Construction of Low-Cost Programmable Logic Controller for Educational Purposes
Yuri Barros de Miranda Neves1 orcid.org/0000-0002-8722-3498
Diogo Roberto Raposo de Freitas1 orcid.org/0000-0002-5023-699X
1Escola Politécnica de Pernambuco, Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil.
E-mail do autor principal: Yuri Barros de Miranda Neves yuribmneves@gmail.com
RESUMO
Montar laboratórios de automação industrial com aparatos de práticas com controladores lógicos programáveis comerciaissão custosos para Universidades Públicas de Ensino. A proposta deste trabalho é criar um controlador lógico programável de baixo custo para aplicações didáticas. Foi feito o circuito eletrônico e utilizado softwares de uso livre Ladder Maker e Arduino. O circuito eletrônico foi planejado com componentes de baixo valor de compra no mercado. A confiabilidade dos componentes eletrônicos utilizados não foi de análise criteriosa para que o custo de fabricação não elevasse. Foi realizada uma comparação do custo total do projeto do CLP de baixo custo com o custo de aquisição de CLPs à venda no mercado e foi possível comprovar que o custo fica em torno de 15% comparado aos equipamentos de empresas tradicionais. A vantagem do valor de confecção deste CLP se sobressai mesmo com menor confiabilidade, visto que a ideia é para fins didáticos.
PALAVRAS-CHAVE: Controlador lógico programável; Ensino de Engenharias; Aplicações Didáticas.
ABSTRACT
Assemblin gindustrial automation laboratories with practical apparatus with commercial Programmable Logical Controllers (PLC)is costly for Brazilian public universities. The proposal of this paper is to create a programmable logic controller for didactic applications. It was made the electronic circuit and used free-software Ladder Maker and Arduino. The electronic circuit was designed with low-cost components in the market. The reliability of the electronic components used was not of careful analysis so that the cost of manufacture did not rise. A cost comparison was made between the proposed PLC project and purchasing PLCs sold in the market and it was possible to show that the cost is around 15%. The advantage of the manufacturing value of this PLC stands out even with less reliability since the idea is for didactic purposes.
KEY-WORDS: Programmable Logic Controller; Engineering Education; Didactic Applications.
Controladores lógicos programáveis (CLPs) estão presentes no controle de processos industriais há décadas [1]. Indústrias que querem automatizar sua produção utilizam os controladores lógicos programáveis para comandar os atuadores do processo. Os CLPs foram os grandes responsáveis pela revolução da indústria 3.0 [1]. Dessa forma, para os alunos de cursos de formação técnica que contemplem área de atuação em indústrias, por exemplo, Engenharia de Automação e Controle, precisam estar familiarizados com estes equipamentos já que atuarão com estes em seus futuros locais de trabalho.
Entretanto, a situação das universidades públicas com cortes de verbas acaba dificultando as melhorias de laboratórios [2]. Em específico, laboratórios de automação industrial, o aproveitamento do aprendizado por cada aluno seria maior se houvessem CLPs suficientes para todos. Com quantidades destes equipamentos insuficientes para a turma de alunos há maior esforço por parte dos docentes e discentes para que haja um aproveitamento do aprendizado sobre os controladores lógicos programáveis. Somente a teoria não é suficiente para a formação neste assunto.
Dois outros trabalhos em português foram encontrados na plataforma Periódicos da Capes, após pesquisa usando as palavras-chave “CLP” e “educacional”. O trabalho de Castilho et al. [3] aborda o desenvolvimento de uma plataforma de produção automatizada, e usa um CLP comercial em parte do sistema. Um kit educacional para controle de nível foi produzido por Pereira et al. [4], que também utiliza um CLP comercial. Portanto, percebe-se na literatura a necessidade de construção de um CLP de baixo custo para aplicações educacionais.
