Contribuição de esquadrias e da geometria de ambientes no desempenho acústico de vedações verticais internas e externas

Resumo

O desenvolvimento urbano e o aumento na frota de veículos no Brasil (DENATRAN, 2015) criaram ambiente de excessiva exposição a ruídos e poluição sonora, por parte dos moradores das cidades do país. Os problemas de saúde que, por conta do problema, podem ser desencadeados no indivíduo, os quais podem afetar diversos sistemas e órgãos corporais, para além do sistema auditivo (CARDOSO et al., 2006), indicam a importância de delimitar no projeto dos edifícios a capacidade dos mesmos em bloquear a transmissão de ondas sonoras aos seus ambientes internos de maneira eficiente e adequada ao uso da obra. O presente trabalho objetiva analisar a conformidade do desempenho acústico obtido por vedações verticais em edifícios habitacionais, localizados nas cidades de Paulista e Recife, com os critérios determinados pela norma brasileira de desempenho (ABNT NBR 15575, 2013), além de relacionar estes resultados com as esquadrias utilizadas e a geometria dos ambientes em análise. A metodologia da pesquisa consiste inicialmente na medição de valores de isolamento acústico entre salas de apartamentos adjacentes e entre dormitório e fachada, por ensaio de procedimento preconizado pela norma NBR 15575 (ABNT, 2013), o qual toma por base a norma ISO 16283-1 (ISO, 2014) e possui parâmetros acústicos descritos na ISO 717-1 (ISO, 2013); consta da medição de um ruído de emissão, três ruídos de recepção e de fundo, bem como dois tempos de reverberação para cada vedação interna, entre salas de apartamentos adjacentes, e externas. Posteriormente, realizou-se compilação dos dados no software dBBati, da 01dB. Foram analisadas 23 vedações internas em 7 obras, das quais, 26% apresentou desempenho acústico em conformidade com a normalização brasileira. Das 13 vedações externas avaliadas nas mesmas obras, nenhuma apresentou resultado satisfatório com relação ao isolamento de ruído. Duas das três vedações presentes no ambiente interno de maior área de piso obtiveram desempenho de 40 dB, enquanto todos os resultados obtidos no ambiente de menor área de piso foram inferiores ao preconizado na NBR 15575 (ABNT, 2013). No que tange ao desempenho acústico das vedações externas, os maiores resultados também estão associados à maior área horizontal. No entanto, há ambientes de maior área que apresentam resultados inferiores a outros de maior área. A relação entre o volume dos ambientes de emissão, de recepção e os valores de isolamento obtidos com os experimentos realizados indicam tênue tendência quadrática: os volumes de valores próximos da mediana apresentaram desempenho inferior aos demais. A avaliação da razão entre área de esquadrias e área de paredes nos ambientes avaliados indicou que as vedações de maior desempenho estão presentes nos cômodos de menores percentagens. De forma análoga, os menores valores de isolamento acústico foram encontrados nas vedações que possuíam maior valor na relação anteriormente citada.