Telhados Verdes. Caracterização das condições ótimas para o microclima da cidade de Recife-PE

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Teresinha Batista Silva

Resumo

Sabe-se que a cidade de Recife é corriqueiramente acometida a alagamentos. Esta suscetibilidade é o resultado de intervenções antrópicas sem planejamento aliadas a características físico-naturais da cidade de Recife, como o fato de ser cortada por diversos rios e por sua localização numa planície litorânea abaixo do nível do mar (Holanda e Soares, 2019). No estado de Pernambuco, os telhados verdes estão sendo estudados por autores como Santos et al. (2013), para atuarem como técnica compensatória no controle do escoamento superficial, retendo água na camada de substrato, retardando o pico de escoamento e consequentemente, reduzindo o problema da drenagem urbana. Sabe-se que a camada de solo tem influência direta na capacidade de retenção de parte da chuva, através de processos como interceptação, armazenamento de água e evapotranspiração. Sendo assim, visando minimizar os alagamentos que ocorrem na cidade de Recife, objetivou-se identificar qual a composição granulométrica do solo que mais se adequa às condições hidrometeorológicas da cidade de Recife, visando maximizar a eficiência de telhados verdes na drenagem da região, utilizando o modelo computacional Hydrus-1D (Simunek et al. 2013).  As atividades desta pesquisa foram desenvolvidas para o bairro da Madalena, Recife. Foram realizadas simulações matemáticas unidimensionais no  Hydrus-1D de um telhado verde extensivo com uma profundidade de 20 cm, o qual é composto por uma camada de brita (drenagem) de 2 cm, uma de solo com 12 cm, e outra de solo vegetal (substrato) com 6 cm, utilizando uma vegetação gramínea com 2 cm de altura e 10 cm de profundidade. As simulações foram feitas para o mês de junho de 2019, e utilizaram como parâmetros de entrada as temperaturas máxima e mínima, precipitação, insolação, velocidade do vento e umidade relativa, utilizou-se os dados meteorológicos da estação do Curado, disponibilizados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Foram realizadas cinco simulações variando a composição granulométrica da camada de solo, e expondo cada uma dessas composições aos dados de precipitações do período estudado. No dia 14/06/2019, com a precipitação mais intensa do mês (147,2 mm dia-1), observou-se a partir das simulações um escoamento superficial de 139,81 mm dia-1, no solo com maior percentual de finos (silte e argila, 70%), enquanto no solo com maior percentual de areia (85%), o escoamento superficial foi de 28,62 mm dia-1. Ou seja, solos mais arenosos apresentaram uma maior condutividade hidráulica saturada quando comparados a solos com maiores percentuais de argila e silte, drenando mais facilmente a água armazenada em sua camada.Tais resultados são condizentes com o que tem sido observado em outras pesquisas, entre as quais Reichardt (1990), diz que a presença de um grande percentual de areia no solo proporciona uma maior porosidade em seu perfil, e Dlapa et al. (2020), mencionam que solos compostos de frações granulométricas mais grossas são extremamente benéficos para as propriedades hidráulicas do solo já que aumentam a taxa de infiltração e reduzem o escoamento superficial, além de contribuir significativamente para o fluxo de água em condições saturadas. Deste modo, os solos com frações granulométricas mais grossas se mostraram bastante eficazes em realizar o proposto, viabilizando a redução das demandas dos sistemas convencionais de drenagem urbana, e possíveis diminuições de alagamentos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Seção
Engenharia Civil