Análise da viabilidade econômica da utilização de resíduo de vidro em compósitos cimentícios

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Daniely Cavalcanti Muliterno das Neves
Eliana Cristina Barreto Monteiro

Resumo

O concreto é um material amplamente consumido na construção civil e que apresenta alta resistência à compressão, além de atuar como meio físico protetor das armaduras componentes do concreto armado. A durabilidade das estruturas é um tema bastante relevante para o setor, principalmente quando se considera a agressividade do meio em que as construções estão inseridas. A utilização de resíduos minerais no concreto como substituição parcial de seus componentes é um método que pode reduzir os impactos ambientais, já que ocorre uma maior preservação de jazidas, redução nas emissões de gás carbônico e outros gases intensificadores do efeito estufa, gerados durante a fabricação do cimento Portland e ainda aproveitamento de resíduos gerados pela sociedade, além de apresentar vantagens técnicas e, em alguns casos, econômicas (CORDEIRO, 2006). O vidro é um material formado principalmente por Sílica (SiO2), composto químico encontrado na areia, sua matéria-prima, e seu resíduo pode ser utilizado em diversas áreas da construção civil. Considerando sua composição química, este tipo de vidro pode ser utilizado como material cimentício pozolânico, apresentando pouca ou nenhuma propriedade cimentícia isoladamente, mas, quando moído e na presença de umidade, reagindo quimicamente com hidróxido de cálcio a temperaturas ambientes e formando compostos com propriedades cimentícias (MEHTA E MONTEIRO, 2014). O objetivo desta pesquisa é analisar a influência da substituição parcial do agregado miúdo por resíduo de vidro nas propriedades da argamassa de concreto, buscando verificar a resistência mecânica e o comportamento dos concretos e argamassas quando submetidos a agentes externos do tipo íons cloreto. A metodologia se dá através de revisão sistemática da literatura através da metodologia PRISMA e contextualização dos fatores influentes no comportamento de concretos com resíduo de vidro em sua composição, servindo de base para estabelecer indicadores da viabilidade econômica da utilização desse tipo de material. Bardini e Marchioro (2007) utilizaram o vidro moído substituindo parcialmente do agregado miúdo natural (areia) em proporções de 0, 5, 10, 15 e 20% para a produzir de concreto, obtendo valores acima da média do traço de referência, exceto pelo traço contendo 20%, relacionando esse aumento ao preenchimento dos vazios do concreto. Shao et al. (2000) avaliaram a resistência mecânica de vidro como adição em argamassas através do índice de atividade pozolânica para as granulometrias 150 μm, 75 μm e 38 μm, tendo a última atingido a resistência mínima aos 7 dias de idade e aumentando a resistência mecânica após 21 dias de cura em água. Segundo Compromisso Empresarial para Reciclagem – CEMPRE, a produção anual média do material no Brasil é de 980 mil toneladas, enquanto a taxa de reciclagem deste material corresponde a aproximadamente 47% (CEMPRE, 2011). A utilização de vidro moído na produção de compósitos cimentícios é de suma importância visto que favorece a destinação sustentável para o resíduo e redução do consumo dos demais materiais, quando utilizado em substituição parcial. Os resultados parciais indicam que a utilização de resíduo de vidro em compósitos cimentícios é viável quando se leva em conta os benefícios sociais, ambientais e econômicos que a prática agrega à construção. Estudos comprovam a possibilidade de obtenção de concretos com resistências equivalentes às especificadas em norma, apresentando então uma vantagem técnica. Identifica-se ainda uma vantagem ambiental, uma vez que evitará a disposição do material no meio ambiente e reduzirá a utilização de matérias-primas naturais.
Palavras-chave: Resíduos; Vidro; Compósitos Cimentícios; Sustentabilidade.
 
Referências
 
BARDINI, I. S.; MARCHIORO, T. B. Um estudo exploratório do uso de vidro reciclado como agregado de concretos. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão, 2007.
CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem. Fichas Técnicas – Vidro. 2011.
CORDEIRO, G. C. Utilização de cinzas ultrafinas do bagaço de cana-de- açúcar e da casca de arroz como aditivos minerais em concreto. Tese de doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2006. p. 326-370.
MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: microestrutura, propriedades e materiais. Ibracon, 2014.
SHAO Y, THIBAUT L, SHYLESH M & DAMIAN R. Studies on concrete containing ground waste glass. Cement and Concrete Research, 2000. p. 91- 100.

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Seção
Engenharia Civil