Diante deste cenário, propõe-se uma medida para mitigar a falta de CLPs em laboratórios de Universidades: o desenvolvimento de um CLP de baixo custo. Inspirada na onda do “faça você mesmo” (DIY – Do It Yourself), a ideia é montar um CLP de baixo custo de modo que os alunos possam comprar os materiais e fabricar os seus próprios CLPs para as aulas ou ainda fazer com que o orçamento da instituição consiga adquirir CLPs pelo baixo custo de cada unidade comparado aos vendidos no mercado. Espera-se que com esta medida as aulas que precisem de CLPs para parte prática fiquem mais proveitosas para os alunos. De forma que o aluno poderá até praticar em sua casa, já que ele terá o seu próprio CLP.
Este artigo está organizado em cinco seções. A Seção 2 descreve o dimensionamento dos circuitos que compõem o CLP proposto e o software utilizado para programação na linguagem Ladder. Na Seção 3 são apresentadas a placa de circuito impresso do CLP proposto e a interface do Ladder Maker para escrita da programação pelo usuário. A análise de custos entre o protótipo e três CLPs comerciais é feita na Seção 4. A Seção 5 apresenta as conclusões.
Para a construção de um controlador lógico programável, pode-se dividir o processo em duas vertentes: uma é a construção do hardware que engloba toda a estrutura física do equipamento, e a outra é a elaboração do software que corresponde ao sistema de programação que vai manipular o equipamento acionando e desligando suas entradas e saídas. Os detalhes de cada elaboração do software e hardware são apresentados a seguir.
Analisando os CLPs mais utilizados na indústria e conferindo seus respectivos catálogos dos fabricantes, nota-se que eles possuem a seguinte configuração mínima: circuitos de entradas e saídas digitais (discretas) e analógicas, processador digital (CPU), memórias de programa (ROM) e de dados (RAM), canal de comunicação com um PC e fonte de alimentação elétrica [5]. Baseado nessa configuração mínima dos CLPs de mercado, foi planejada a configuração do hardware do CLP de baixo custo. Ele conterá:
- Tensão de operação em 24VCC;
- 4 entradas de 24VCC;
- 4 saídas por contato seco;
- 2 entradas de 4 a 20mA;
- 2 saídas de 4 a 20mA.
Estas duas entradas e duas saídas de 4 a 20mA foram concebidas devido ao padrão industrial de sensores e atuadores que trabalham nesta faixa de operação de corrente [6]. Para a integração destas entradas e saídas se faz necessário haver um controlador, que recebe as informações da programação do software de controle e atua na leitura ou escrita das portas de entrada e saída. Como a ideia é baratear o produto, foi escolhida uma plataforma de hardware que fosse open hardware e open software de forma que não haja custos com pagamento de licenças de uso. A plataforma escolhida foi o Arduino©, pela sua disponibilidade no mercado local e fácil utilização, pois se baseia no sistema plugand play, mas especificamente o ArduinoNano© que é uma das placas da plataforma [7].
Alimentação do CLP
A escolha da alimentação de 24 VCC foi feita por ser um padrão industrial comum para sistemas de controle de extra baixa tensão [8]. Dessa forma, este CLP poderia ser incluído em algum teste de controle de processo industrial. Contudo, internamente há uma redução desta tensão para uma tensão de operação de 12 VCC e de 9 VCC. A tensão de 12 VCC é utilizada para a operação das entradas e saídas de 4 a 20 mA. A tensão de 9 VCC é utilizada para alimentar a unidade de controle central e alimentar o circuito de saída a contato seco utilizando relés eletromecânicos.
A redução desta tensão de 24 VCC para 12 VCC e 9 VCC é realizada a partir de dois circuitos integrados (CI) reguladores de tensão, o CI 7812 e 7809. Estes CIs convertem a tensão de entrada em uma tensão de saída reduzida e regulada [9]. O problema destes CIs é o baixo rendimento, pois a diferença de tensão de entrada com a tensão de saída gera uma queda de potencial elétrico que é transformado em calor no circuito integrado, fazendo com que eles esquentem por seu próprio funcionamento. Poderia ter-se escolhido outra forma de reduzir a tensão de 24 VCC para 12 VCC e 9 VCC, mas devido ao baixo custo de aquisição destes CIs eles foram as melhores opções de projeto. O circuito de entrada da alimentação pode ser visto na Figura 1.
