Ferramenta de Aprendizado através da Gestão da Cultura de Segurança do Trabalho
Learning Tool Through Safety Culture Management
Danilo Magalhães Nogueira1
orcid.org/0009-0009-4703-5896
1Companhia Brasileira de Trens Urbanos – Superintendência Recife, Recife, Brasil. E-mail: danilo_mnog@hotmail.com
²,3,4Escola Politécnica de Pernambuco, Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil. E-mail: felipemendeslsht@poli.br
E-mail: eliane.lago@upe.br
E-mail: bianca.vasconcelos@upe.br
Esta obra apresenta Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial 4.0 Internacional.
Como citar este artigo pela NBR 6023/2018: NOGUEIRA, Danilo M.; CRUZ, Felipe M.; LAGO, Eliane M. Gorga; VASCONCELOS, Bianca M. Ferramenta de Aprendizado através da Gestão da Cultura de Segurança do Trabalho. Revista de Engenharia e Pesquisa Aplicada, Recife, v., n. , p. , mês, ano. DOI: Disponível em: . Acesso em: .
RESUMO
Na construção civil diversas formas de aprendizado são utilizadas para criar a cultura de segurança do trabalho. Existem várias ferramentas já consagradas com formatos típicos da região. A ideia é passar o conhecimento a ser transmitido de forma a ser melhor assimilado, isto é, os trabalhores devem enxergar suas atividades com os conceitos de segurança na prevenção de seus riscos. Uma dessa ferramenta já desenvolvida e utilizada em alguns setores econômicos pesquisados no Brasil é a paródia de segurança do trabalho. O presente estudo visa identificar as contribuições do concurso de paródias no aumento da cultura de segurança do trabalho. Assim, foi realizado um estudo de caso com aplicação de questionário investigativo junto aos trabalhadores criadores das paródias de segurança do trabalho de uma empresa de transporte. Os resultados mostram que os concursos de paródias contribuem para aumento de aprendizagem dos trabalhadores, aumento de conscientização na prevenção de acidentes e melhoria de clima organizacional, favorecendo o aumento da cultura de segurança e, consequentemente, redução de acidentalidade na organização.
PALAVRAS-CHAVE: Cultura de segurança do trabalho; concurso de paródias de segurança do trabalho; prevenção de acidentes.
ABSTRACT
In construction, several forms of learning are used to create a culture of workplace safety. There are several established tools with formats typical of the region. The idea is to pass on knowledge to be better assimilated, that is, workers must view their activities with safety concepts in preventing risks. One of these tools already developed and used in some economic sectors researched in Brazil is the work safety parody. The present study aims to identify the contributions of the parody contest in increasing the workplace safety culture. Thus, a case study was carried out with the application of an investigative questionnaire to workers who created workplace safety parodies in a transport company. The results show that parody contests contribute to increased worker learning, increased awareness of accident prevention and improved organizational climate, favoring an increase in safety culture and, consequently, a reduction in accidents in the organization.
KEYWORDS: Work safety culture; contest workplace safety parodies; accidents prevention.
De acordo com o Anuário Estatístico da Previdência Social (2021), entre 2019 e 2021 o Brasil registrou uma média de 541.542 acidentes de trabalho, com 2.297 mortes, 9.286 incapacidades permanentes e 419.892 incapacidades temporárias. Muito tem se discutido sobre as formas mais eficientes de reduzir esse nível de acidentes, e dentre as soluções propostas, a valorização e o aumento da maturidade da cultura de segurança nas empresas se destaca.
Estudos sobre fatores indicativos da maturidade da cultura de segurança mostram que quanto maior o envolvimento dos trabalhadores nas questões de segurança, maior a maturidade de segurança em uma organização. Desta forma, promover práticas de segurança que estimulem o envolvimento e participação dos empregados é indispensável à evolução da cultura de segurança e, consequentemente, à redução dos índices de acidentes do trabalho.
