territorial não planejada, associada à pobreza e à miséria provocou o crescimento de habitações informais com inúmeros problemas socioambientais, falta de saneamento básico e inúmeras ligações clandestinas de esgoto à rede de drenagem da cidade (PICARELLI, 2016). O Plano Diretor da Cidade do Recife assegura à população o acesso a um sistema de coleta e tratamento do esgoto, contudo ao longo dos últimos 30 anos a capital pernambucana tem sofrido com o lançamento de esgoto e resíduos sólidos nos corpos hídricos da cidade, prejudicando o meio ambiente e contribuindo com a proliferação de vetores prejudiciais à saúde da população, especialmente nas áreas mais carentes como as Zonas Especiais de Interesse Social - ZEIS. Diante desta problemática, objetiva-se propor diretrizes construtivas para o uso de biodigestores em comunidades carentes para receber dejetos e material orgânico proveniente de pequenos grupos de famílias, a fim de minimizar os impactos causados pela disposição inadequada do esgoto. Os biodigestores são câmaras hermeticamente fechadas que realizam fermentação anaeróbica da matéria orgânica produzindo biogás e biofertilizante (MACHADO; THEIS, 2012). Foram realizadas visitas de campo, registros fotográficos e entrevistas a líderes comunitários nas ZEIS Borborema e Caranguejo Tabaiares, para mapear o escoamento do esgoto, a disposição dos Resíduos Sólidos Urbanos e avaliar áreas livres para instalação do biodigestor. Utilizou-se o Software ESIG, para mapear a proximidade das comunidades a corpos hídricos. Todo o esgoto da ZEIS Borborema é lançado no canal do Jordão e na bacia do Pina. Na ZEIS Caranguejo Tabaiares, aproximadamente 60% do seu esgoto é lançado no Canal de águas pluviais denominado ABC, conectado ao Rio Capibaribe. O modelo do biodigestor urbano foi desenvolvido com auxílio da ferramenta AutoCAD, baseado em Leis, Normas Técnicas e manuais de fabricantes. O total de resíduos orgânicos estimado foi 0.9924 kg/hab/dia somados a 0.1kg de águas negras (fezes+urina/hab/dia). Para construção do Biodigestor Urbano propõe-se o uso de materiais de baixo custo disponíveis no mercado como caixa de fibra de vidro de 5000L, 3,40m2 lona de PVC, tubulação de PVC de 100 mm, Spin de 4” para conectar a saída do Biogás ao botijão, medidor e filtro de gases. A proposta traz um equipamento com previsão de gerar ½ botijão de GLP e 20L de Biofertilizante por mês, considerando-se o período para produção da primeira retirada em aproximadamente 30 dias. O orçamento dos materiais para a proposta foi estimado em R$ 5.641,91, levando em consideração a necessidade de uso de Equipamentos de proteção coletiva e individual para fabricação do equipamento. Acredita-se que uma vez instalados e alimentados de maneira adequada o biodigestor possa se tornar uma importante ferramenta de apoio ao tratamento do esgoto em diversas ZEIS do Recife, minimizando os impactos que o descarte inadequado desse esgoto pode causar ao meio ambiente e a saúde das pessoas.

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Seção
Engenharia Civil
Biografia do Autor

Ataline Luis Lopes da Silva, Universidade de Pernambuco

Graduanda do curso de engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco, integrante do DESS - Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Desenvolvimento Sustentável.

Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani, Universidade de Pernambuco

Engenharia Civil - Sustentabilidade

Robeclea Cândido da Silva, Universidade de Pernambuco

Engenharia Civil - Sustentabilidade

Lizelda Maria de Mendonça Souto, Universidade de Pernambuco

Engenharia Civil - Sustentabilidade

Referências

MACHADO & THEIS, Biodigestores: uma alternativa para minimizar a poluição por dejetos suínos. XIX Simpósio de Engenharia de Produção. Recife-PE, 2012.
PICARELLI, S. Saneamento e participação social. Disponível em: . Acesso em: 25 jun. 2016.
PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE. ESIG. Sistema de Informação Geográfica do Recife. Disponível em: <http://www2.recife .pe.gov.br/ servico/informacoes-geograficas- do-recife-esig.>. Acesso em: 17 mai. 2016b.