Figura 1: Circuito de alimentação do CLP.
Fonte: O autor.
Entradas de tensão 24 VCC
O circuito de leitura de entrada de 24 VCC é apresentado na Figura 2.
Figura 2: Circuito de leitura de tensão 24 VCC.
Fonte: O autor.
O circuito é baseado na ideia da percepção de corrente elétrica por parte do controlador quando houver 24 VCC conectado à entrada do CLP. Há várias maneiras de montagem de um circuito eletrônico para este objetivo. Contudo, foi escolhida a utilização de um optoacoplador para esta interface. A escolha se deu de forma a garantir maior segurança ao circuito eletrônico do CLP, visto que o optoacoplador não possui contato elétrico entre seus circuitos de entrada e saída, de forma que há uma isolação óptica entre seus terminais.
Nos terminais de entrada do optoacoplador coloca-se um resistor para limitar a corrente oriunda da entrada 24 VCC. Há diversos optoacopladores no mercado, pelo menor custo e fácil aquisição foi escolhida a utilização do EL817 que atende aos requisitos do projeto e possui queda de tensão de funcionamento no LED interno de 1,2 VCC[10]. Com entrada de 24 VCC, corrente de entrada do optoacoplador de 20 mA e queda de tensão no LED interno ao optoacoplador de 1,2 VCC o cálculo do resistor () a ser utilizado se dá pela Equação (1):
(1)
Para valores de tensão maiores e menores de 24 VCC o circuito também irá funcionar, pois haverá uma passagem de corrente entre os terminais de entrada do optoacoplador. O EL817 possui uma corrente máxima de operação para o LED interno de 60 mA, desta forma, na Equação (2) temos o valor máximo de tensão () que pode-se colocar na entrada do CLP para que não haja queima do optoacoplador:
(2)
Para valores de entrada que não forneçam corrente suficiente para acionar o LED interno do optoacoplador, o controlador principal não irá detectar que há alguma tensão na entrada. Isto ocorrerá para uma corrente de entrada de 5mA [8]. Pela Equação (3) encontramos o valor relativo da tensão em que o controlador não detectará leitura na entrada do CLP.
(3)
Nos terminais do fototransistor do EL817 temos conectado ao coletor uma tensão de 5 VCC oriunda do controlador e um resistor de pull-down ligado ao referencial do sistema. Por padrão, foi utilizado um resistor de pull-down de 1 kΩ.
Ainda no terminal do emissor do fototransistor está ligado a uma entrada digital do circuito do microcontrolador do CLP. Assim que o fototransistor saturar, ou seja, o LED interno do optoacoplador estiver acionado, haverá uma passagem de corrente entre o coletor e emissor do fototransistor que por sequência também haverá uma corrente atravessando os terminais do resistor de pull-down, criando uma diferença de potencial em cima do resistor. Esta diferença de potencial será detectada pelo controlador, devido que uma das entradas do controlador está conectada ao resistor de pull-down. Com isto, o microcontrolador do CLP detecta se há ou não tensão na entrada do sistema pela leitura de nível lógico de tensão no resistor de pull-down do circuito de interface da entrada.
Saídas a contato seco
O circuito de saída à contato seco é apresentado na Figura 3.
Figura 03: Circuito de saída de contato à relé.
Fonte: O autor.
O princípio do circuito é o chaveamento da corrente que atravessa a bobina dos relés pela corrente oriunda do controlador principal para o LED do optoacoplador. Se o optoacoplador for acionado então o relé também é acionado, comutando seus contatos normalmente fechado (NF) e normalmente aberto(NA). Pelo motivo do circuito de leitura das entradas do CLP já utilizarem o optoacoplador EL817 então foi escolhido o mesmo para compor o circuito de acionamento das saídas.
