Análise da Utilização de Resíduos da Construção Civil para Melhoramento de Solos Colapsíveis de Petrolina

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Francisco Cardoso dos Santos Neto
Stela Fucale
Silvio de Melo Ferreira

Resumo

A cadeia produtiva da construção civil, desde à preparação de atividades iniciais do terraplenagem à produção, o uso efetivo das instalações e a manutenção das edificações depende de um fluxo constante de materiais. Sabe-se que suas perdas, desperdícios e impactos causados pelo grande volume de extração de matérias primas são inúmeras. Diante disto, a reciclagem de resíduos de construção surge como uma maneira sustentável de se reduzir os problemas causados por sua geração. Além desta questão dos resíduos, o intenso crescimento populacional traz consigo uma demanda por novas moradias, onde precisam ser edificadas em áreas, por exemplo, com ocorrência de solos colapsíveis. Reginatto e Ferrero (1973) definem solos verdadeiramente colapsíveis como aqueles solos que quando saturados não suportarão as camadas de solo acima e solos condicionalmente colapsíveis como aqueles solos que quando saturados suportarão um certo valor de sobrecarga. Vários fatores influenciam a colapsibilidade dos solos, entre eles a estrutura, o peso específico aparente seco, a umidade, a composição química do permeante, o mineral argílico, a velocidade de inundação, a tensão vertical de inundação, a trajetória de tensões (FERREIRA, 2008). Grandes áreas podem sofrer com a falta de resistência dos solos, pois apresentam comportamento particularizado quando submetidos a determinadas condições de umidade, ocasionando danos às edificações. Segundo Ferreira (2008), os solos colapsíveis no Brasil, são geralmente constituídos por alúvios, colúvios e até solos residuais que passaram por intensa lixiviação. Cuja ocorrência vem sendo verificada em todas as regiões do Brasil. Destes locais, 6,5% encontram-se nas Regiões Norte e Centro-Oeste, 37% nas Regiões Nordeste e Sudeste e 13% na Região Sul.  Esta pesquisa tem como objetivo analisar o uso de RCC como alternativa para melhoramento de solo colapsível, por meio da incorporação na proporção de 30% de resíduo ao solo, assim como o aumento do Grau de Compactação e umidade para redução da colapsibilidade do solo. No programa experimental foram realizados coleta, preparação das amostras, ensaios de caracterização física (análise da composição gravimétrica, granulometria, densidade real e compactação) e mecânica (edométricos simples e duplos). Conforme resultados obtidos, o principal constituinte do RCC foi o material cinza composto por concreto e argamassa (35,66%) e o proveniente de tijolos cerâmicos (31,16%), que classifica o resíduo como material misto. O solo é essencialmente arenoso com cerca de 90% de areia, com fração argilosa de 7 % e muito pouco silte (3%). O solo é mau graduado (Cu < 5%), não líquido e não plástico, se enquadrando no grupo SP-SM (areia fina siltosa mal graduada), na classificação do SUCS. O valor do peso específico aparente seco máximo é de 18,50 kN/m3 e umidade ótima de 7,3% para o solo. A adição do resíduo na proporção de 30% ao solo melhorou sua granulometria, deixando-o uniforme. O ensaio de compactação teve maior influência na amostra de RCC, o que provocou uma quebra significativa de suas partículas melhorando sua uniformidade, o solo passa de A-2-5 para A-1-b, melhorando suas características para uso em subleito de pavimentos. A umidade ótima da mistura, aumentou e o peso específico seco máximo diminuiu em relação solo, sendo maior que a do RCC pesquisado. Os valores dos potenciais de colapso decrescem com o acréscimo do RCC ao solo, com o aumento da umidade inicial e do Grau de Compactação (GC). O colapso do solo atingiu maior magnitude na umidade natural (0,2%), alcançando um valor máximo de 8,38% na tensão de 160 kPa, para um grau de compactação de 85%. Enquanto, os maiores valores de potencial de colapso do solo nas condições de 90 e 95% de GC foram de 5,99% e 4,05%, respectivamente sob tensão de 160kPa. Na mistura, com 30% de RCC obteve valor de 5,72%, na mesma tensão (160 kPa), na umidade natural e grau de compactação de 85%. Os resultados permitem concluir que a adição de 30% de RCC ao solo colapsível, causa redução do índice de vazios, menores deformações volumétricas reduzindo de maneira expressiva o Potencial de Colapso do solo, tornando-se uma alternativa promissora para a destinação do RCC gerado em obras da Construção Civil. Palavras-chave: Resíduos de construção Civil; Solo colapsível; Melhoramento; Sustentabilidade.

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Seção
Engenharia Civil
Biografia do Autor

Francisco Cardoso dos Santos Neto, POLI/UPE - Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco

Área de meio ambiente, Melhoramamento de Solos, Resíduos da Construção Civil, Solos Colapsiveis

Stela Fucale, POLI/UPE - Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco

Engenharia Civil,Melhoramamento de Solos, Resíduos da Construção Civil, Solos Colapsiveis

Silvio de Melo Ferreira, UFRPE - Universidade Federal de Pernambuco

Engenharia Civil, Melhoramamento de Solos, Resíduos da Construção Civil, Solos Colapsiveis

Referências

FERREIRA, S. R. M. Solos colapsíveis e expansivos: uma visão panorâmica no Brasil. In: VI Simpósio Brasileiro de Solos não Saturados, 2008, Salvador. Anais...VI Simpósio Brasileiro de Solos não Saturados. Salvador: EDUFBA, v. 2. p. 593-619. 2008.

REGINATTO, A. R. e FERRERO, J. C. Colapse Potential of Soils and Soil-Water Chemistry. Proceedings. Anais...VIII Int. Conf. on Soil Mech. and Found. Eng., Moscow, vol.2.2, p. 177-183. 1973.