Estudos indicam que a paródia é uma ferramenta eficaz de mobilização, envolvimento de pessoas e de desenvolvimento de pensamento crítico e aprendizagem, podendo ser uma ferramenta lúdica de promoção da reflexão dos empregados sobre temas de prevenção de acidentes de trabalho, capaz de contribuir para o aumento da maturidade da cultura de segurança do trabalho no ambiente organizacional.
Neste sentido, o presente estudo tem por objetivo principal fazer uma análise da contribuição do concurso de paródia na evolução da cultura de segurança de uma empresa de transportes urbanos da Cidade do Recife, sobretudo nos aspectos de estímulo à aprendizagem de assuntos de segurança do trabalho, aumento da conscientização quanto à prevenção de acidentes de trabalho, bem como, melhoria do clima organizacional, sob a ótica daqueles empregados que desenvolveram as paródias.
Para desenvolvimento deste estudo, se fez necessário conhecer o que a literatura
científica apresenta sobre a cultura
de segurança e sua importância para redução de acidentes de
trabalho no ambiente ocupacional. Bem como, se fez necessário identificar as ferramentas de envolvimento dos
trabalhadores nos aspectos de segurança apontados
por pesquisadores.
Ao longo dos anos, muitos autores buscaram definir cultura de segurança. Em estudo com 27 artigos sobre cultura de segurança, Choudhry, Fang, Mohamed (2007), identificaram 8 artigos que definem cultura de segurança. Para os autores, as definições adotadas por Hale (2000) e Cooper (2000) são as mais adequadas por serem mais práticas ao identificar os conteúdos da cultura de segurança. Para Hale (2000) cultura de segurança “refere-se às atitudes, crenças e percepções compartilhadas entre grupos naturais como normas e valores definidores, que definem como agem e reagem em relação aos riscos e sistemas de controle de riscos”. Para Cooper (2000), a cultura de segurança é “aquele grau de esforço pelo qual todos os membros da organização direcionam atenção e ações para melhorar a segurança diariamente.” Percebe-se que ambos os autores dão ênfase ao envolvimento dos trabalhadores e disseminação das ações de prevenção de forma natural e habitual.
Para a Health and Safety Commission (HSC), a cultura de segurança de uma organização é definida como “produto dos valores, atitudes, percepção, competências e padrão de comportamento de indivíduos e grupos que determinam o comprometimento, o estilo e a proficiência do gerenciamento da segurança do trabalho da organização.” (HSC apud REASON, 2007).
Estudos indicam que uma cultura de segurança positiva estabelecida pode ser uma ferramenta eficaz para o sucesso e o bom desempenho do Sistema de Gestão de Segurança do Trabalho, e consequentemente redução de acidentalidade, no entanto, o desafio é desenvolver uma cultura que garante alto desempenho prevencionista. Dentre os elementos essenciais para esse alto desempenho pode ser citado: cuidado mútuo e envolvimento de todos os trabalhadores, independente de hierarquia e comunicação entre as partes (CHOUDHRY; FANG; MOHAMED, 2007)
Coser (2019) aponta os benefícios econômicos e produtivos decorrentes do desenvolvimento da cultura de segurança, dentre os quais a redução de acidentes com lesões, redução de perdas materiais e redução de paradas do processo e aumento da produtividade e qualidade dos produtos.
Segundo Gonçalves et al. (2011), os resultados dos estudos sobre cultura de segurança revelam que as empresas com menos acidentes apresentam uma maturidade da cultura de segurança mais
avançada. O mesmo autor, após extenso estudo sobre fatores indicativos da maturidade da cultura de segurança, identificou os cinco fatores essenciais mais citados nos trabalhos, tais como: informação, aprendizagem organizacional, envolvimento, comunicação e comprometimento. Para o autor, “envolvimento” diz respeito à participação dos trabalhadores nos aspectos de segurança da organização.
Nesta mesma linha de pensamento, outros autores ressaltam o fator “envolvimento” como sendo de grande importância no desenvolvimento da cultura de segurança.
