Contribuição do tipo de componente e das espessuras totais e do revestimento no desempenho acústico do sistema de vedações verticais internas e externas (SVVIE)

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Fábia Kamilly Gomes de Andrade
Alberto Casado Lordsleem Jr.
Pedro Henrique Rosa Souza
José Victor Pereira Santos Veríssimo

Resumo

O desenvolvimento econômico e social acelerado dos centros urbanos contribuiu para a necessidade de controle do ruído, tendo em vista as inúmeras fontes sonoras e as construções mais densas (NZCMA, 2013). O ruído pode ser controlado através de níveis de pressão sonora limitados na fonte emissora ou através de obstáculos que o atenuem na propagação (SATO et al., 2012). Por isso, a fachada exerce papel fundamental na atenuação do ruído externo em ambientes internos, bem como as vedações verticais internas são relevantes para garantir a privacidade do discurso em unidades autônomas adjacentes (NUNES; ZINI; PAGNUSSAT, 2014; SURIANO; SOUZA; SILVA, 2015; VAN RENTERGHEM et al., 2015). O presente trabalho objetivou avaliar a conformidade do desempenho acústico das vedações verticais com a norma NBR 15575-4 (ABNT, 2013), relacionando-o com o tipo de componente utilizado e as espessuras totais e do revestimento da vedação. A metodologia contemplou a coleta de dados em 59 vedações de 15 edifícios residenciais, sendo 37 internas e 22 externas, distribuídas conforme os seguintes componentes: bloco cerâmico; tijolo cerâmico de 8 furos; bloco de concreto e bloco de gesso. Foram coletados para cada vedação 1 ruído de emissão, 3 ruídos de recepção e de fundo, bem como 2 tempos de reverberação, conforme a norma ISO 16283-1 (ISO, 2014) e ISO 717-1 (ISO, 2013), compilados no software dBBati da 01 dB. Os resultados de Dnt,w para o desempenho acústico das vedações internas variaram entre 34 e 44 dB, sendo apenas 24,32% conformes com a norma brasileira; enquanto, os resultados de D2m,nt,w para o desempenho acústico da fachada variaram entre 12 e 26 dB, sendo apenas 4,6% conforme. Embora sejam reduzidos, as edificações analisadas apresentam projetos aprovados antes da publicação da norma. Em relação ao tipo de componente, as vedações internas em blocos de concreto apresentaram mediana de 40,5 dB, sendo superior às medianas das vedações em bloco de gesso (39 dB), bloco cerâmico (38 dB) e em tijolo (37 dB). Na fachada, os blocos de concreto e cerâmico apresentaram medianas de 24,5 e 23 dB, respectivamente, sendo superiores ao tijolo com 20,5 dB. O tijolo apresentou seu desempenho acústico prejudicado devido a da técnica de execução, sem o preenchimento das juntas verticais com argamassa como os demais componentes, reduzindo a densidade por m² e, por consequência, o isolamento sonoro regido pela lei da massa. Em relação às espessuras totais e do revestimento, verificou-se que o aumento destas contribui para o melhor desempenho acústico; embora, não tenha sido crescente para qualquer aumento, existindo espessuras que limitam o máximo de desempenho. O desempenho máximo obtido das vedações internas foi de 39 dB para o bloco cerâmico, 39 dB para o tijolo, 40,5 dB para o bloco de concreto e 40 dB para o bloco de gesso, correspondendo às espessuras totais entre 14 a 15 cm, 13 a 14 cm, 12 a 13 cm e 12 a 13 cm, respectivamente; enquanto, as espessuras do revestimento limites estão entre 2,5 a 3 cm, 2 a 2,5 cm, 1,5 a 2 cm e 0,5 a 0,1 cm. Já nas vedações externas, o desempenho máximo obtido foi de 23 dB para o bloco cerâmico, 26 dB para o bloco de concreto e de 22 dB para o tijolo, correspondendo às espessuras totais limites entre 12 a 14 cm, 29 cm e 12 a 14 cm, respectivamente; enquanto, as espessuras do revestimento limites estão entre 1,5 a 2,5 cm para as vedações em blocos cerâmico, 5 cm em bloco de concreto e entre 1,5 a 2,5 cm para vedações em bloco de gesso.

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Seção
Engenharia Civil

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575-4: Edificações habitacionais - desempenho. Parte 4: sistemas de vedações verticais internas e externas. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.


INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 16283-1: Acoustics - Field measurement of sound insulation in buildings and of building elements. Switzerland: ISO, 2014.


______. ISO 717-1: Acoustics - Rating of sound insulation in buildings and of building elements. Part 1: Airborne sound insulation. Switzerland: ISO, 2013.


NUNES, M.F.O.; ZINI, A.; PAGNUSSAT, D.T.. Desempenho acústico de sistemas de piso: estudos de caso para isolamento ao ruído aéreo e de impacto. Acústica e Vibrações, n. 46, p.13-19, dez. 2014.


NZCMA, The New Zeeland Concrete Masonry Association. Concrete Masonry Manual. 2013. Disponível em: http://www.nzcma.org.nz/masonry-manual.aspx. Acesso em: 12 abr. 2015.


SATO, H.; MORIMOTO, M.; HOSHINO, Y.; ODAGAWA, Y.. Relationship between sound insulation performance of walls and word intelligibility scores. Applied Acoustics, v.73, n. 1, p. 43-49, jan. 2012.


SURIANO, M. T.; SOUZA, L. C. L.; SILVA, A. N. R.. Ferramenta de apoio à decisão para o controle da poluição sonora urbana. Ciênc. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.20, n. 7, p. 43-49, jul. 2015.


VAN RENTERGHEM, T.V.; FORSSÉN, J.; ATTENBOROUGH, K.; JEAN, P.; DEFRANCE, J.; HORNIKX, M.; KANG, J.. Using natural means to reduce surface transport noise during propagation outdoors. Applied Acoustics, v. 92, p. 86-101, maio 2015.