Influência do uso de resíduos de construção e demolição nas características térmicas de paredes construídas com blocos reciclados

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Camila Borba Rodrigues
Stela Fucale Sukar

Resumo

A indústria da construção pode causar diversos impactos ambientais, tanto durante a obra, com a geração de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) (ALMEIDA et al., 2015),  quanto ao longo de sua vida útil, com o uso irracional de energia. Contudo, estes impactos podem ser reduzidos com a adequada escolha dos materiais de construção, uma vez que a incidência solar em paredes e cobertas é responsável por cerca da metade carga térmica do edifício (ELETROBRÁS, 2008). Com relação ao RCD, este pode ser reciclado em forma de agregado para produção de artefatos de concreto sem função estrutural (ABNT, 2004). Contudo, o desenvolvimento de novos materiais ainda exige estudos para determinar suas propriedades em relação aos materiais convencionais. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi caracterizar termicamente uma parede construída com blocos com agregados reciclados e compará-la com uma parede convencional de modo a verificar suas propriedades térmicas em relação aos blocos convencionais de concreto. Para tanto, foram analisadas duas famílias de blocos, BC, produzida com agregados convencionais e BR100, com agregados de RCD misto coletados em uma usina de beneficiamento no município de Camaragibe. Os ensaios de análise térmica dos blocos foram realizados no Laboratório de Ensaio de Materiais e Estruturas (LABEME) na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), de modo a verificar a influência do uso de agregados reciclados nos blocos no comportamento térmico das paredes. Foram construídas duas paredes medindo 1,00 x 1,20 m, uma com blocos BC e outra com BR100, e colocadas em uma câmara térmica, na qual, um lado correspondia ao interior do edifício e o outro ao exterior. O lado que correspondia ao exterior foi submetido a ciclos de frio e calor, e medidas as temperaturas na superfície das paredes e no ambiente correspondente. Com relação ao tempo de exposição à fonte de calor, o ambiente BC interior apresentou uma variação de temperatura, nas primeiras quatro horas, 13,94% maior que a registada no ambiente BR100, demonstrando que BR100 possui uma maior resistência térmica. Com relação às temperaturas registradas nas superfícies das paredes, observou-se que o ganho de calor na parede BC, nas primeiras quatro horas foi cerca de  15% maior que na parede BR100, logo BC tem uma menor capacidade térmica, isto é, retém calor por menos tempo antes de variar sua temperatura, e também uma maior condutividade térmica, uma vez que teve uma maior variação de temperatura. As diferenças observadas podem estar associadas à massa específica do bloco, uma vez que a massa de BR100 é inferior a BC, e também à composição química do agregado reciclado que difere do agregado natural. Assim, pode-se concluir que, o uso de agregados reciclados para a produção de blocos de concreto é uma forma de destinar o resíduo adequadamente, e ainda contribui para o conforto do usuário e eficiência energética do edifício, colaborando para o desenvolvimento sustentável na construção.

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Seção
Engenharia Civil
Biografia do Autor

Camila Borba Rodrigues, Universidade de Pernambuco

Departamento de Engenharia Civil

Stela Fucale Sukar, Universidade de Pernambuco

Departamento de Engenharia Civil

Referências

ALMEIDA, R. et al.. Identificação e análise dos impactos ambientais gerados na indústria da construção civil. INTESA, v. 9, n. 1, p. 40-47, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15116: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil: utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural: requisitos. Rio de Janeiro, 2004.

ELETROBRÁS. Boas Práticas em Arquitetura: Eficiência Energética nas Edificações: Edificações Multifamiliares. Rio de Janeiro: IAB, 2008.