Choudhry, Fang, Mohamed (2007) pontuam que, para uma cultura de segurança positiva, o envolvimento dos trabalhadores é fundamental e capaz de promover sentimentos de autoestima, pertencimento e valor, que impactam positivamente na prevenção de acidentes.
Para a OIT (2005), a participação dos trabalhadores constitui um elemento essencial do sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho de uma organização. Por isso, propõe que os trabalhadores sejam consultados, informados e capacitados em todos os aspectos de saúde e segurança do trabalho relacionado às suas atividades.
Há várias ferramentas de envolvimento dos trabalhadores nas questões de segurança. Gonçalves et al. (2011) pontua algumas delas, tais como: participação em análise de acidentes e incidentes, identificação e análise de riscos do ambiente de trabalho, propostas de melhorias de segurança no ambiente de trabalho e sua implementação, elaboração e revisão de procedimentos, participação em comitês e encontros de segurança. São outros exemplos de ferramentas de envolvimento: treinamentos, diálogos diários de segurança (DDS), diálogo pré- tarefa e paródias de segurança do trabalho.
De acordo com o dicionário da língua portuguesa, Houaiss (2011 p. 702) a paródia pode ser definida como: ”Imitação cômica de um texto, peça, etc.” podendo ser compreendida como a recriação de uma obra no qual o novo autor coloca suas ideias e expressões, utilizando como base a obra anterior.
O desenvolvimento de uma paródia é um processo criativo que exige estudo do conteúdo, escolha da música parodiada, adaptação do assunto estudado. Neste ponto, a paródia contribui na organização e estruturação dos conteúdos, permite
rever vários conteúdos, revisitar outros assuntos do tema trabalhado, além de promover o trabalho coletivo e melhorar a relação interpessoal dos envolvidos (PAIXÃO, 2019).
As paródias têm uma larga aplicabilidade e estudos no campo educacional na perspectiva de ampliação de metodologias didáticas. Estudos relatam alguns benefícios do uso da paródia, tais como: maior facilidade no processo ensino- aprendizagem, por simplificar o repasse e assimilação da informação, maior contribuição na memorização do conteúdo, promoção da retomada da consciência crítica do aluno, despertar interesse e participação dos alunos. (TURMINA; RODRIGUES, 2016).
As paródias permitem que as informações sejam memorizadas mais facilmente a partir do uso de melodias conhecidas. Assim, torna-se uma estratégia poderosa quando se trata de ensinar coisas que sejam rapidamente assimiladas ou em situações em que se deseje aumentar o interesse pelo assunto que se está abordando. (TREZZA; SANTOS; SANTOS, 2007).
Para o desenvolvimento deste estudo, inicialmente, foi realizada uma pesquisa na literatura científica sobre os fatores contributivos para evolução da maturidade da cultura de segurança numa organização, bem como, os efeitos da criação de paródias como ferramenta de envolvimento e aprendizagem.
Em seguida, foi realizado um estudo de caso em que foi feita a análise do efeito dos Concursos de Paródias realizados durante as Semanas Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho e Meio Ambiente (SIPATMA) dos anos de 2015, 2016, 2018 e 2019 de uma empresa do setor de transporte. Para tanto foi realizado um levantamento documental dos registros destes concursos, tais como: número de paródias elaboradas, listas de presenças, fotografias, filmagens, cartazes, regras de participação etc.
Também foi desenvolvido um questionário (Figura 1), na ferramenta Google Forms, dirigido aos trabalhadores criadores das paródias, com 20 afirmações divididas em 4 blocos temáticos: autopercepção artística, paródia como instrumento de aprendizagem ativa, paródia como instrumento de conscientização e paródia como instrumento de melhoria de clima organizacional, os quais os participantes respondiam o quão concordavam com a afirmação. Foram utilizados cinco níveis de concordância enumerados de 1 a 5 (1 Discordo
Muito, 2 Discordo, 3 Não tenho certeza, 4 Concordo,
5 Concordo Muito). Após respostas, os dados foram analisados e tratados qualitativamente e quantitativamente.
Figura 1 - Questionário aplicado
Fonte: O autor.