Para fazer esta interface de chaveamento de controle utiliza-se de um transistor bipolar de junção NPN com terminal de base ligado ao terminal emissor do optoacoplador chaveado pela unidade central de controle. O uso deste transistor se fazer necessário, pois os optoacopladores não possuem uma grande capacidade de condução de corrente [10]. Há uma gama de transistores que podem ser utilizados nesta aplicação. A família de transistores BCXXX consegue suprir esta necessidade. Desta forma, o transistor escolhido foi o BC337 pelo preço e facilidade de encontrar no comércio local [11]. O diodo colocado entre os terminais da bobina do relé é para a proteção do circuito quando ocorre a rápida comutação de corrente que atravessa a bobina originando uma tensão muito alta [12].
Para a fonte de alimentação deste circuito de saída foi utilizada a saída do CI 7809 que corresponde à 9 VCC. A escolha foi baseada no uso de menor potência para o CLP.
Como uma corrente de 5mA é suficiente para saturar o transistor (vide Fig. 3) [11] e o valor fornecido pelo microcontrolador é de 5 VCC, então o valor mínimo do resistor é dado pela Equação (4):
(4)
Consultando os manuais de fabricante de relés, percebe-se que correntes de 30 mA são suficientes para acioná-los [12]. Assim o valor deste resistor é mostrado na Equação (5).
(5)
Também há um resistor ligado ao terminal anodo do LED do optoacoplador. Este resistor limita a corrente fornecida pelo controlador central, impedindo que o LED do optoacoplador entre em falha. O controlador fornece uma tensão de 5 VCC e o LED do optoacoplador opera com corrente de 20 mA, pela Equação (6) vemos o valor para este resistor.
(6)
Entradas analógicas de corrente de4 mA a 20 mA
Como é um padrão industrial para sensores e atuadores [8], foram incluídas entradas e saídas de corrente de 4mA a 20 mA. O circuito básico está esquematizado na Figura 4, e possui como elemento central o CI LM324.
Figura 4: Circuito de entrada de 4mA a 20 mA.
Fonte: O autor.
O princípio deste circuito da Figura 4 é o conceito de que uma corrente atravessando uma resistência elétrica gera uma diferença de potencial elétrico. Diante disto, pode-se saber a respectiva tensão elétrica gerada pela corrente de 4mA a 20 mA nos terminais de entrada do CLP.
Um circuito com um resistor entre os terminais de entrada do CLP seria suficiente para captar a leitura de tensão nos terminais de entrada. Entretanto, o circuito de leitura do controlador lógico principal acaba que por interferindo na aferição da diferença de potencial, pois a corrente, que antes só atravessaria o resistor, também passaria a atravessar o controlador central por meio de seu circuito de leitura interno, algo que não é desejado visto que a leitura da tensão entre os terminais do resistor seria divergente da real corrente fornecida na entrada.
Desta forma, precisa-se colocar uma interface de isolação entre os terminais de entrada que recebem a corrente elétrica de 4mA a 20 mA para os terminais de leitura internos do controlador central. Um circuito que consegue suprir esta necessidade é um amplificador operacional na configuração amplificador diferencial de ganho unitário, replicando na saída a diferença de potencial elétrico nos terminais de entrada [13].
A configuração dos resistores , , e na Fig. 4 conectados aos terminais positivo e negativo do amplificador operacional formam um circuito de ganho unitário. Desta forma, a diferença de potencial elétrico no resistor será replicada no terminal de saída do amplificador operacional. A isolação deste tipo de circuito é dada pela elevada impedância entre os terminais de entrada do amplificador operacional [13].
Este circuito possui um detalhe técnico sobre o sentido de corrente na entrada do CLP. A tensão nos terminais do amplificador operacional deve estar de uma forma que o maior potencial esteja no terminal da entrada não-inversora do amplificador operacional e o menor potencial no terminal da entrada inversora, para que a tensão de saída seja positiva. Há a necessidade de que a tensão de saída do amplificador operacional seja positiva em relação ao referencial do circuito, pois o controlador central possui a especificação de leitura de tensões de 0 a 5 VCC. Uma tensão negativa, oriunda da inversão do sentido da corrente acabaria por fornecer uma leitura errônea ao controlador central, já que o amplificador operacional saturaria em 0[11]. Analisando a Fig. 4, nota-se que o sentido da corrente elétrica colocada na entrada do CLP precisa seguir o fluxo do Terminal 2 para o Terminal 1.
