SlumPE: extensão universitária com potencial de reduzir a evasão no curso de engenharia civil

Resumo

A evasão é um fenômeno que ocorre quando alunos abandonam seus estudos independentemente do motivo e impacta não apenas a vida pessoal do aluno, mas toda a sociedade de modo geral, especialmente nas instituições públicas (MUSSLINER et al., 2021). De acordo com dados do Mapa do Ensino Superior do Instituto Semesp (2020), a taxa de evasão no Brasil é bastante alta para instituições públicas e privadas, cerca de 18,5 % em 2018, e também apresenta crescimento na modalidade EAD. As causas e os motivos para esse fenômeno são diversos e vários estudos identificaram pontos como: a questão financeira e a necessidade de trabalhar (PAULA, 2017), a perspectiva de carreira e a identificação com o curso (LIMA et al., 2021), sintomas como a ansiedade, a depressão e o estresse (SAHÃO; KIENEN, 2021), a didática de professores e o sentimento de frustração (VELOSO; COUTO; VALENTIM, 2018), entre outros. A diversidade de razões e fatores que contribuem para a evasão escolar é fortalecida por uma nítida necessidade de mudança no ensino superior no desenvolvimento de habilidades interpessoais e na contextualização com as exigências do mercado de trabalho (DOWNING; OSBORNE, 2017). Diversos métodos existem para melhorar esse cenário e grande parte deles está baseada no princípio de que o aprendizado se desenvolve com os estudantes tendo autonomia e tomando responsabilidade no seu próprio processo de transformação (SIMPSON; BRADLEY; O’KEEFFE, 2018). A Extensão Universitária junto com o Ensino e a Pesquisa formam um tripé do ensino superior que deveria ser indissociável como propõe a Constituição Federal de 1988, mas na prática muitas vezes são tratados isoladamente (SOARES; FARIAS; FARIAS, 2010). Nesse sentido, ela tem como principal objetivo conectar e contextualizar o aluno com a realidade da sociedade, sendo capaz de gerar experiências significativas de aprendizagem por relacionar a teoria com a prática e proporcionar o desenvolvimento de habilidades de convivência coletiva e inclusão social (BRAIDO; CONTO; CERUTTI, 2021). Essas atividades extensionistas ganham força com a aprovação do Plano Nacional de Educação – PNE através da Lei n°13.005 que busca garantir que 10% do total de créditos curriculares dos cursos de graduação sejam dedicados à Extensão (BRASIL, 2014). Portanto, ao considerar o maior interesse no desenvolvimento da Extensão na matriz curricular, a necessidade de mudança do ensino superior e a realidade da evasão dos estudantes, foi realizado um estudo de caso com o SlumPE, grupo de extensão da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco – POLI/UPE, para analisar como o grupo contribuiu para um maior engajamento dos discentes no curso de graduação de engenharia civil e avaliar seu potencial em reduzir a evasão. Através de uma pesquisa quali-quantitativa em formato de questionário aplicado a 146 alunos da instituição pode-se identificar que 77,4% dos alunos já pensaram em desistir do curso, que o ciclo básico e a relação professor-aluno precisam de mais atenção da instituição, e existe uma diferença nítida entre o ambiente acadêmico e o ambiente dentro do grupo de extensão que se mostrou mais acolhedor e eficiente, como mostra o nível de satisfação de 100%. Os resultados mostram que, mesmo durante a pandemia e com atividades paralisadas, o grupo conseguiu impactar os estudantes e comprova o potencial dessa extensão em contribuir com a redução da evasão e com o curso de Engenharia Civil da Instituição.