Após o estudo do tema na literatura científica, do levantamento realizado no acervo documental da empresa e da análise da aplicação do questionário dirigido aos participantes criadores das paródias foram obtidos os resultados apresentados a seguir.
Foram analisadas listas de inscrições, listas de presenças, letras das paródias e critérios de avaliação dos concursos de paródias realizados em 2015, 2016, 2018 e 2019, cujos resultados são apresentados no quadro 1.
Quadro 1: Análise quantitativa das paródias
Fonte: acervo documental da empresa
O quadro 1 mostra que nos 4 anos de concursos de paródias, houve 40 paródias inscritas; uma média de 10 paródias por ano. Anualmente, houve mais paródias inscritas que número de participantes, o que mostra que, todo ano, houve participantes que concorreram com mais de uma paródia. Ao comparar os anos de 2018 e 2019, houve um aumento de 76 a 98 (28%) o número de ouvintes, o que demonstra um aumento do envolvimento dos trabalhadores com o concurso de paródias. As listas de inscrições analisadas mostram que durante os 4 anos de concurso de paródias houve 17 participantes únicos. Ou seja, alguns participantes participaram em mais de uma edição.
As paródias foram avaliadas quanto aos seguintes critérios: aderência ao tema de segurança do trabalhado e meio ambiente; aderência com a realidade do ambiente de trabalho e capacidade de animar os ouvintes. Para cada ano houve uma premiação para a paródia campeã.
Abaixo, segue o exemplo da paródia campeã do ano de 2018 (Figura 2), do trabalhador José Carlos, que parodiou a música “Evidências”.
I
Quando eu digo que não uso o EPI, só porque não quero
Eu me arrisco, tô fazendo um mal a mim e a quem venero,
Pois, na verdade se o acidente acontecer e,
Não der tempo de alguém me socorrer,
Vão se os sonhos e os projetos de uma vida que eu sonhei um dia
II
Tenho cinto, tenho luva e capacetes que a mim foram entregues
Contra o choque a bota e a sinalização, mesmo que eu aterre Se o risco é tóxico e vem pela inalação
Eu uso a máscara e protejo o meu pulmão
Eu sou o melhor fiscal pra proteger minha saúde e a minha vida.
III
E no dia a dia com cuidado e,
Paciência,
Realizo as tarefas, corrigindo as
Displicências
Para rever no fim do dia a família que
Guardo no coração,
Que eu sei que me ama
Plugue no ouvido, que protege dos ruídos,
E nos olhos se preciso, tenho óculos Comigo
E por isso eu te convido pra cantar comigo essa nossa canção,
Eu quero ouvir você nesse refrão
REFRÃO
Se falo a verdade, e se você sabe, por que você resiste tanto assim? Se falo a verdade, e se você sabe, eu quero ver você com o EPI.
Figura 2 - Apresentação Campeã Concurso de Paródia 2018
Fonte: acervo da organização.
Participaram da pesquisa 14 empregados criadores das paródias. Os resultados estatísticos apresentados são resultados da soma dos níveis de concordância 4 (Concordo) e 5 (Concordo muito), com exceção da questão de nº3 cujo resultado é apresentado como somatório dos níveis de discordância 1 (Discordo Muito) e 2 (Discordo).
A figura 3 apresenta os resultados da percepção artística dos participantes. Em sua maioria, se percebem como pessoas criativas (85%), extrovertidas (79%) e com habilidades artísticas (71%). Além disso, informam escutar música com frequência (85%), e que não tiveram dificuldades na criação da paródia (65%).
Figura 3 - Percepção artística dos participantes
Fonte: O autor.