O resistor conectado aos terminais de entrada de 4 mA a 20 mA do CLP tem valor calculado na Equação (7), visto que a corrente especificada máxima fica em 20 mA e a tensão máxima de leitura é de 5VCC:
(7)
Os resistores do circuito de ganho unitário do amplificador operacional foram escolhidos para que haja a menor dissipação de potência com uma alta impedância. Para formar o ganho unitário basta que todos os quatro resistores sejam de mesmo valor. Há uma pequena diferença entre os valores dos resistores devido à faixa de tolerância, entretanto alta confiabilidade não é o foco do CLP de modo que este um problema da faixa de tolerância é aceitável ao projeto. O valor escolhido foi de 10 kΩ.
Como o controlador central só permite leituras de 0 a 5 VCC em seus terminais, foi colocado um diodo zener de 5 VCC na saída do amplificador operacional para evitar que ocorra algum dano do circuito interno de leitura por algum eventual aumento da corrente de entrada do CLP.
O amplificador operacional escolhido foi o CI LM324 [14]. Este CI possui quatro amplificadores operacionais internos e não necessita de alimentação simétrica de forma que se encaixa na especificação da necessidade do circuito de leitura de entrada de 4mA a 20 mA. Do CI foram utilizados dois amplificadores operacionais para a entrada e dois foram utilizados para a saída de analógica, conforme será apresentado a seguir. Como a alimentação do CI é a mesma, a alimentação dos amplificadores operacionais é de 12 VCC.
Saídas analógicas de corrente de 4mA a 20 mA
Assim como as entradas de leitura de corrente de 4mA a 20 mA permitem que o CLP se comunique com sensores industriais, estas saídas permitem o controle de atuadores industriais. A Figura 5 mostra o circuito para as saídas analógicas.
Figura 5: Circuito de saída de corrente.
Fonte: próprio autor.
Neste circuito, utiliza-se o conceito de seguidor de tensão utilizando amplificadores operacionais junto com um transistor de bipolar de junção. A tensão de saída () de um amplificador operacional é dada pela Equação (8), onde simboliza o ganho.
(8)
Como os ganhos dos amplificadores operacionais são extremamente elevados [13], vê-se pela Equação (11) a tensão de entrada no terminal positivo é a mesma da entrada no terminal negativo.
(9)
(10)
(11)
Diante desta particularidade, usa-se o artifício de colocar um resistor ligado à entrada do terminal negativo que também está ligado em realimentação negativa para que haja uma corrente constante fluindo pelo resistor . Esta corrente será dada seguindo a Lei de Ohm e será calculada para resultar em uma corrente de 4mA a 20mA de acordo com a entrada do terminal positivo do amplificador operacional pela Equação 12.
(12)
Diante destas informações, percebe-se que uma carga colocada nos terminais de saída analógica do CLP não vai modificar a corrente que flui do coletor ao emissor do transistor,pois o amplificador operacional estabiliza a corrente no resistor pela tensão do terminal positivo mantendo uma corrente constante.
Para fazer o controle da tensão colocada sobre o terminal não-inversor do amplificador operacional, o controlador central usa uma modulação de pulsos (PWM – Pulse WidthModulation), visto que a diferença de potencial fornecida pelo controlador assume dois estados 0 ou 5VCC. Um circuito RC é utilizado para converter os pulsos oriundos do controlador central para um nível de tensão mais estável em uma faixa de valores de 0 a 5VCC. Pelas Equações (13) a (18), percebe-se que as tensões de entrada do amplificador operacional precisam variar entre os valores 0,6V e 3V, para que a corrente de saída tenha valores de 4mA a 20mA.
