Avaliação e propostas para sistemas de ancoragem em edifício residencial em Fortaleza
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Resumo
Este trabalho tem por objetivo avaliar o estado de integridade, conformidade e desempenho de sistemas de ancoragem empregados em uma edificação de Fortaleza, à luz das exigências normativas e dos requisitos de gestão de riscos de quedas em trabalho em altura, identificando degradações que caracterizam risco iminente e propondo medidas de engenharia e de gestão para sua eliminação ou redução. A motivação decorre da recorrência de não conformidades em pontos de ancoragem no setor da construção e manutenção predial e do contexto ambiente de Fortaleza, cuja atmosfera marinha e condições climáticas potencializam processos corrosivos e a perda de desempenho de dispositivos metálicos ao longo do ciclo de vida. A metodologia adotada compreendeu: (i) levantamento documental do projeto e registros de instalação, inspeção e manutenção dos pontos de ancoragem; (ii) inspeção visual sistemática em campo com checklist técnico, cobertura fotográfica e classificação de anomalias por tipologia (corrosão, deformação, folgas, fissuração, ausência de identificação/rastreabilidade, fixações inadequadas, incompatibilidade de componentes, ausência de proteção anticorrosiva e de proteção contra borda cortante); (iii) verificação de conformidade com requisitos técnicos aplicáveis e boas práticas de SST no setor da construção (Peinado, 2016; Peinado, 2019), incluindo requisitos de projeto, instalação, uso, inspeção periódica e descontinuação; e (iv) avaliação de risco com base na gravidade da consequência (queda de altura), probabilidade de falha por degradação observada e exposição habitual de trabalhadores, classificando os pontos por níveis de criticidade para priorização de intervenções. Os principais resultados indicam a inexistência ou insuficiência de documentação técnica (projeto, ART e memorial descritivo), ausência de identificação dos pontos e de rastreabilidade de componentes, presença de corrosão generalizada e localizada em olhais, chumbadores e chapas base, fixações com torque insuficiente, uso de elementos de ligação incompatíveis, falhas de proteção contra arestas cortantes e, em alguns casos, indícios de deformações plásticas e perda de seção em componentes críticos, caracterizando risco iminente em parte dos pontos avaliados; constatou-se também a inexistência de um plano de inspeção e manutenção periódica, bem como lacunas na capacitação de usuários sobre critérios de retirada de serviço e sobre o uso correto em conjunto com linhas de vida, talabartes e conectores. As propostas abrangem: substituição dos pontos degradados por sistemas de ancoragem permanentes certificados e adequados ao ambiente marinho (materiais com maior resistência à corrosão, proteção de superfície e detalhamento construtivo que evite acúmulo de água), elaboração/”as built” do projeto com memória de cálculo, identificação individual e registro de rastreabilidade, ensaios de aceitação e de tração quando aplicável, implementação de um plano de inspeção periódica com critérios objetivos de aceitação e descarte, controle de torque e registro fotográfico, além de um plano de manutenção preditiva e preventiva alinhado à gestão de riscos desde a concepção (Valerio et al., 2013). Complementarmente, recomenda-se a padronização de procedimentos de uso, capacitação contínua dos usuários, sinalização dos pontos e integração do sistema de ancoragem ao Programa de Gerenciamento de Riscos da edificação, com indicadores de desempenho e auditorias internas. Conclui-se que, no contexto analisado, a degradação por corrosão e a ausência de gestão do ciclo de vida são os vetores principais que elevam a probabilidade de falha, configurando risco iminente em parcela significativa dos pontos; a adoção de soluções de engenharia compatíveis com o ambiente de exposição, associada a um modelo de gestão integrado e proativo da segurança e saúde no trabalho, é capaz de reduzir o risco a níveis aceitáveis e de aumentar a confiabilidade operacional dos sistemas de ancoragem, contribuindo para a prevenção de acidentes graves e fatais no trabalho em altura (Peinado, 2016; Peinado, 2019; Valerio et al., 2013).
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Seção
Engenharia Civil