O resultado sugere que empregados com uma percepção artística possuem maior interesse e disposição para participar do concurso de paródias. Isso pode justificar o fato de que, e apesar dos esforços em divulgar o concurso de paródias, o número de inscritos no concurso foi pequeno, frente ao número de empregados da empresa (aproximadamente 1800 empregados). Sugere também, que a empresa que optar por essa ferramenta de envolvimento dos empregados deve buscar estratégias de desinibir e estimular outros funcionários sem o perfil artístico a participarem.
A figura 4 apresenta os resultados do Concurso de Paródias como um instrumento de aprendizagem ativa, a maioria dos participantes relata terem tido de estudar assuntos de segurança do trabalho (72%), repensar conceitos de segurança do trabalho (79%), discutir alguns assuntos de segurança do trabalho com outras pessoas (65%). Além disso, a maioria relata ter observado e analisado criticamente seu ambiente de trabalho (93%), e todos informaram sentir que consolidaram mais conhecimento sobre segurança do trabalho durante a criação da paródia (100%).
Figura 4 - Paródia como instrumento de aprendizagem Ativa
Fonte: O autor.
Dessa forma, e de acordo com os estudos de Trezza, Santos (2007), Paixão (2019) e Turmina, Rodrigues (2016), este estudo encontrou consonância quanto ao uso do desenvolvimento das paródias para o aumento da cultura de segurança na organização.
A figura 5 apresenta os resultados do concurso de Paródias como instrumento de conscientização: quase a totalidade dos participantes relata ter melhorado seu comportamento relativo à prevenção de acidentes de trabalho (93%); estão mais conscientes da importância da prevenção de acidentes de trabalho (93%); estão mais entusiasmados em ajudar outros colegas a prevenirem acidentes de trabalho, orientando-os na prevenção (93%); estão entusiasmados a informar situações de riscos aos responsáveis e contribuir para resolução (93%); ficaram mais entusiasmados com o tema e passaram a fazer ações de melhorias no ambiente de trabalho para torna-lo mais seguro (86%); acreditam que o concurso de paródias contribuiu para uma maior conscientização dele e de seus colegas de trabalho (92%).
Figura 5 - Paródia como instrumento de conscientização
Fonte: O autor.
Os resultados sugerem que o concurso de paródias é um instrumento de conscientização importante para estimular os empregados na prevenção de acidentes de trabalho, contribuindo para uma elevação da cultura de segurança da empresa.
A figura 6 apresenta os resultados do concurso de paródias como instrumento de melhoria de clima organizacional, os participantes relatam sentir se mais valorizados e respeitados após participação no concurso (65%), e acreditam que o concurso de paródia contribui para melhoria do clima organizacional (71%).
Figura 6 - Paródia como instrumento de melhoria organizacional
Fonte: O autor
Os resultados sugerem que o concurso de paródias tem efeito positivo no clima organizacional. Desta forma, corrobora com Paixão (2019) em que afirma impactos positivos da paródia na coletividade e relacionamento interpessoal.
O estudo demonstrou que o concurso de paródias é uma ferramenta de envolvimento de trabalhadores eficaz para aumentar a cultura de segurança dos trabalhadores. Suas contribuições vão desde o estímulo à aprendizagem, à melhoria do clima organizacional, passando pelo aumento da conscientização dos trabalhadores. Durante a criação das paródias os trabalhadores são estimulados a analisar criticamente o ambiente e a organização do trabalho, além de revisitarem conceitos e fundamentos prevencionistas, através de estudos e discussões com outras pessoas. Essas ações favorecem uma maior aprendizagem sobre os aspectos de segurança no ambiente de trabalho, o que, por sua vez, leva a um aumento da conscientização da importância da prevenção de acidentes de trabalho. O concurso de paródias também favorece o trabalho coletivo e a relação interpessoal que ajudam a melhorar o sentimento de valorização pessoal no ambiente de trabalho e do clima organizacional. Apesar de todas as contribuições benéficas apontadas, é importante ressaltar que o estudo identificou uma maioria de criadores de paródias com perfil artístico, característica singular, que pode ser um limitador a uma maior aderência de participantes criadores de paródias em eventos futuros. Para contornar esse fator limitante, sugere-se que a empresa invista na comunicação e divulgação da paródia como sendo uma grande brincadeira cuja habilidade artística e talento é o que menos importa, mas sim, os benefícios pessoais e coletivos que o processo criativo da paródia oferece.
