Avaliação de desempenho acústico de vedações verticais em edifícios empresariais

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José Victor Pereira Santos Veríssimo
Alberto Casado Lordsleem Jr.
Fábia Kamilly Gomes de Andrade

Resumo

A construção de edifícios empresariais vivenciou um crescimento acentuado durante os últimos 10 anos apresentando lançamentos que totalizaram 25 bilhões de reais, o maior volume da história do Brasil (LEAL; VILARDAGA, 2014). Cidades como Recife/PE passaram a receber novos empreendimentos comerciais, cujo desempenho ainda não é completamente conhecido. Particularmente, analisar os efeitos do ruído nestes empreendimentos tornou-se importante, pois não existem informações da avaliação de desempenho acústico das vedações verticais de edifícios empresariais na Região Metropolitana do Recife (RMR) visto que, de acordo com Heidemann et al. (2011), os ruídos acima dos níveis aceitáveis de privacidade do discurso provocam malefícios à saúde. Mais recentemente, segundo Silva Jr., Rêgo Silva e Pinheiro (2014), a isolação sonora de vedações verticais vem recebendo uma maior atenção por parte de projetistas e construtores em função da publicação da NBR 15575-4 (ABNT, 2013) para a construção de habitações; sendo ainda assunto de desenvolvimento restrito em edificações empresariais. Dentro desse contexto, este trabalho de pesquisa tem por objetivo apresentar e discutir a avaliação do desempenho acústico de vedações verticais em 2 edifícios empresariais localizados na cidade de Recife. A metodologia do trabalho contemplou a investigação dos critérios de desempenho adotados internacionalmente, assim como a avaliação experimental em campo a partir da coleta de dados em 4 vedações verticais sendo 3 internas e 1 externa, conforme estabelecem as normas ISO 16283-1 (ISO, 2014) e ISO 717-1 (ISO, 2013) e distribuídas de acordo com seus componentes que foram o tijolo cerâmico de 8 furos e o drywall. Foram coletados para cada vedação 2 ruídos de emissão, 5 ruídos de recepção e de fundo, e 3 tempos de reverberação, compilados no software dBBati da 01 dB. Os resultados de Dnt,w em dB para o desempenho acústico das vedações internas mostraram-se no intervalo de 27 dB a 34dB no qual a vedação interna da Construtora A apresentou resultado 27 dB e as outras duas vedações internas da Construtora B apresentaram 34 dB. Constatou-se, então, uma não conformidade com o D.P.C.M. - Decreto do Presidente do Conselho de Ministros de 5 de dezembro de 1997 da Itália  que estabelece Dnt,w mínimo de 50 dB. O resultado de D2m,nt,w em dB para o desempenho acústico da fachada da Construtora B foi de 25 dB ficando desconforme com o Decreto-Lei nº 129/2002 de 11 de maio de Portugal que estabelece  D2m,nt,w  mínimo de 30 dB e desconforme também com o referido critério italiano que estabelece D2m,nt,w  mínimo de 42 dB. A vedação interna estudada na Construtora A constitui-se de drywall; enquanto, que as outras duas vedações internas da Construtora B, bem como sua vedação externa, constituem-se de tijolo cerâmico de 8 furos. Vale salientar que o baixo desempenho do drywall pode ser justificado pela ausência de revestimento e de material de enchimento no seu interior (como lã de vidro ou lá de rocha), apresentando pequenas aberturas entre as placas, comprometendo assim o isolamento acústico. Verificou-se, então, um melhor desempenho do tijolo cerâmico de 8 furos em comparação com o drywall, apesar das vedações internas e externas apresentarem-se em desacordo com os critérios internacionais citados anteriormente. Espera-se, portanto, aprimorar as especificações de soluções de projeto e construtiva para as vedações verticais internas e externas adotadas nessa tipologia de edificação. PALAVRAS-CHAVE: Desempenho Acústico; Edifício Empresarial; Vedação Vertical; Avaliação em Campo.

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Seção
Engenharia Civil
Biografia do Autor

José Victor Pereira Santos Veríssimo, ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

Graduando em Engenharia Civil pela Escola Politénica da Universidade de Pernambuco e Pesquisador do Grupo de Pesquisa POLITECH - Grupo de Pesquisa em Gestão e Tecnologia da Construção Civil.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575-4: Edificações habitacionais-desempenho. Parte 4: sistemais de vedações verticais internas e externas. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.


HEIDEMANN, A. M.; CÂNDIDO, A. P. L.; KOSOUR, C.; COSTA, A. R. O.; DRAGOSAVAC, D.. Influência do nível de ruídos na percepção do estresse em pacientes cardíacos. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 23, n. 1, p. 62-67, 2011.


INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 16283-1: Acoustics - Field measurement of sound insulation in buildings and of building elements. Switzerland: ISO, 2014.


_________________________________________________________. ISO 717-1: Acoustics - Rating of sound insulation in buildings and of building elements. Parte 1: Isolamento Acústico Aerotransportado. Suíça: ISO, 2013.


ITALIA, Decreto Lei, 5 de dezembro de 1997. Legge quadro sull'inquinamento acustico. Decreto del Presidente del Consiglio dei Ministri (DPCM), 5 dez. 1981. Disponível em: http://www.regione.piemonte.it/ambiente/normativa/dwd/rumore/DPCM-5-dicembre-1997.pdf. Acesso em: 04 de novembro de 2016.


LEAL, A.L.; VILARDAGA, V.. A bolha dos imóveis começa a estourar no mercado comercial. Revista Exame, 2014. Disponível em: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1060/noticias/a-bolha-estourou. Acesso em: 11 de setembro de 2016.


PORTUGAL, Decreto lei n° 96, de 9 de Junho de 2008. Aprova o Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios, de 9 de jun. 2008. Disponível em: http://www.oasrn.org/pdf_upload/ruido%20_dl_129_2002.pdf. Acesso em: 04 de novembro de 2016.


SILVA JÚNIOR, Otávio Joaquim; RÊGO SILVA, José Jeférson; PINHEIRO, Marco Antonio Silva. Desempenho acústico de divisórias verticais em blocos de gesso: uma avaliação em campo e laboratório. PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção, Campinas, v. 5, n. 2, p. 15-21, jul./dez. 2014.