(13)
(14)
(15)
(16)
(17)
(18)
O cálculo do circuito RC para essa faixa de valores é visto na Equação (19), analisando a impedância do capacitor.
(19)
(20)
Para 3V máximo na entrada não inversora temos:
(21)
(22)
(23)
(24)
(25)
A frequência de 490Hz é a frequência no terminal digital 9 do controlador central [15]. Porém, calcular um filtro para uma frequência muito próxima á frequência que se deseja atenuar faz com que o filtro não seja tão eficaz [15], assim foi escolhida a frequência de 300Hz. Tem-se:
(26)
(27)
Desta forma, a partir de uma modulação PWM do controlador central consegue-se controlar a corrente de saída do CLP.
Controlador Central
O controlador central é a “inteligência” do CLP. É similar como o CPU de um computador. É por meio do controlador central que é possível programar o CLP proposto.
Para o controlador central do CLP de baixo custo foi utilizado o microcontrolador ATMEGA328P, mais especificamente o microcontrolador na placa da plataforma open hardware Arduino Nano© [7]. A escolha do uso da plataforma foi pela sua disponibilidade de integração a projetos de controladores e pelo seu baixo custo no mercado comparado a outras plataformas, além de sua interatividade com o software de programação LadderMaker [17].
Existe uma norma internacional chamada IEC 61131-3 que normatiza as linguagens de programação para os CLPs [16]. Como o intuito é a construção de um CLP mesmo que de baixo custo devemos seguir esta norma para que a assimilação do conteúdo por parte do aluno não seja deficitária em relação ao que o mercado de trabalho solicita.
A elaboração de um software de programação para um CLP envolve uma gama de dificuldades que não tem valor agregador ao projeto, visto que este aprendizado ficaria apenas para o programador do software. Além de que há um custo de pagamento de horas de programação a um programador para que o software fosse elaborado. Para diminuir o custo e facilitar a utilização do CLP por quaisquer aluno, foi-se buscado na internet o software chamado LadderMaker [17].
O LadderMaker é um software de uso livre (open software). Não necessitando pagamento de licenças de uso. O software permite que o usuário programe o CI ATMEGA328P da placa Arduino Nano por meio da linguagem de programação Ladder [18, 19]. Dessa forma, o CLP desenvolvido está em conformidade com a IEC 61131-3 no que se refere à linguagem de programação Ladder.
A Figura 6 apresenta o circuito total do CLP desenhado no CAD Isis Proteus©. A definição dos pinos de entrada e saída do controlador central foi baseada pela especificação de escolha do software LadderMaker,pois o software vem com uma pré-configuração de funcionamento com os pinos de entrada e saída do Arduino Nano©,conforme Figura 7.
Figura 7: Pinos dedicados ao controlador pelo LadderMaker.
Fonte: [15].
Utilizando o software de desenho auxiliado por computador ISIS PROTHEUS© foi feito o desenho da placa de circuito impresso para o controlador lógico programável de baixo custo. O desenho do circuito impresso foi realizado para permitir que os alunos pudessem ter a possibilidade de fabricar o seu próprio CLP de baixo custo.
A Figura 8 apresenta o desenho da placa de circuito impresso. Para a conexão do CLP com o mundo externo, seja por entrada ou por saídas foram utilizados, no desenho, bornes de conexão colocados em um mesmo lado da placa à ser confeccionada de modo que haja facilidade na conexão do cabeamento no CLP já que todos os bornes estão em um mesmo lado.
Figura 8: Desenho da placa de circuito impresso. Fonte: próprio autor.
O programa LadderMaker é distribuído gratuitamente na internet sob a licença GPL 3.0 [18]. Não é necessário fazer sua instalação. Contudo, até a data de elaboração deste documento, o software só estava disponível para sistemas operacionais Linux e Windows 7. NaFigura 9 é mostrada a tela inicial do LadderMaker para a versão do sistema operacional Windows 7.
Figura 9: Tela inicial do LadderMake.