Outro ponto a se considerar é que o presente estudo foi realizado com um recorte dos trabalhadores que participaram na criação das paródias, sem levar em consideração as contribuições e percepções dos ouvintes que assistiram às apresentações. Sugere-se, como trabalho complementar, a pesquisa das contribuições dos concursos de paródias para os ouvintes. Quais os impactos dos concursos de paródias aos ouvintes e como contribuem para o aumento da cultura de segurança da empresa?
Por fim, o concurso de paródias mostrou-se uma ferramenta poderosa de aprendizagem e conscientização capaz de contribuir com o aumento da cultura de segurança do trabalho na organização e, em última análise, com a redução da acidentalidade no ambiente laboral.
[1] COSER, Alessandro Luis. A evolução da cultura de segurança e a influência no aumento da produtividade na indústria de painéis de madeira. 2019. Dissertação (Mestrado Profissional) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, [S. l.], 2019. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/ 204410/001109623.pdf?sequence=1. Acesso em: 18 ago. 2023.
[2] CHOUDHRY, R. M.; FAG, D.; MOHAMED, S. The nature of safety culture: a survey of the state- of-the-art. Safety Science, n. 45, p. 903-1012, 2007.
[3] EK, A. et al. Safety cultura in Swedish air traffic control. Safety Science, n. 45, p. 791-811, 2007.
[4] GONÇALVES, A. P. G., Fo., ANDRADE, J. C. S., & MARINHO, M. M. O. ( Cultura e
gestão da segurança no trabalho: uma proposta de modelo. Gestão
Produção, 18(1), 205 220. http://dx.doi.org/10.1590/S0104 530X2011000100015.
[5] GORDON, R.; KIRWAN, B.; PERRIN, E. Measuring safety culture in a research and development centre: A comparison of
two methods in the Air Traffic Management domain. Safety Science, n. 45, p. 669 695,
2007.
[6] HOUSAISS, Antonio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss Conciso. 1.Ed.,Rio de Janeiro: Editora Moderna,2011.
[7] HUDSON, P. Applying the lessons of high risk industries to health care. Quality & Safety in Health Care, n. 12, p. I7-I12, 2003.
[8]MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA. Anuário Estatístico da Previdência Social 2021. Brasília, DF, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/previdencia/ptbr/assuntos
/previdencia social/arquivos/onlinte aeps 2021 /secao iv 2013 acidentes do trabalho/capitulo 31 acidentes do trabalho/31 13 quantidade mensal de acidentes do trabalho liquidados por consequencia 2017 2019 Acesso em: out. 2023.
[9] PAIXÃO, Beatriz dos Santos. O uso de
paródias no ensino de biologia.
2019. Dissertação (Mestrado Profissional) Universidade
Federal de Juiz de Fora, Juiz de
Fora, 2019. Disponível em:
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/10 965. Acesso em: 25 out. 2022.
[10] TREZZA, M. C. S. F.; SANTOS, R. M. dos; SANTOS, J. M. dos. Trabalhando educação popular em saúde com a arte construída no cotidiano da enfermagem: um relato de experiência. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2007.
[11] TÚRMINA, Sandra Ghedin; RODRIGUES, Mauricio Ghedin. Análise da efetividade da paródia enquanto estratégia didática no processo de ensino aprendizagem da biologia a partir da percepção discente. Os Desafios da Escola Pública Paranaense na Perspectiva do Professor PDE. Paraná, 2016.