Fonte: O autor.
O programa permite utilizar as funções da linguagem de programação Ladder para programar as placas da plataforma Arduino(Uno, Nano e Mega). É possível utilizar as funções de contato aberto, contato fechado, contador, timer, operações aritméticas e lógicas, sinal em rampa,entrada e saída analógica, como também saída em pulso de onda modulada, tornando o uso do software bastante eficaz para uso didático. A Figura 10 apresenta algumas funções de entradas e saídas no LadderMaker.
Figura 10: Exemplo de funções implementadas no software LadderMaker.
Fonte: O autor.
A simplicidade da interface de usuário do LadderMaker o torna uma boa escolha para compor a solução de um CLP de baixo custo para fins didáticos, onde o intuito é acelerar a curva de aprendizado dos estudantes.
Na Tabela 1 encontra-se o quantitativo e o custo total dos materiais do projeto de construção do CLP didático proposto. Custando um valor médio menor do que R$100,00 é possível montar um CLP para acompanhar as aulas práticas teóricas de disciplinas de estudos de automações industriais.
Tabela 1:Quantitativo de itens para confecção do CLP.
Fonte: O autor.
Para efeito de comparação, a Tabela 2exibe o valor de alguns modelos de CLP compactos de marcas atuantes no mercado [5], que são de porte comparado ao CLP didático. Percebe-se que há uma vantagem inicial financeira devido ao baixo custo do CLP aqui proposto. Salientando que o custo do projeto citado inclui somente os materiais para confecção, não incluindo custo de mão de obra e encargos financeiros.
Tabela 2: Preços de compra de CLPs de modelo básico.
Fonte: O autor.
Ressalva-se que os custos foram listados para a construção de um protótipo funcional, que permite ao aluno realizar as práticas da aula de CLP. Na Figura 11, tem-se a foto do circuito montado em protoboard. A imagem apresenta o protótipo montado com uma placa Arduino Uno, por indisponibilidade de um Arduino Nano no momento da fotografia. Porém, esse fato não interfere na concepção do projeto, pois o Uno possui maior quantidade de terminais de entrada e saídas que apenas não foram utilizadas.
Figura 11: Circuito protótipo montado em protoboard. Fonte: O autor.
Nota-se uma diferença em entre o custo de confecção do CLP proposto neste trabalho eos preços de venda dos controladores mais básicos oferecidos pelas principais empresas de mercado.
As configurações de número de entradas e saídas e tipos de entrada e saída do CLP de baixo custo são similares aos equipamentos de mercado. Desta forma, as principais práticas de laboratório CLP poderão ser realizadas. A experiência dos alunos será mais interativa, pois os próprios alunos podem confeccionar seus CLPs, possibilitando que eles entendam mais profundamente as características de hardware, e consigam realizar diagnósticos sobre o equipamento e projetem novos componentes, habilidades que não são desenvolvidas quando existem CLPs prontos nos laboratórios. E a instituição de ensino também poderá adquirir mais CLPs permitindo práticas individuais e de melhor qualidade, aliadas com a teoria.
No tocante aos materiais utilizados, são materiais de fácil disponibilidade para compra no mercado local e sem necessidade de licença de uso de fabricantes. O software também segue essa linha de não necessidade de licença, o que facilita a obtenção e uso do mesmo pelos alunos. Assim, pode-se afirmar que o objetivo de confeccionar um CLP para laboratórios de práticas de automação industrial de baixo custo foi alcançado.
Nota-se, porém, que este CLP de baixo custo dificilmente será uma solução definitiva para o mercado. Em processos industriais, a confiabilidade dos equipamentos deve ser alta e um CLP deve acompanhar este mesmo critério, tanto por seus componentes quanto por sua confecção.
Os próximos passos serão dedicados a tornar a solução mais completa, montando a placa em um gabinete apropriado e colocando adesivos de identificação das entradas e saídas e um canal de comunicação via rede RS-485, tornando um produto mais profissional para as exigências do mercado educacional.
REFERÊNCIAS
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